Com este texto, terminamos a enunciação – certamente incompleta – dos militantes comunistas assassinados pelo fascismo salazarista.
Em 1950, a PIDE assassinou José Moreira, operário vidreiro, funcionário do Partido, responsável pelas ligações com as tipografias clandestinas. Pouco antes da sua prisão, José Moreira tinha escrito: «Uma tipografia clandestina é o coração da luta popular. Um corpo sem coração não pode viver». Preferindo morrer a entregar as tipografias clandestinas às mãos criminosas da polícia política de Salazar, foi selvaticamente espancado e torturado até à morte. O seu cadáver foi atirado pela janela da sala de interrogatórios a fim de fazer crer que se tratava de um suicídio.
Em 1954, a camarada Catarina Eufémia foi assassinada por um tenente da GNR, em Baleizão.
Em 1957: na sede da Delegação da PIDE, no Porto, morreu o camarada Joaquim Lemos de Oliveira, barbeiro, vítima de espancamentos e torturas – e, no mesmo local e pelas mesmas causas, morreu o militante comunista Manuel da Silva Júnior, estucador.
Em 1958: o camarada José Adelino dos Santos, operário agrícola, foi assassinado a tiro pela GNR, em Montemor-o-Novo; e o camarada Raul Alves, soldador, de Vila Franca de Xira, morreu na Sede da PIDE, em Lisboa, tendo o seu cadáver sido lançado de uma janela (a esposa do embaixador do Brasil assistiu ao crime de uma janela da Embaixada e, emocionada, escreveu ao Cardeal Cerejeira a relatar o sucedido. Cerejeira limitou-se a transmitir-lhe a resposta que obtivera do ministro do Interior: «Não há motivo para ficar impressionada. Trata-se, apenas, de um comunista sem importância»)
Em Novembro de 1961, em Almada, no decorrer de uma manifestação de protesto contra mais uma burla eleitoral, foi morto o militante comunista Cândido Martins Capilé – em cujo funeral participaram 20 000 pessoas. Em Dezembro desse mesmo ano, é assassinado pela PIDE, na Rua dos Lusíadas, em Lisboa, o camarada José Dias Coelho, artista plástico, funcionário do Partido.
Em Abril de 1962, em Aljustrel, a GNR dispara sobre uma concentração de trabalhadores e assassina os camaradas Francisco Madeira e António Adângio, jovens mineiros. Em Lisboa, no 1º de Maio de 1962 – uma das maiores e mais importantes acções de rua realizadas durante o regime fascista – o jovem operário comunista Estêvão Giro é assassinado por uma rajada de metralhadora.
Um ano depois, no 1º de Maio de 1963, em Lisboa, é assassinado a tiro, pela PSP, o camarada Agostinho Fineza, operário tipógrafo.
Além dos militantes comunistas assassinados nos cárceres fascistas ou abatidos a tiro pela PIDE, pela GNR, pela PSP, muitos outros camaradas vieram a morrer vítimas de doenças contraídas nas prisões, entre outros: Manuel Rodrigues da Silva, Alberto Araújo, Guilherme da Costa Carvalho, Agostinho Saboga, Luísa Paula, Albina Fernandes, António Tavares, Gomes Pereira, Manuel dos Santos. Foram muitos, também, os camaradas que morreram na clandestinidade em consequência de doenças, privações e das duras condições da luta, entre eles, José Gregório, Soeiro Pereira Gomes, Maria Helena Magro, Hermenegildo Correia, Rosa Teixeira, Maria Albertina, Joaquina Alves.
Registemos, ainda, os nomes dos camaradas assassinados após o 25 de Abril: José Martins Lima, morto no assalto ao centro de trabalho do PCP em Ponte de Lima, em 1975; Manuel Vale da Silva, morto por reaccionários em Ponte da Barca, em 1976; António Casquinha e José Caravela, assassinados pela GNR, na UCP Bento Gonçalves, no Escoural, Montemor-o-Novo, em 1979; Pedro Vieira, assassinado a tiro pela polícia de choque, no Porto, em 1982.
Relembramos estes exemplos de coragem, de dedicação, de entrega ao Partido e à luta pela causa da liberdade, da democracia, da justiça social, tendo presente a legenda escrita por José Dias Coelho, um mês antes de ele próprio ter sido assassinado, na sua gravura alusiva ao assassinato do jovem operário comunista Cândido Martins Capilé: Das sementes deitadas à terra, é o sangue derramado pelos mártires que faz levantar as mais copiosas searas.
in AVANTE 2007.04.12
|
1 comentário:
Obs. Faltam os que morreram no campo de concentração do Tarrafal, o campo da morte lenta, entre os quais, Bento Gonçalves, Secretário Geral do Partido Comunista Português!
Penso que não estou enganado.
Gostaria de saber se, para além de Bento Gonçalves, se mais camaradas comunistas morreram no Tarrafal.
António Carvalho
Enviar um comentário