A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

segunda-feira, abril 30, 2007

33 anos depois da Revolução de Abril 3/4
Terça-feira Abril 17th 2007


* João Aguiar



Os ataques à Revolução de Abril, sua legitimação ideológica e a quem interessa a contra-revolução

Os objectivos do grande capital português e europeu passam pela destruição absoluta, completa e irreversível de Abril. Lembro apenas as palavras de Champalimaud – o ex-decano do grande capital português – quando há uns anos atrás disse taxativamente que “o 25 de Abril foi a pior coisa que aconteceu em Portugal”. Para que estes propósitos anti-democráticos e anti-populares – que como se pode ver têm uma clara raiz de classe – sejam conseguidos, o grande capital sabe que não basta apenas contar com a crescente exploração que o patronato submete os trabalhadores no local de trabalho, nem a colaboração activa dos governos PS e PSD (com ou sem CDS). A ofensiva ideológica é das frentes mais importantes e o capital sabe disso melhor do que ninguém. Por exemplo, em Portugal é raro o grande meio de comunicação social (televisão, rádio ou jornal) que dê lucro ou pelo menos que este seja significativo. Pode-se então perguntar como empresários tão “empreendedores” e “dinâmicos” como Belmiro de Azevedo ou Pinto Balsemão sujeitam-se a perder milhões de euros no negócio dos mass media. Ora, eles fazem isso porque o aparato mediático e (des)informativo é uma peça essencial nos mecanismos de reprodução do poder político e económico da classe dominante. Daí que os milhões e milhões perdidos em investimentos na comunicação social tenham um valioso retorno ao nível da manipulação e adormecimento político das massas populares. Desde opinion-makers de paupérrimo nível intelectual, passando pelas teses de académicos que pretendem branquear a natureza fascista do Estado Novo, até ao desenvolvimento de discursos simplistas baseados na acusação e condenação da Revolução de Abril como pretensa causa para os males do país, muito tem sido feito pelos aparelhos ideológicos do grande capital para que o povo português – designadamente as jovens gerações – descarte as conquistas de Abril. Um exemplo. Ouve-se por vezes dizer que a culpa da difícil situação actual em que vivem os trabalhadores portugueses está no 25 de Abril e no que o processo revolucionário teria implicado na “rigidez” das leis laborais e “privilégios” concedidos aos trabalhadores ou no peso pretensamente excessivo da máquina do Estado e nos direitos que teriam feito dos funcionários públicos uns “parasitas” e uns “privilegiados” da sociedade portuguesa. Deste discurso batido todos os dias nos meios de comunicação social, deriva um outro ainda mais pernicioso que é transmitido e apropriado por franjas da população mais despolitizadas: “no tempo do Salazar é que era bom”. Este discurso simplista, linear e deturpado não é só apanágio dos saudosistas do regime fascista mas tem aceitação em camadas populares desfavorecidas e com pouca consciência política e social. Evidentemente não são estas franjas da população que produzem este discurso. As difíceis condições de vida, a proliferação de fenómenos de pobreza e de exclusão social, a desagregação de ambientes populares e operários comunitários e a falta de ligação ao movimento sindical são factores que, no seu conjunto, abrem portas para a penetração de tais tipos de discursos. Por aqui se percebe a tentativa dos sectores mais obscurantistas e reaccionários do capital em instrumentalizar parte do povo português, levando à letra o velho ditado do “dividir para reinar”, patente nas divisões que pretendem criar entre trabalhadores do sector privado e do Estado, trabalhadores efectivos e precários, trabalhadores portugueses e imigrantes, trabalhadores sindicalizados e não sindicalizados, trabalhadores empregados e desempregados. Tudo isto com o intuito de desorganizar política e ideologicamente a classe trabalhadora no seu todo e assim legitimar e prosseguir a ofensiva contra o que resta de mais fecundo das conquistas de Abril, inclusive a democracia política.

Há que manter a vigilância e enquanto Partido conseguirmos divulgar ainda mais os nossos materiais de propaganda junto das camadas mais pobres do operariado que pela sua situação são mais vulneráveis às falácias e mentiras da burguesia. Em simultâneo com o reforço imensamente positivo que o Partido vem prosseguindo ao nível da organização nas empresas e locais de trabalho, é vital ligar o Partido às camadas do que Marx chamava de exército industrial de reserva. Os desempregados de longa duração em Portugal atingem números assustadores (em finais de 2004 o seu número atingia quase 180 mil segundo estudo do economista Eugénio Rosa; hoje será seguramente bem maior o número de desempregados de longa duração). Esta é uma faixa extensa da classe trabalhadora que não tem ligação aos seus camaradas de classe no local de trabalho. Daí que seja importante que consigamos criar grupos unitários que a partir dos seus sentimentos e aspirações mais básicos e concretos lhes permita participar mais activamente na luta mais geral contra o governo PS/Sócrates e sua ofensiva política de classe. O desenvolvimento do movimento associativo (comissões de bairro, moradores, associações populares desportivas, recreativas e culturais, etc.) junto de camadas populacionais atingidas pelo desemprego de longa duração ou persistente, é uma frente importante e que pode ser uma via para canalizar massas de desempregados para o movimento central e nuclear que é a luta operária e sindical.

http://asvinhasdaira.wordpress.com/

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