A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sábado, agosto 18, 2007

Crónicas do Novo Mundo - As gramáticas e o poder


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* F. Falcão Machado,
Embaixador de Portugal no México
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Em 1492, dirigindo- -se à rainha Isabel, a Católica, o filólogo espanhol Antonio de Nebrija afirmava: “Siempre la lengua fue compañera del Imperio.” Ora, esta máxima não passaria de um mero truísmo se não proviesse de um notável humanista do Renascimento e autor da primeira “Grammatica da Lengua Castellana”, que então surgia. Não deixa, aliás, de ser intrigante que a publicação daquela mesma “Grammatica” houvesse antecedido de poucos meses quer a chegada de Cristóvão Colombo ao continente americano, quer a reconquista do reino de Granada e a expulsão definitiva dos mouros da Península Ibérica.
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De facto, o processo dos descobrimentos e conquistas levado a cabo nos séculos XV e XVI por Portugal e por Castela não se limitava a meras operações militares de ocupação. A ‘conquista cultural’ (num sentido que nos faria lembrar as teorias de Antonio Gramsci) estava também presente não só devido ao propósito de propagação da Fé cristã, que desde sempre animou a Igreja, mas também porque o espírito humanista que começava a despontar na Europa atiçava a vontade dos descobridores de conhecerem e compararem as novas culturas que os surpreendiam.
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Compreende-se, assim, que para ambas as Coroas – coadjuvadas pelo trabalho das ordens religiosas, que acompanhavam o processo colonizador a par e passo – constituísse igualmente um objectivo estratégico importante divulgar, se não mesmo impor, os respectivos idiomas e aprender os falares locais.
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E que se fez nessa época do lado português?
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A primeira ‘Grammatica da lingoagem portuguesa”, da autoria de Fernão de Oliveira, apareceu no ano de 1536. Poucos anos volvidos, em 1540, João de Barros publicaria também a sua “Grammatica da lingua portuguesa”. Até aí a linguagem culta e oficial utilizava o Latim. É neste período, tão fecundo tanto em expansão marítima como em produção literária de qualidade, que se ganha consciência do imenso poder cultural da nossa língua e das consequências políticas que se lhe associavam.
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in Correio da Manhã 2007.08.16

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