Economia
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Eis o que está vindo por aí nas notícias econômicas: O próximo relatório sobre emprego pode mostrar que a economia está criando postos de trabalho pela primeira vez em dois anos. O próximo relatório do Produto Interno Bruto (PIB) deve apontar um crescimento sólido no final de 2009.
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Por Paul Krugman, do The New York Times, na Terra Magazine
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Haverá comentários otimistas - e os apelos que já estamos ouvindo por um fim ao estímulo econômico, pela reversão dos passos que o governo e o Fed (Banco Central norte-americano) estão tomando para impulsionar a economia, vão se tornar ainda maiores.
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Mas, se esses apelos forem considerados, estaremos repetindo o grande equívoco de 1937, quando o Fed e a administração Roosevelt decidiram que a Grande Depressão havia acabado e que já era hora de a economia jogar fora suas muletas. Os gastos foram cortados, a política monetária foi apertada, e a economia imediatamente mergulhou de novo nas profundezas.
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Isso não deveria estar acontecendo. Tanto Ben Bernanke, o presidente do Fed, quanto Christina Romer, que lidera o Conselho de Assessores Econômicos do presidente Barack Obama, são estudiosos da Grande Depressão. Cristina foi explicitamente alertada contra a possibilidade de reeditar os acontecimentos de 1937. Porém, aqueles que lembram o passado ainda assim o repetem algumas vezes.
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Quando você ler as notícias econômicas, será importante lembrar, em primeiro lugar, que blips de crescimento - números positivos ocasionais, que não significam nada - são comuns mesmo quando a economia está, de fato, atolada em uma recessão prolongada. No início de 2002, por exemplo, os relatórios iniciais mostraram que a economia crescia a uma taxa anual de 5,8%. Mas a taxa de desemprego se manteve em alta por mais um ano.
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E, no início de 1996, relatórios preliminares mostraram que a economia japonesa crescia a uma taxa anual de mais de 12%, o que levou a declarações triunfantes de que "a economia finalmente entrou em uma fase de recuperação autoimpulsionada". Na verdade, o Japão estava apenas no meio do caminho de uma década perdida.
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Esses blips são frequentes, em parte, são ilusões estatísticas. Porém - o mais importante -, eles são normalmente causados pela venda de produção estocada. Quando a economia está em declínio, as empresas tipicamente se vêem com enormes estoques de produtos não vendidos. Para desovar esses estoques, elas reduzem a produção; assim que se desfazem do excesso, voltam a elevar a produção, o que aparece como um surto de crescimento do PIB. Infelizmente, o crescimento causado por esse ajuste de estoques só ocorre uma vez, menos que dê respaldo às fontes de demanda, como os gastos dos consumidores e o investimento de longo prazo.
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O que nos leva aos ainda amargos fundamentos da situação econômica.
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Durante os bons anos da década passada, o crescimento foi impulsionado por um boom imobiliário e por uma explosão de gastos dos consumidores. Nenhum dos dois fatores ocorrerá novamente. Não poderá haver um novo boom imobiliário enquanto a nação ainda estiver cheia por casas vazias e apartamentos deixados pelo boom anterior, e os consumidores - que estão US$ 11 trilhões mais pobres do que antes - não estão em posição de retomar os antigos hábitos de "compre agora, poupe jamais".
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O que nos resta? Um boom nos investimentos seria realmente útil neste momento. Mas é difícil visualizar de onde viria: a indústria está nadando em excesso de capacidade, e os aluguéis comerciais enfrentam uma enorme oferta de espaços para unidades de negócios.
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As exportações podem ser a salvação? Por um tempo, o déficit comercial em queda dos Estados Unidos ajudou a amortecer o colapso da economia. Mas o déficit está crescendo novamente, em parte porque a China e outros países superavitários se recusam a acomodar suas moedas.
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Por isso, provavelmente, qualquer notícia econômica positiva que você ouvir no futuro próximo será um blip, não uma indicação de que estamos no caminho da recuperação sustentada. Mas será que os responsáveis pela política interpretarão mal as notícias e repetirão os erros de 1937? Na verdade, eles já estão repetindo.
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Espera-se que o estímulo fiscal do presidente Obama tenha um efeito de pico sobre o PIB e o emprego por volta da metade deste ano e, depois, comece a arrefecer. Ainda é muito cedo. Por que retirar o apoio financeiro diante da contínua massa de desempregados? O Congresso deveria ter colocado em prática uma segunda etapa de estímulo há meses atrás, quando se tornou claro que a recessão seria mais profunda e longa do que o previsto inicialmente. Porém, nada foi feito - e os números positivos ilusórios que estamos prestes a ver provavelmente frustrarão qualquer possibilidade de ação.
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Enquanto isso, todo o discurso no Fed é sobre a necessidade de uma "saída estratégica" a partir de seus esforços de apoio à economia. Um desses esforços, a compra de títulos de dívida de longo-prazo do governo dos Estados Unidos, já chegou a um final. Também se espera que as aquisições de títulos lastreados em hipotecas terminem dentro de poucos meses. Isso significa um aperto monetário, mesmo que o Fed não aumente as taxas de juros diretamente - e há uma enorme pressão sobre Bernanke para que faça isso.
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O Fed entenderá - antes que seja tarde - que a tarefa de lutar contra a recessão ainda não terminou? O Congresso se dará conta disso? Caso não, 2010 será um ano que terá começado com falsas esperanças econômicas e terminado em aflição.
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Paul Krugman é economista, professor da Universidade de Princeton e colunista do The New York Times. Ganhou o prêmio Nobel de economia de 2008. Artigo distribuído pelo New York Times News Service.
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Mas, se esses apelos forem considerados, estaremos repetindo o grande equívoco de 1937, quando o Fed e a administração Roosevelt decidiram que a Grande Depressão havia acabado e que já era hora de a economia jogar fora suas muletas. Os gastos foram cortados, a política monetária foi apertada, e a economia imediatamente mergulhou de novo nas profundezas.
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Isso não deveria estar acontecendo. Tanto Ben Bernanke, o presidente do Fed, quanto Christina Romer, que lidera o Conselho de Assessores Econômicos do presidente Barack Obama, são estudiosos da Grande Depressão. Cristina foi explicitamente alertada contra a possibilidade de reeditar os acontecimentos de 1937. Porém, aqueles que lembram o passado ainda assim o repetem algumas vezes.
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Quando você ler as notícias econômicas, será importante lembrar, em primeiro lugar, que blips de crescimento - números positivos ocasionais, que não significam nada - são comuns mesmo quando a economia está, de fato, atolada em uma recessão prolongada. No início de 2002, por exemplo, os relatórios iniciais mostraram que a economia crescia a uma taxa anual de 5,8%. Mas a taxa de desemprego se manteve em alta por mais um ano.
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E, no início de 1996, relatórios preliminares mostraram que a economia japonesa crescia a uma taxa anual de mais de 12%, o que levou a declarações triunfantes de que "a economia finalmente entrou em uma fase de recuperação autoimpulsionada". Na verdade, o Japão estava apenas no meio do caminho de uma década perdida.
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Esses blips são frequentes, em parte, são ilusões estatísticas. Porém - o mais importante -, eles são normalmente causados pela venda de produção estocada. Quando a economia está em declínio, as empresas tipicamente se vêem com enormes estoques de produtos não vendidos. Para desovar esses estoques, elas reduzem a produção; assim que se desfazem do excesso, voltam a elevar a produção, o que aparece como um surto de crescimento do PIB. Infelizmente, o crescimento causado por esse ajuste de estoques só ocorre uma vez, menos que dê respaldo às fontes de demanda, como os gastos dos consumidores e o investimento de longo prazo.
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O que nos leva aos ainda amargos fundamentos da situação econômica.
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Durante os bons anos da década passada, o crescimento foi impulsionado por um boom imobiliário e por uma explosão de gastos dos consumidores. Nenhum dos dois fatores ocorrerá novamente. Não poderá haver um novo boom imobiliário enquanto a nação ainda estiver cheia por casas vazias e apartamentos deixados pelo boom anterior, e os consumidores - que estão US$ 11 trilhões mais pobres do que antes - não estão em posição de retomar os antigos hábitos de "compre agora, poupe jamais".
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O que nos resta? Um boom nos investimentos seria realmente útil neste momento. Mas é difícil visualizar de onde viria: a indústria está nadando em excesso de capacidade, e os aluguéis comerciais enfrentam uma enorme oferta de espaços para unidades de negócios.
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As exportações podem ser a salvação? Por um tempo, o déficit comercial em queda dos Estados Unidos ajudou a amortecer o colapso da economia. Mas o déficit está crescendo novamente, em parte porque a China e outros países superavitários se recusam a acomodar suas moedas.
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Por isso, provavelmente, qualquer notícia econômica positiva que você ouvir no futuro próximo será um blip, não uma indicação de que estamos no caminho da recuperação sustentada. Mas será que os responsáveis pela política interpretarão mal as notícias e repetirão os erros de 1937? Na verdade, eles já estão repetindo.
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Espera-se que o estímulo fiscal do presidente Obama tenha um efeito de pico sobre o PIB e o emprego por volta da metade deste ano e, depois, comece a arrefecer. Ainda é muito cedo. Por que retirar o apoio financeiro diante da contínua massa de desempregados? O Congresso deveria ter colocado em prática uma segunda etapa de estímulo há meses atrás, quando se tornou claro que a recessão seria mais profunda e longa do que o previsto inicialmente. Porém, nada foi feito - e os números positivos ilusórios que estamos prestes a ver provavelmente frustrarão qualquer possibilidade de ação.
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Enquanto isso, todo o discurso no Fed é sobre a necessidade de uma "saída estratégica" a partir de seus esforços de apoio à economia. Um desses esforços, a compra de títulos de dívida de longo-prazo do governo dos Estados Unidos, já chegou a um final. Também se espera que as aquisições de títulos lastreados em hipotecas terminem dentro de poucos meses. Isso significa um aperto monetário, mesmo que o Fed não aumente as taxas de juros diretamente - e há uma enorme pressão sobre Bernanke para que faça isso.
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O Fed entenderá - antes que seja tarde - que a tarefa de lutar contra a recessão ainda não terminou? O Congresso se dará conta disso? Caso não, 2010 será um ano que terá começado com falsas esperanças econômicas e terminado em aflição.
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Paul Krugman é economista, professor da Universidade de Princeton e colunista do The New York Times. Ganhou o prêmio Nobel de economia de 2008. Artigo distribuído pelo New York Times News Service.
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