* Carlos de Abreu e Amorim
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Foram eles, os estatistas, os que nos governaram nas últimas décadas, os fazedores deste Estado Fiscal, os que reduziram o cidadão à condição de mero contribuinte, foram eles que nos trouxeram à triste situação em que estamos.
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Não tenho qualquer dever de solidariedade em relação a este Estado que não se porta como pessoa de boa-fé, que não cumpre, que me engana e que nem por instantes pensa em assumir a responsabilidade pelos seus enormes erros.
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Não é por acaso que em 2006 emigraram cerca de 100 000 portugueses: estão a ‘votar com os pés’. Cada vez mais gente da minha geração fala em deixar este País – e tem razão, porque os vícios de quem nos governa estão para além da correcção e da redenção.
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A única curiosidade de 2007 é vermos no fim do ano quantos dos novos países da UE nos ultrapassaram nos índices de desenvolvimento.
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in Correio da Manhã 2007.08.16
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NOTA -
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* Victor Nogueira
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O jovem que escreveu o artigo acima transcrito só não tem culpa se nunca tiver votado no alterne PS/PSD, arrimados ao CDS quando necessário. Por acaso ou não, no tempo da outra senhora, também havia grandes contingentes emigratórios, um para fugir da MISÉRIA SALAZARENTA, do Estado Velho, e outro para fugir à guerra colonial, de participação OBRIGATÓRIA. Os salários eram baixos, não havia Serviço Nacional de Saúde, a maioria ficava-se pelo analfabetismo ou a 4ª classe, moravam em barracas ou túgurios sem instalações sanitárias, sem água canalizada, sem electricidade. A esmola ou a sopa dos filhos ou dos pobres era o destino dos velhotes, porque não havia reforma para a maioria, quando não o enforcamento dos alentejanos num ramo duma azinheira ou dum sobreiro. Poucos tinham direito a férias, a maioria dos partos eram feitos com a assistência duma «curiosa», as regentes escolares mal sabiam ler e escrever que para o povo chegava saber ler, contar e empinar a gloriosa história Pátria dum inexistente Portugal do Minho a Timor. E havia grandes fortunas que aguentaram na maioria os anos da brasa e depois voltaram, mas sem voltarem com uma mão à frente e outra atrás, como a maioria dos emigrantes. Ah ! e havia preços controlados dos bens de 1ª necessidade, para almofadar eventuais explosões populares que a secreta PVDE/PIDE/DGS, com a ajuda da bufaria, não conseguisse abafar a tempo. Para muitos, só se ganhava quando havia trabalho e a jornada de sol a sol nos campos alentejanos só acabou depois de duras lutas dos assalariados rurais. E só se ganhava quando havia trabalho e, se fosse em campo aberto, se estivesse bom tempo.
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Depois os direitos ao trabalho, sociais, económicos, culturais, habitacionais, à escolaridade, etc, etc, resultaram das lutas post- 25 de Abril 1074. Para sustentá-los, era preciso que o Estado controlasse os sectores estratégicos da economia, planificada, e que quem mais tem mais pagasse. Mas é o contrário que sucede desde a vitória do PS, graças a um um grande e velho pinóquio, como já se vira nas «eleições» de 1969, durante a chamada «primavera marcelista», que pretendia que alguma coiasa mudasse para que tudo continuasse como sempre.
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