| José Casanova
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| O Partido na História Bandeiras de luta (1)
| «Os mortos não os deixamos/para trás abandonados/ fazemos deles bandeiras/ guias e mestres soldados/ do combate que travamos»: diz um poema de Joaquim Namorado, do qual Fernando Lopes-Graça fez uma das suas Canções Heróicas. Assim é, de facto: os militantes comunistas que morreram na luta, ao longo dos tempos, são bandeiras da luta que hoje travamos e que continuará até à vitória final. Por isso aqui iniciamos hoje a enunciação – certamente incompleta – de camaradas assassinados pela PVDE/PIDE/DGS, pela GNR e pela PSP, enfim pelas forças repressivas que eram instrumento e sustentáculo do regime fascista que durante quase meio século oprimiu e reprimiu o povo português.
Eliminar, física ou moralmente, os resistentes que lhe caíam nas mãos foi uma preocupação constante do regime fascista de Salazar e Caetano.
Para isso contava com uma polícia política que, treinada, primeiro na Alemanha nazi e, posteriormente, nos EUA, perseguia, prendia, torturava, assassinava os que resistiam à ditadura fascista e se batiam pela liberdade, pela democracia, pela paz, pela justiça social. Para isso dispunham de forças repressivas que disparavam sobre trabalhadores em luta pelos seus direitos. Para isso, dispunha de prisões que eram, em muitos casos, autênticas antecâmaras da morte.
Prisões onde os lutadores antifascistas - «submetidos aos mais brutais espancamentos, às torturas do ‘sono’ e da ‘estátua’, dos aguilhões eléctricos, dos cigarros apagados nos corpos, da incomunicabilidade e do isolamento totais; atolados em excrementos nas masmorras da Fortaleza de Angra de Heroísmo; sufocados pela sauna pestilenta, pela ‘frigideira’ e pela brutalidade dos trabalhos forçados no campo da Morte Lenta; fechados em celas sombrias por detrás dos espessos muros de pedra do Aljube ou nos ‘segredos’ e ‘casamatas’ do Forte de Caxias; vigiados pelos carcereiros seleccionados e especializados que, no Forte de Peniche, lhes impunham uma disciplina sádica» - prosseguiam a resistência e a luta, numa entrega total que muitas vezes incluía as próprias vidas.
Foram muitos os resistentes, comunistas e não comunistas, que o fascismo assassinou – a tiro de pistola ou de metralhadora, por efeito de bárbaras torturas e de outros mau tratos, por ausência de assistência médica.
A imensa maioria dos resistentes que passaram pelas prisões fascistas era composta por militantes comunistas, tal como o era a maior parte dos que, dentro e fora das prisões, foram assassinados pelo fascismo. Não surpreende que assim tenha sido, conhecido que é o papel singular desempenhado pelo PCP na luta antifascista – da qual foi sempre o principal organizador e na qual ocupou sempre a primeira fila.
Já aqui lembrámos o primeiro militante comunista de cuja morte na prisão há notícia: Manuel Tavares – barbeiro, de Lisboa, Olivais - que foi, igualmente, um dos primeiros deportados, ainda antes da implantação da ditadura.
Depois, muitos outros camaradas pagaram com a vida a sua militância antifascista, o seu amor à liberdade e à democracia, a sua determinação na luta por uma sociedade liberta de todas as formas de opressão e de exploração.
Em 1930, na colónia de Cabo Verde, onde se encontrava deportado desde 1927, morreu, por maus tratos e falta de assistência médica, Manuel João (padeiro); em 1932, Alfredo Ruas, operário, militante da Federação da Juventude Comunista Portuguesa (FJCP), foi assassinado a tiro pelas forças repressivas, em Lisboa; em 1933 morreram, vítimas de espancamentos policiais, os militantes da FJCP Joaquim Lopes Martins, Carlos Norberto e João Ferreira de Abreu (este, membro do Comité central da FJCP); em 1934 foram assassinados, vítimas de espancamentos na polícia, os militantes comunistas Armando Ramos (operário, membro do Partido desde 1921), Aurélio Dias (fragateiro), Américo Gomes (operário) e Manuel Vieira Tomé (ferroviário); em 1936 morreu, em Angra do Heroísmo, vítima do regime prisional, o camarada Francisco da Cruz (operário vidreiro).
in AVANTE 2007.03.15
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1 comentário:
Desde já quero apresentar as minhas desculpas quando no vosso blog Kant_O_XimPi - Sem título
O Partido na Hitória
Bandeiras de luta (3)
Fiz uma observação sobre os comunistas assassinados antes de 1950. Conforme verifiquei depois, o Sem título está dividido em três partes, 1, 2 e 3. Agora estou na parte (1) onde lembra o primeiro militante comunista a morrer nas prisões fascistas, de seu nome - Manuel Tavares, barbeiro, de Lisboa - Olivais e que foi igualmente um dos primeiros deportados ainda antes da implantação da ditadura... e outros se lhe seguiram... por que souberam dizer Não!...
Bom trabalho e os meus cumprimentos
António Carvalho
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