Crime de lesa-pátria
Dia a Dia
* Eduardo Dâmaso
O retrato da desorganização dos serviços académicos é devastador. O não reconhecimento de cursos, a pesca à linha de famosos, políticos, jornalistas, advogados e magistrados, entre outros profissionais unidos apenas por dois traços característicos, notoriedade e influência, não importando qualidades em matéria de docência, ajudam a compor um cenário degradante.
Mas verdadeiramente lamentável é o silêncio conivente de todos os Governos e estruturas do Estado que depois do caos da Moderna não triplicaram a exigência e a fiscalização no Ensino Superior privado. Vivemos hoje o resultado de políticas verdadeiramente desastrosas no Ensino que têm vinte anos e só serviram para degradar as universidades públicas e não criaram níveis mínimos de excelência no privado, exceptuando obviamente a Universidade Católica.
Os autores deste desastre não devem aparecer agora a verter lágrimas de crocodilo, mas sim, se houvesse vergonha neste país, a pedir desculpas aos milhares de famílias que pouparam uma vida inteira para poder dar um canudo aos filhos. Este sim, é um crime de lesa-pátria!
in CORREIO DA MANHÃ 2007.04.15
Independente: As razões que levam o ministro a encerrar
Tutela não reconhece doutoramento de reitor
* Edgar Nascimento
Esta é uma das conclusões apontadas pela Inspecção-Geral do Ensino Superior (IGES) no relatório do processo de encerramento compulsivo da UnI. Segundo a edição de ontem do jornal ‘Sol’, os inspectores detectaram falhas na concessão de equivalências, nomeadamente na atribuição de equivalências a cinco alunos da Administração Regional e Autárquica, curso que só existe naquela universidade.
A equipa reitoral “não assegura a necessária credibilidade académica”. O facto do vice-reitor Carvalho Rodrigues trabalhar fora do País, também mereceu reparos, designadamente por “não poder assegurar o efectivo exercício das funções”.
O corpo docente, refere o relatório da inspecção, não assegura “na maioria dos cursos, as qualificações académicas legalmente exigidas”, existindo mesmo sete professores “apresentados como doutores” mas que “não têm registo ou equivalência em universidade portuguesa”. O Conselho Científico não é composto exclusivamente por doutores, o que viola o estabelecido na lei.
Os próprios serviços da Universidade, indica o relatório, “não dispõem de processos individuais de oito docentes propostos para leccionar unidades de crédito aos vários cursos, o que impossibilitou a verificação das suas habilitações ou mesmo da sua efectiva vinculação à universidade”.
A “degradação pedagógica” que esteve na origem da decisão de encerramento decretada pelo ministro Mariano Gago, ficou a dever-se à situação “calamitosa” em que se encontra a Sides, instituidora da UnI. Os inspectores acrescentam que as actividades lectivas “continuam a funcionar irregularmente, sendo afectadas pelas mudanças de docentes, clima de instabilidade vivido nas instalações, realização de reuniões gerais de estudantes e notícias contraditórias relativamente ao calendário escolar”. A UnI tem até sexta-feira para contestar as conclusões do relatório da IGES.
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