O governo de Eduardo dos Santos prometeu construir casas para os pobres
Centenas protestam
* Sabrina Hassanali Com agências
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Centenas de pessoas expulsas de bairros de lata dos arredores de Luanda marcharam até ao Centro de cidade para protestar contra o despejo e exigir compensações. "Devolvam-nos as nossas casas", gritavam repetidamente os manifestantes à medida que avançavam para junto da Assembleia Nacional, tendo sido dispersados à bastonada por forças de segurança, algumas com cães.
Este foi o maior protesto de todos os que houve desde a semana passada, quando se iniciaram os despejos. Até a passada segunda-feira, as forças de segurança já tinham desalojado milhares de residentes de bairros de lata ilegalmente construídos e destruído as casas.
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Ontem, o desespero dos recém--desalojados era evidente. Rosa Agostinho, de 24 anos, sentou-se sobre escombros da sua casa, com o filho de um ano ao lado, a chorar. "Fiquei sem nada", soluçava. Ali perto, outros residentes tentavam salvar alguns dos seus bens por entre as ruínas.
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A organização não-governamental angolana SOS Habitat assegurou que mais de 15 000 pessoas ficaram sem casa. "É uma das maiores operações de despejo dos últimos anos. É uma clara violação dos direitos humanos", comentou Luís Araújo, daquela organização.
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O governo justifica que essas terras são necessárias para projectos de desenvolvimento de interesse público. Estes despejos integram-se num plano para melhorar as condições de vida em Luanda, o qual prevê a construção de casas para os pobres num outro lugar.
APONTAMENTOS
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UM MILHÃO
O presidente Eduardo dos Santos prometeu construir um milhão de casas em quatro anos para os mais pobres. Um projecto orçado em 50 mil milhões de dólares.
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BAIRROS DE LATA
Mais de cinco milhões de pessoas – isto é, um terço da população angolana – vivem em bairros de lata sem água potável ou electricidade nos arredores da capital angolana.
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ORÇAMENTO
O Parlamento angolano aprovou ontem o orçamento revisto para 2009 – 2,6 biliões de kwanzas (23,3 mil milhões de euros). Luanda prepara-se para negociar com o FMI.
in Correio da Manhã - 29 Julho 2009 - 00h30
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