A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

segunda-feira, abril 09, 2007

Páscoa - Compasso é tradição nas aldeias e cidades
Mais de dez mil cruzes vão de porta em porta


Secundino Cunha, Braga
Fotografia -
Jordi Burch

As ruas e as entradas das casas apresentam-se enfeitadas com verdura e cobertas com tapetes de flores e plantas aromáticas (alecrim, rosmaninho e hortelã silvestre).

Sobre a mesa da sala é colocado um crucifixo, ladeado por castiçais e jarras com flores, juntamente com as ofertas e os bolos, frutos, queijos e pão-de-ló. Há também ovos tingidos ou decorados, tudo preparado para um pequeno brinde para todos os que integram o compasso, para a família da casa e convidados.

“Aleluia, aleluia, Cristo ressuscitou, aleluia”, diz o sacerdote, enquanto asperge água benta e o mordomo dá a cruz a beijar, dos mais velhos para os mais novos.

Os que pedem para S. Pedro, S. Paulo e lugares santos recolhem as esmolas e o envelope com o folar para o padre. O rapaz que leva o pé da Cruz coloca-o em cima da mesa para que o mordomo descanse e possa comer um doce e beber um copo.

É assim em muitas casas nas aldeias, mas menos nas cidades. Nos apartamentos, os que abrem a porta, beija-se a cruz e deseja-se boa Páscoa, sem os comes e bebes típicos das aldeias. Em terras do Minho e Trás-os-Montes até é costume oferecer um cálice de aguardente.

Depois há os foguetes, que dão uma ideia do andamento do compasso e o toque dos sinos, na saída e no recolher da Cruz.

Estima-se que hoje, em algumas terras amanhã e noutras no domingo de Pascoela, cerca de dez mil cruzes visitem mais de um milhão e meio de lares. Cada cruz, nas aldeias, visita entre cem e duzentas casas. Nas cidades chegam a entrar em 300 apartamentos.

TRADIÇÕES POPULARES DO COMPASSO

VALENÇA

Os párocos de Cristelo Côvo, Valença, e de Sobrado, Tui, Galiza, dão amanhã, por volta das 18h00, exemplo do bom relacionamento transfronteiriço, atravessando o rio Minho de barco, para dar a Cruz a beijar na outra margem.

NOVA PONTE

Os carros ainda não passam, mas já se atravessa a pé. Hoje, às 15h00, os mordomos das freguesias de Valbom (Vila Verde) e Souto (Terras de Bouro) dão a Cruz a beijar no meio da nova ponte, como acção de graças pela união das freguesias.

TRÊS ABADES

Os compassos pascais das freguesias de Vila de Punhe, Barroselas e Mujães, no concelho de Viana do Castelo, encontram-se amanhã na Mesa dos Abades, situada no Largo das Neves, cumprindo-se uma tradição de tempos antigos.

in CORREIO DA MANHÃ - 2007.04.09

S. Brás de Alportel - Tochas saem à rua em dia de Páscoa
Milhares de flores alegram procissão

Ana Isabel Coelho

A chuva que caiu ontem à tarde, acompanhada de trovoada, não desmobilizou os cerca de 60 voluntários são-brasenses empenhados nos últimos preparativos da Festa das Tochas Floridas. Para a cerimónia, que se realiza hoje de manhã, foram colhidas milhares de flores campestres, que irão cobrir as ruas da vila por onde passará a procissão.

“A chuva não impede que se trabalhe. Mesmo que continue a chover vamos colocar as flores na rua. Acredito que à hora da procissão vai fazer sol. Será a recompensa por estes dias de trabalho”, acredita Helena Belchior, que há cerca de 20 anos colabora na organização de um dos maiores cartazes turísticos de S. Brás de Alportel.

Ontem ainda se seleccionavam as cerca de duas toneladas de flores que irão “maravilhar” os milhares de visitantes. “Desde segunda-feira que apanhamos flores no campo: rosmaninhos, malmequeres, funcho, alecrim e hera”, revela Maria Martins, que há dez anos ajuda a separar flores para as molduras coloridas que embelezam as ruas.

Muitos dos participantes dormiram poucas horas nas últimas noites. Como Filipe Sádio, 18 anos, que irá decorar a Rua de Tavira, uma das artérias por onde passa a procissão. “Vamos dormir até às 04h00 e a partir dessa hora começamos a colocar as flores para conseguirmos ter tudo feito pela manhã”, revela o estudante, para acrescentar: “Esta festa é um símbolo da minha terra, espero que nunca acabe.”

AGUARDENTE NO CORTEJO

A Procissão de Aleluia que hoje percorre as ruas de S. Brás de Alportel a partir das 11h30 (uma hora antes é celebrada missa na Igreja Matriz), é marcada pela ornamentação das artérias com milhares de flores. Os homens da terra, que integram a procissão encabeçada por jovens, transportam as tochas, também elas feitas de flores campestres.

Envergando opas brancas, gritam em coro “Ressuscitou como disse, Aleluia!” É a manifestação popular de fé em Cristo ressuscitado. Para aclarar a garganta, manda a tradição que vão bebendo aguardente ou uísque e passando a garrafa uns pelos outros. “Ficam mais ‘quentes’. Dá-lhes alegria e força para cantar”, admite Helena Belchior.

in CORREIO DA MANHÃ 2007.04.08

Sem comentários: