A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sábado, abril 21, 2007


Pior que a escravatura

Autor: R. Mateus
Data: 06-02-2007

«Devemos organizar cada vez mais eficazmente e melhor a protecção das raças inferiores», dizia Salazar em 1933. Os colonialistas portugueses, pela voz de Salazar, diziam caber-lhes uma «missão civilizadora» e declaravam ter tomado «a responsabilidade de conduzir à civilização (…) raças decadentes e atrasadas» (Discurso de 9.11.1957). Mas, porque «a cidadania é um nobre conceito legal e leva séculos a criar um cidadão»(Entrevista ao "New York Times", 31.05.1961), os africanos, na sua quase totalidade, permaneciam à margem da vida política e cultural dos seus países, sendo considerados «não civilizados».

Em 1953, em Angola, em Moçambique e na Guiné, num total de 10.388.360 habitantes, eram considerados «civilizados» apenas 235.629 pessoas, incluindo aqui uma maioria de europeus e uma minoria de «assimilados» negros. Com efeito, os negros «civilizados» eram 30.000 em Angola, 4.350 em Moçambique e 1.500 na Guiné.

Aos europeus e aos poucos assimilados, o Estado colonial reservava todos os privilégios. Quanto ao geral dos africanos não podiam exercer nenhuma actividade de carácter especulativo, não administravam bancos, transportes ou comércio, não dirigiam fábricas ou minas, não geriam plantações. Mantinham a pequena agricultura tradicional, eram obrigados a cultivar determinados produtos como o algodão ou o café e forneciam mão-de-obra escrava.

Henrique Galvão, na altura em que foi deputado na Assembleia Nacional, fez uma intervenção em que afirmava:

«Em certo ponto de vista, a situação é mais grave que a criada pela escravatura pura. Na vigência desta, o negro comprado, adquirido como animal, constituía um bem que o seu “dono” tinha interesse em manter são e escorreito, como tem em manter são e escorreito o seu cavalo ou o seu boi. Agora, o preto não é comprado, é simplesmente alugado ao Estado, embora leve o rótulo de homem livre. E ao patrão pouco interessa que ele adoeça ou morra, uma vez que vá trabalhando enquanto existir – porque quando estiver inválido ou morrer, reclamará outro.

Há patrões que têm 35 por cento de mortos entre o seu pessoal, durante o período do contrato. E não consta que alguém tenha sido privado do fornecimento de mais, quando precisar».

«Espantoso» exemplo da multiracialidade apregoada por Gilberto Freire. Pior que a escravatura, como dizia Henrique Galvão, deputado do regime.

in Jornal de Notícias
imagem -
Painel de Abelardo da Hora, "Hall do Edifício Residencial Valfrido Antunes",
em Recife, Pernambuco, Brasil.

Sem comentários: