Comunistas e sindicalistas foram as primeiras vítimas do nazismo |
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| A recente tentativa falhada da realização em Lisboa de um encontro de neofascistas europeus veio mais uma vez alertar para o perigo real da proliferação de partidos e organizações que perfilham doutrinas fascistas, racistas e xenófobas. Apesar da recente declaração em contrário da UE em Berlim, é exactamente nos países que dominam a União Europeia que a extrema-direita avança e se reforça mais rapidamente. Na Alemanha, só desde a unificação, já foram assassinadas em atentados racistas 135 pessoas. Muitas das vítimas são mulheres e crianças de outras etnias e religiões, queimadas vivas em incêndios ateados por grupos neonazis, alguns deles com ligações não esclarecidas a estruturas policiais estatais. Pela brutalidade e violência, o neonazismo alemão projecta-se nos países do Leste, devastados pela contra-revolução, pela reconstituição do poder do grande capital e pelo obscurantismo revanchista.
Hoje, e por enquanto, o imperialismo para garantir a aliança com a social-democracia, apresenta-se oficialmente como «antifascista», promotor da «democracia». Reduz o nazismo à loucura de um ditador e à componente racista, escondendo o carácter de classe da ditadura terrorista dos monopólios. Os povos e as novas gerações não devem saber que foram os grandes banqueiros e industriais, os Siemens, os Thyssens, os Krupps que levaram Hitler e a doutrina da «raça superior» ao poder. Não devem saber que comunistas e sindicalistas foram as primeiras vítimas do nazismo. Estes factos históricos têm de ser silenciados, pois pertubariam o actual processo de reconstrução mundial do poder totalitário do grande capital.
O mesmo é válido para as mentiras da guerra «humanitária», do «combate ao terrorismo» com que se procura justificar o saque imperialista mundial. Logo que a política de direita da social-democracia se tiver esgotado, ou impedido qualquer alternativa de esquerda, atirando com os sectores menos conscientes das classes laborais e das classes médias para os braços da extrema-direita, o capital não perdoará a ocasião. As doutrinas obscurantistas e racistas servem em primeira linha para ilibar o capitalismo, confundir e encobrir as verdadeiras causas do desemprego, da exploração, da miséria, da opressão e da guerra. A sua função é tentar impedir que a juventude e as massas populares ganhem consciência da necessidade de se encontrar uma alternativa ao sistema vigente.
Enquanto existir o imperialismo, o fascismo manter-se-á como um seguro de vida do grande capital, como reserva ideológica e arsenal terrorista, sempre pronto, nos momentos de crise, a assegurar a continuidade do poder repressivo dos monopólios.
Na Alemanha, cerca de um terço dos dirigentes do mais influente partido neonazi, o NPD, mantém ligação ao Ministério do Interior, o que, ainda não há muito tempo, provocou a anulação de um processo de interdição daquele partido pelo Tribunal Constitucional de Karlsruhe. Na Itália, o grande capital conduzido por Berlusconi, o amigo preferencial de Bush, conseguiu reabilitar e levar para o Governo, os sucessores de Mussolini, a Aliança Nacional de Fini e o partido racista Liga-Norte. Na França, durante vários anos, o racista Le Pen obteve significativas votações nas eleições presidenciais.
A ideologia de que não há alternativa para a guerra, para as privatizações e para a liquidação dos direitos sociais e laborais, reforça o poder antidemocrático e incontrolável do grande capital e abre espaço para o alastrar de ideologias fascistas, racistas e xenófobas.
Compete aos comunistas, enquanto força profundamente consciente e conhecedora do processo histórico, das verdadeiras causas do fascismo e das suas consequências terríveis para a humanidade, esclarecer, resistir e juntamente com a classe operária e todas as camadas antimonopolistas lutar por uma verdadeira alternativa ao capitalismo. Lutar pelo socialismo.
in AVANTE 2007.04.26
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