Extrema-direita: Judiciária já sabe onde é o encontro
PJ atenta ao concerto nacionalista em Lisboa

* Sónia Simões

A Direcção Central de Combate ao Banditismo da PJ está atenta à organização do maior encontro nacionalista realizado no País, marcado para sábado, em Lisboa, e já sabe onde vão ser realizados a conferência e o concerto.

Segundo apurou CM, o PNR chegou a informar a PSP de que a iniciativa, que vai juntar militantes de extrema-direita de vários países, se iria realizar na Casa do Concelho de Tomar, mas por razões de agenda a organização teve de mudar de local.

Nos cartazes do evento, que assinala o ‘Dia da Juventude Nacionalista’, a organização marca encontro na porta principal da Feira Popular, em Entrecampos, Lisboa. Às 13h30, os participantes juntam-se para participar na conferência sobre ‘Formas de Activismo na Europa’. O concerto Luso-Ibérico acontece a partir das 20h30.

O secretismo em torno do locais onde decorrem o encontro e o concerto prende-se com possíveis confrontos entre militantes de extrema direita e activistas de esquerda ou anarquistas. E é só por isso que, segundo uma fonte do Comando da PSP de Lisboa, a Polícia está atenta. “É um encontro de um partido político como qualquer outro, mas o facto de os extremos não se poderem tocar leva-nos a abrir algumas excepções no policiamento”, disse outra fonte.

“Vamos reforçar as patrulhas nos locais dos encontros para prevenir possíveis confrontos”, acrescentou. A PSP, no entanto, sublinha que ainda não foi informada do novo local para o encontro.

Em Maio de 2005 a GNR de Palmela montou uma operação ‘stop’ à saída de um concerto nacionalista realizado no Poceirão, perto de Palmela. A acção policial serviu para identificar muitos ‘cabeças-rapadas’, mas ninguém acusou álcool, apesar de na festa terem sido vendidos vários litros de cerveja.

Seis meses depois, a organização Frente Nacional, com ligações a movimentos neonazis a nível internacional, organizou uma conferência no Hotel Roma, em Lisboa. Também sem incidentes.

ORGANIZAÇÃO PROÍBE ARMAS E DROGA

No concerto de sábado são esperados militantes de extrema-direita de vários países da Europa, nomeadamente espanhóis (como a Alianza Nacional), alemães, suíços, italianos e ingleses. No cartaz que anuncia o evento, a organização é clara : é proibido entrar com armas, drogas e ter “comportamentos desviantes.”

Ainda assim, as letras das músicas das bandas convidadas (Assedio, Brigada Totenkopf, Bullet 38 e ainda uma banda portuguesa que será surpresa) têm conteúdos nazis. O Serviço de Informações e Segurança, segundo o relatório anual de Segurança Interna de 2006, refere que no ano passado as iniciativas de rua dos movimentos de extrema-direita portugueses diminuíram.

Mas que estes movimentos continuam a apostar na Internet para divulgar e discutir ideias e para recrutar militantes – que o SIS constata serem cada vez mais das camadas jovens. Por outro lado, os movimentos estão a promover e a participar cada vez mais em encontros internacionais, para ganharem visibilidade.

in CORREIO DA MANHÃ 2007.04.18
Fotopgrafia de Jorge Godinho - Em 2005 a GNR montou uma mega-operação na sequência de um concerto no Pocirão