A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

domingo, abril 22, 2007


Anotações sobre «50 anos»


Comentário


Talvez um dos aspectos mais significativos que ressalta das iniciativas dedicadas aos 50 anos do Tratado de Roma tenha sido a total ausência de participação popular, quer em Portugal quer nos restantes países da União Europeia (UE).

De facto, os 50 anos de integração capitalista na Europa apenas foram comemorados pelos grandes interesses económico-financeiros e pelas forças políticas que os representam na UE (direita e social-democracia - vulgo «socialistas»).

Tal constatação é tanto mais significativa quanto, no preciso momento em que se procuram (re)impor inaceitáveis evoluções na dita «integração», esta está cada vez mais em contradição com os interesses e aspirações dos diferentes povos dos países da Europa.

Aliás, as forças da política de direita e os grandes interesses económico-financeiros têm plena consciência desta crescente contradição. Daí que o conteúdo da «declaração de Berlim» seja tão só uma descarada operação de manipulação e de instrumentalização dos povos, cujas necessidades básicas não encontram respostas nas políticas e objectivos concretas da UE.

O que pretenderam com tal declaração foi branquear e mistificar as políticas realizadas e promovidas pela União Europeia, como etapa de uma estratégia que procura recuperar os conteúdos essenciais (dizem, até 2009) da já rejeitada «constituição europeia».

Socialismo!

Por muito que alguns o desejem, não é possível escamotear que, após a II Guerra Mundial, com a vitória sobre o nazi-fascismo, verificou-se a afirmação do socialismo e a ascensão de um forte movimento operário, liderado por influentes partidos comunistas na Europa. Na senda da NATO, constituída em 1949 sob o impulso dos EUA, a criação da CEE surgiu igualmente como uma resposta do imperialismo à alteração da correlação de forças que lhe era desfavorável.

Não é possível escamotear igualmente que os grandes avanços e conquistas sociais alcançados pelos trabalhadores no conjunto dos países que optaram pela via socialista, com destaque para a URSS, contribuíram de forma decisiva para o alcance de importantes direitos sociais pelo movimento operário dos países capitalistas. Com igual rigor se pode evocar o papel determinante da URSS e dos países socialistas na contenção da agressividade imperialista e na manutenção da paz na Europa.

Com a derrota das experiências de construção do socialismo na Europa, a integração capitalista europeia saiu do «casulo». Primeiro, metamorfoseou-se de CEE em Comunidades Europeias (CE) e, posteriormente, em UE, lançando-se numa ampla ofensiva para ganhar o terreno anteriormente perdido, bem patente, inclusive, no alargamento para o Leste da Europa.

Fazendo jus às suas origens, a União Europeia protagoniza, na actualidade, um dos maiores ataques de sempre aos direitos e avanços sociais alcançados pelos trabalhadores nos seus diferentes países. Sob a sua batuta, os governos forçam a destruição de direitos laborais e sindicais, promovem a precariedade, o aumento do horário de trabalho e da idade de reforma, a redução dos salários, intensificam o ataque generalizado aos serviços públicos.

A União Europeia participa activamente na escalada militarista, praticando a ingerência, militarizando as relações internacionais, participando directamente ou apoiando ocupações e agressões militares em parceria com os EUA/NATO.

A União Europeia é um projecto antidemocrático que centraliza o poder em instituições dominadas pelas forças de direita e sociais-democratas, irmanadas na defesa dos interesses das grandes potências e dos seus grandes grupos económico-financeiros, procurando assegurar a concertação (hierarquizada) entre o grande capital nos diferentes países e eliminar resistências e obstáculos colocados pela luta consequente dos trabalhadores e dos povos ao nível nacional.

Podem as forças dominantes da integração capitalista europeia mascarar o carácter de classe, explorador, antidemocrático e agressivo das suas políticas e projecto, através das mais bem estudadas palavras e piedosas declarações, que em nada alteram a realidade e as suas profundas contradições.

Podem essas forças tentar fazer crer, até à exaustão, que o capitalismo é inevitável. No entanto, o mais importante ensinamento da história dos últimos 50 anos na Europa é que foi com o socialismo que os trabalhadores e povos da Europa lograram alcançar muitas das suas justas reivindicações e legítimos anseios.


Artigo publicado na Edição Nº1739 AVANTE

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