A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quinta-feira, julho 30, 2009

Anti-comunismo e fascistas em Portugal e na União Europeia


RECORRÊNCIAS PERIGOSAS

A semana que passou foi, no plano mediático, marcada pela recorrente exibição de anticomunismo primário de Alberto João Jardim.
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Múltiplos grandes títulos, complementados com as inevitáveis análises produzidas pelos inevitáveis analistas de serviço, catapultaram o vómito para o lugar de notícia do dia durante vários dias.
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E nada disto espanta: nem a reincidência do líder do PSD/Madeira que, saudoso do passado fascista, veio retomar uma «proposta» que já havia feito em 2003 nem o espalhafato dos média dominantes, fingindo que estavam a noticiar uma novidade, mas, de facto, associando-se e dando nova dimensão à provocação anticomunista de Jardim; nem o silêncio de Manuela Ferreira Leite e da direcção do PSD, remetendo a sua opinião para a futura revisão da Constituição – talvez alimentando o sonho de, para tal revisão, interromperem a democracia por seis meses (ou mesmo mais…) de modo a poderem sacar do texto constitucional o que, nele, de Abril resiste, designadamente o seu conteúdo antifascista.
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Registe-se, entretanto, que tudo isto não pode ser visto desligado da campanha anticomunista em curso e do conjunto de intenções expressas e de decisões tomadas nos últimos tempos, em vários países – sempre a partir da perversa equiparação de comunismo com fascismo como caminho para criminalizar o primeiro e branquear o segundo; sempre na calha da poderosa ofensiva da ideologia dominante que tem como linha essencial a sacralização do capitalismo e a diabolização do comunismo - e sobretudo sempre procurando esconder e escamotear essas verdades incontornáveis que nos mostram que o fascismo é, sempre, uma expressão do capitalismo e que o anticomunismo é, sempre, antidemocrático.
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No caso concreto de Portugal, quem viveu no tempo do fascismo – ou quem sobre esse tempo colheu informação verdadeira (naturalmente, fora do universo dos média dominantes…) – sabe que equiparar fascismo e comunismo significa equiparar os opressores e os que resistiram à opressão; os que brutalmente liquidaram a liberdade e os que por ela lutaram correndo todos os riscos; os inimigos intransigentes da democracia e os que a defenderam intransigentemente; os repressores e os reprimidos; os carrascos e as vítimas; os torturadores e os torturados, enfim, os fascistas e os democratas.
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E a verdade é que o ódio ao PCP por parte destes democratas de ocasião decorre do facto de essa resistência heróica dos comunistas continuar a irritá-los, sabendo como sabem – mas não querem que se saiba – que, quando lutar pela democracia e pela liberdade tinha como consequência inevitável a prisão, a tortura, muitas vezes a morte, os comunistas ocuparam sempre a primeira fila dessa luta – da mesma forma que, derrubado o fascismo, estiveram na vanguarda da construção da democracia de Abril e, posteriormente, na defesa dessa democracia encabeçando a luta contra a política de direita, a política da contra-revolução de Abril.
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E é esta postura do PCP, sempre do lado da democracia, da liberdade e dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País que eles não toleram.
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Com tudo isto, o PCP foi provavelmente, o partido mais falado, nos últimos dias, nos média dominantes, facto que eles registarão, para efeito estatístico em matéria de pluralismo...
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E com tudo isto, todos esses média persistiram no alheamento (ou pior do que isso) em relação à intensa intervenção dos comunistas: para eles, as centenas de iniciativas levadas a cabo em todo o País, com a participação de milhares de homens, mulheres e jovens, não são notícia; nem os vários debates com vista à construção do Programa Eleitoral do PCP para as legislativas; nem nada que tenha a ver com o esforço de análise da realidade nacional, de procura de soluções e de propostas para livrar o País da grave situação criada por três décadas de política de direita.
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E quando, para os tais efeitos estatísticos, cobrem uma iniciativa do PCP, é regra geral para a menorizar ou para deturpar o seu conteúdo.
Entretanto, as consequências da política de direita continuam a fazer-se sentir, cada dia de forma mais gravosa, na vida da imensa maioria dos portugueses.
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Como há dias referiu o secretário-geral do PCP, Portugal está no topo dos países da União Europeia com mais profundas desigualdades sociais. A pobreza, em muitos casos extrema, atinge mais de dois milhões de portugueses. E não vale inventar explicações para fugir à verdade, como faz todos os dias o primeiro-ministro. As causas desta sombria realidade estão na política de direita, na sua natureza anti-social, na sua cada vez mais desigual e injusta repartição da riqueza - nesta política geradora do desemprego – que atinge mais de 600 mil trabalhadores, metade dos quais sem receber qualquer subsídio; do emprego precário – fonte de insegurança e fonte de desvalorização dos salários; dos baixos salários e dos salários em atraso; das reformas de miséria…
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Enquanto do outro lado desta trágica realidade, numa ofensa aos dramas vividos por milhões de pessoas, a imensa minoria composta pelos grandes grupos económicos e financeiros, continua a acumular riqueza mesmo em «tempo de crise», como o confirmam os mais de 500 milhões de euros de lucro dos cinco maiores bancos nos primeiros três meses deste ano – ou os 550 milhões de euros de lucro arrecadados, no mesmo período, pelos cindo maiores grupos económicos do sector da energia e comunicações.
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E é por uma alternativa a esta política que se bate o PCP: combatendo-a, contrapondo-lhe a política necessária e lutando pela sua concretização.
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in Avante - 2009.07.23
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