A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quarta-feira, abril 25, 2007


Abril - Um sonho de memória!

* Manuel Miranda

Já lá vão mais de três décadas. O 25 de Abril aconteceu em 1974. Aquele dia acordou com uma manhã cheia de sonhos. Um povo espezinhado durante meio século acordava para o sonho que generosos militares traziam com armas de paz, com balas que eram cravos vermelhos.

Foi um levantar do chão de um povo humilhado, sem direitos. O sonho libertou os jovens de fazerem uma guerra sem sentido e sem fim. O sonho trouxe a esperança a milhares de cidadãos que tinham saído do país para ganhar a vida, o sonho de voltar à terra mãe, porque cá a terra seria para trabalhar e para produzir pão que matasse a fome. O sonho prometeu que a riqueza seria distribuída com mais justiça e o trabalho dignificado. O sonho prometeu paz, pão, saúde, habitação, e escola sem submissão.

O sonho era grande e a generosidade dos militares parecia infinita.

Ficavam para trás anos de obscurantismo e memórias escuras de um ditador provinciano. Ficava para trás o mapa de um país sem estradas, sem hospitais, sem escolas e os anos de obscurantismo seriam recordados por documentos, num museu de velharias pesadas.

Mas os anos passaram. E os cravos murcharam. Os sonhos de dias de sol tornaram-se sombras de um futuro desconhecido, incerto.

O símbolo das décadas de obscurantismo é o escolhido como figura da nação. Nas terras onde nasceu, fazem-se romagens de saudade, tentando fazer esquecer, recuperar um passado.

As razões são muitas. O sonho está destruído. Hoje, o país é governado por homens que se fizeram políticos sem formação. O país é governado por políticos que desde cedo, jovens ainda sempre se orientaram em função da carreira. Gente medíocre, sem vontade e sem princípios para servir, mas gananciosos e com vontade de serem servidos.

Não temos políticos de causas, temos políticos de carreira.

E o sonho está arruinado. O país que hoje temos não tem as cores do sonho que floriu com Abril. O desemprego grassa. As fábricas fecham e deixam gente jovem sem trabalho com lágrimas de tristeza, porque sempre trabalharam para o engrandecimento da empresa e são, por interesses de mais lucro, atirados para o desemprego, para a inutilidade, descartáveis, inúteis. Jovens para ficarem parados, velhos para começarem nova vida de trabalho.

A saúde que era brilho do sonho, vemos hoje centros de saúde que fecham, maternidades que fecham, urgências hospitalares que fecham, porque os custos, o dinheiro, os lucros, os negócios estão acima, mais importantes que o bem, que a saúde das pessoas. O dinheiro vale mais que as pessoas.

No sonho fazia brilho a liberdade de pensar, de julgar, de falar, mas sentimos e ouvimos que outras censuras mais subtis, mais manhosas, mais dissimuladas se instalaram e silenciam vozes discordantes.

A pobreza cresce e alastra pelo país, mas os lucros, os negócios dos grandes acumulam riquezas sem fim. Nos dias que vivemos, milhares de pessoas que sempre trabalharam são atiradas para a margem do trabalho, sem dinheiro para o pão dos filhos que crescem para um futuro de incertezas, mas ouvimos e lemos que administradores, gerentes e importantes deixam empresas em decadência, mas vão com prémios, indemnizações escandalosas de milhões e já noutros sítios administram outros serviços.

A gamela é grande, mas dela poucos comem.

A corrupção alastra oleosa, sem barreiras que a detenham.

A reforma agrária, que era estrela do sonho de Abril, acabou. Hoje, as terras, onde muita gente sonhou e suou, estão abandonadas ou servem para festanças de gente fina. E o país come do que vem de fora. A terra está abandonada.

O 25 de Abril já lá vai. Foi um sonho. É memória de um sonho. Resta-nos a recordação!...

in PortugalClub

2 comentários:

Anónimo disse...

Façamos Abril de Novo!
Que Abril permaneça sempre nos nossos corações.

Anónimo disse...

Meu caro senhor Miranda,...

Pela forma como fala e como termina referindo-se à Reforma Agraria (isto era como alentejanos - não todos, claro - chamavam a tal Estrela de Abril), o caro amigo ou é do PC ou é simpatizante do PC, só pode.
Se o tonto sistema social-fascista (que muitos tontos e iludidos crismaram, um dia, de comunista) falhou em todo o lado, inclusive no país mais rico do mundo, a Rússia, em recusos de matérias primas e minérios, onde sobra o ouro e o petróleo, e isto durante mais de sessenta anos, como é que iria triunfar aqui, neste pobre cantinho, sem recusos nenhuns, á beira-mar plantado?
Queria que nós fossemos uma coisa assim como a Coreia do Norte, também com um Grande Líder? Se calhar até gostava, não duvido. Felizmente que o desastre do 25 de Abril não nos atirou para isso, embora o iluminado e bem preparado dr. Barreirinhas e sus muchachos bem se tivesse esforçado. Alguns militares acordaram a tempo...
E sabe mesmo o que foi a tal Estrela de Abril, sabe? Pelos visto não sabe, porque se soubesse, estaria mais caladinho do que um rato. O Alentejo - que uma vez ironicamente foi denominado de o Celeiro de Portugal!- só lhe plantavam cereais porque era o mais plano de todos os territórios nacionais, sabia? Se calhar, não. Mas a sua aptidão agrícola era (e continua a ser) pobre. O aluvião (sabe o que isso significa?) tem, na sua maioria, pouco mais de um palmo de altura. Desta forma, um terreno que desse trigo num ano, teria de estar outros três em pousio, senão só a poder de toneladas de fertizantes é que poderia fornecer outra safra no ano seguinte! E por este andar, o trigo ia custar três vezes mais caro. A URSS enviou para os "camaradas" de Reforma Agarra alfaias agrícolas que trabalhavam nos campos da Ucrânia. Mas ali o aluvião tem metros e metros de altura, e as terras chegam a dar várias colheitas por ano! O resultado foi que essas alfaias a trabalhar nos campos alentejanos, reviraram o solo de tal forma que a estreita camada de aluvião (terra arável) foi toda para baixo e para cima trouxeram metros de matacões e terreno argiloso, danificando, de forma irreparável!, milhares de hectares de terrenos! Foi a desertificação! Isto foi o que os tais tão bem preparados como toscos dos seus camaradas conseguiram, entendeu? E assim, não haveriam cantilenas do Zéca Afonso, ou baladas da Brigada Vitor Jara que valessem naquele caso: as terras alentejanas, muitas delas, ficaram boas apenas para coutadas de caça! E se calhar, nem para isso!
Deram cabo do pouco que havia, foi o resultado da tal Estrela de Abril, percebeu? O Alentejo, pelas suas planuras, devia era ser destinado à Pecuária, em boa parte. Assim, com milhares de animais a inundarem de bom estrume aqueles solos, poderia ser que, daqui a um século, já houvesse alguma camada de aluvião que permitisse outras actividades agrícolas.
Mas isto, para quem professa os novos ópios do povo (leia-se Religião Marxista-Leninista) são tudo heresias reaças. E o pior cego, dizem, é aquele que se recusa a ver. Fique-se com essa.

E com ela me vou. Saúde e muita sorte
Com amizade. José Pires

Comentário retirado do PortugalClub