A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quarta-feira, agosto 15, 2007

Coisas do Dinheiro


O bom senso de separar os ovos
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* Armando Esteves Pereira,
Director-Adjunto
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Por causa de uma crise americana, milhares de famílias portuguesas vão pagar mais juros.
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Há um velho ditado sobre aplicação de poupanças que avisa para não se colocarem todos os ovos no mesmo cesto. A devastação provocada nos mercados financeiros mundiais por causa da crise do crédito hipotecário nos Estados Unidos vem mais uma vez provar as virtudes deste sábio conselho. As aplicações de risco dão maior rentabilidade, mas quem não tem perfil para risco, é melhor evitar uma grande exposição a todos estes produtos. Não ganha tanto quando as coisas correm bem, mas evita sobressaltos quando os títulos baixam. E como provou o congelamento dos fundos expostos ao mercado hipotecário americano do BNP Paribas, não são só as acções títulos de risco, os fundos que os portugueses começaram a subscrever em grande volume, à procura de um rendimento mais compensador que os habituais depósitos a prazo, também podem ter uma componente de risco. E num mercado pouco habituado a estas flutuações é obrigação dos intermediários financeiros alertar os clientes para o nível de risco de cada aplicação.
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A VANTAGEM DO FIM-DE-SEMANA
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Felizmente as bolsas ocidentais estão fechadas ao fim-de-semana, o que pode ser favorável para minorar o risco de uma aceleração do ‘tsunami’ que começou com a incapacidade de pagamento dos empréstimos das famílias pobres nos Estados Unidos e que chegou ao bolso das famílias portuguesas através da pressão para a subida dos juros, da queda das bolsas e do congelamento de alguns fundos. Esta crise financeira acontece num momento em que a economia real na Europa até está com sinais de crescimento e as empresas apresentam resultados positivos muito encorajadores. Mas quando se trata de crises financeiras, os piores cenários podem mesmo acontecer e contagiar a economia real. O fecho moderado de Wall Street indicia que a tranquilidade pode estar de regresso, mas é fundamental haver muito bom senso e vigilância apertada dos responsáveis políticos e dos bancos centrais. Quinta e sexta-feira, o BCE, liderado por Trichet, reagiu de forma musculada injectando mais de 156 mil milhões de euros, aproximadamente o valor do PIB português, para aliviar a pressão dos mercados.
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CRISE ‘SUBPRIME’
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Um cenário de incumprimento do crédito à habitação em Portugal com a dimensão do que acontece nos EUA é improvável, até porque os contratos de cobrança difícil não são de crédito tradicional, mas de créditos de elevado risco para pessoas que antes não tinham acesso a estes produtos. São os empréstimos ‘subprime’, com juros maiores por causa do risco. É quase equivalente ao crédito instantâneo usado cá no consumo até quatro ou cinco mil euros, mas que nos EUA era usado na compra de casa. O ‘boom’ do mercado imobiliário de rios de dinheiro às empresas de crédito hipotecário. Estas sociedades recorreram a fundos dos mercados financeiros para depois emprestarem o dinheiro às famílias carenciadas. O problema foi quando o mercado arrefeceu e as famílias mais pobres da América deixaram de pagar as contas.
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FACTURA PORTUGUESA
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Os portugueses com crédito à habitação vão ser penalizados por esta crise. A Euribor que já subia por causa da política do Banco Central Europeu bateu novo recorde dos últimos seis anos na passada sexta-feira. Com um ‘spread’ favorável, os empréstimos vão custar 5,5% quando há dois anos custavam menos de 3%. O mundo está perigoso e cada vez mais caro.
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in Correio da Manhã 2007.08.12
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