A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quinta-feira, abril 26, 2007



Abril

* Maria Lúcia Garcia Marques


Não fora o 25 e Abril seria um mês frágil, de ventinhos ariscos secando suas águas mil, um mês impaciente, a ver botar corpo a Primavera.
Não fora o 25 e Abril seria um mês pachola, a dar cumprimento ao adagiário:
“As manhãs de Abril são doces de dormir”
ou “Sono de Abril deixa teu filho dormir”.
Não fora o 25 e Abril continuaria caseiro e rústico a preconizar-se, tradicionário:
“Abril frio e molhado, enche o celeiro e farta o gado”.

Mas foi o 25 – e o grito libertário.
E o 25 bateu forte: virou o curso e o discurso, foi um brado, um suspiro, uma agressão – um punho ao alto, uma canção. Na manhã alvoroçada mudou tudo, quando já nada era de vontade, mas apenas hábito, orfandade, deserção ... Virou-se o mundo do avesso, como luva muito usada. Armou-se o circo da(s) liberdade(s). Fez-se vertiginoso o regresso ao Futuro finalmente recuperado.
E houve de tudo na feira agora franca: uma alegria vermelha transluzente de par com silêncios prudentes, a espreitar as novidades.
Éramos novos! E não sabíamos quão pesada nos seria a herança da(s) memória(s)! Era ainda o tempo-das-cerejas, do rubro sumo das promessas – um tempo aberto, às escâncaras, na sôfrega inspiração dos novos ares.
Mas envelheceram os dias e foi-se decantando o vinho da vitória.
O 25 de hoje já fez história – seis nações novas no curriculum e uma geração inteirinha cá por casa. Porém, regressados todos nós à velha Europa, atrasámo-nos no caminho. O mundo pula e avança mas não somos mais crianças e a bola colorida vai perdendo a sua mágica.
Foi o tempo da “passagem”. É o que “páscoa” quer dizer. E Abril é mês das Páscoas (das ressurreições e das aleluias), e talvez que, mesmo entre prós e contras, feitas as contas, ainda seja verdade o que o ditado diz: “Antes a estopa de Abril que o linho de Março”.


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Building a rainbow, de Tito Salomini

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