A Internacional

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sábado, janeiro 02, 2010

Desperdício de comida nos países ricos também gera prejuízo ambiental

DW World - União Europeia | 01.01.2010


Um terço da comida comprada na Europa e nos Estados Unidos vai parar no lixo, uma situação que não só agrava o problema da falta de alimentos no mundo como também contribui para o aquecimento global.



Nos países ocidentais, os feriados de fim de ano se transformaram numa tradicional época de excessos: eles parecem fornecer a todos uma boa desculpa para comer e beber à vontade
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Os supermercados estão cheios de doces, chocolates e uma desconcertante oferta de comidas e bebidas. A maior parte vai realmente ser ingerida, mas mais de um terço – no caso da Europa e dos Estados Unidos – mofar no fundo da geladeira ou simplesmente perder a validade e acabar no lixo.
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Jogar fora sem abrir
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No Reino Unido, um dos campeões europeus de desperdício de alimentos, cerca de 6,7 milhões de toneladas de comida comprada em boas condições acabam no lixo todos os anos. O custo desse desperdício é de 10,2 bilhões de libras.
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"Daquilo que é produzido na Europa, apenas 30% ou 40% vai para a mesa do consumidor", afirma Henrik Harjula, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). "A comida vai sendo perdida durante o transporte, quando apodrece ou é descartada por não corresponder aos critérios europeus. No final dessa cadeia, um terço da comida que os consumidores compram em vários países da Europa é jogada fora; a metade disso é jogada fora sem nem ter sido aberta."
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Metade do que vai para o lixo nem sequer é aberto 
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Acrescente-se o desperdício dos Estados Unidos ao da Europa, o problema se torna ainda maior. Cerca de 40% de toda a comida manufaturada e posta à venda nos Estados Unidos não é consumida, e estudos mostram que essa tendência é crescente.
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O desperdício de comida de um modo geral, incluindo os produtores rurais, as indústrias, os distribuidores e os consumidores, cresceu 50% desde 1974, chegando a cerca de 150 trilhões de calorias por ano em 2003.
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Compras no hipermercado
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Na opinião de Harjula, a disseminação dos hipermercados é parcialmente responsável pelo desperdício de comida no mundo ocidental.
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"As pessoas tendem a ir uma ou duas vezes por mês a esses hipermercados, mas quem consegue avaliar exatamente quanto vai consumir?", argumenta. "Elas não conseguem, então compram a mais. Claro, esse raciocínio sugere que os consumidores também são culpados, mas há essa tendência na Europa de 'compre um e leve dois', e assim as pessoas compram um monte de comida de que não necessitam."
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As estatísticas sobre desperdício de comida contrastam com os crescentes relatórios globais sobre a falta e a elevação nos preços de alimentos. Há outros fatores responsáveis pela carência mundial de alimentos, como os altos preços do petróleo, o crescimento da população, colheitas ruins e o uso de grãos para fazer biocombustíveis, mas o desperdício de comida contribui para agravar a situação.
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"Uma boa parte da comida e da agricultura na Europa e no Ocidente é subsidiada e isso é um grande problema para os produtores no mundo em desenvolvimento", afirma Harjula. "Os produtos deles não são competitivos nesse mercado e, portanto, eles não podem vendê-los, o que leva a uma queda na renda dos produtores, à perda da terra e à pobreza."
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Problemas ambientais
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Além disso, depósitos de lixo cheios de comida são também prejudiciais ao meio ambiente. A decomposição de alimentos libera metano, um gás 20 vezes mais prejudicial à atmosfera que o dióxido de carbono (CO2).
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"Há maneiras de coletar esse gás oriundo dos alimentos em decomposição e usá-lo para gerar energia, mas essa não é uma prática difundida no momento", diz Harjula. "O que precisa ser feito, enquanto isso, é encontrar uma maneira de retirar o material orgânico dos depósitos de lixo."
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Para Tom MacMillan, diretor executivo do Conselho de Ética Alimentar do Reino Unido, até que se encontre uma maneira de reter e aproveitar o metano, é importante também impedir que alimentos parem no depósito de lixo.

Menos metano
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Planejar antes de ir às compras reduz o desperdício
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Os países europeus estão tomando medidas para reduzir a produção de metano a partir de alimentos jogados em depósitos de lixo. A expectativa é que a implementação de uma diretriz da União Europeia venha a reduzir a quantidade de material orgânico em depósitos de lixo em 35% até 2016. No entanto, alguns países europeus, incluindo a Alemanha, a Holanda e a Suíça, já reduziram seus níveis para apenas 5% ou ainda menos.
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Especialistas afirmam que grande parte da responsabilidade por reduzir o desperdício de comida é da indústria, que deveria encontrar meios de diminuir esse dispêndio nas cadeias de produção e fornecimento, bem como achar formas de redistribuir alimentos já manufaturados e de aproveitar os subprodutos da cadeia industrial.
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Os consumidores também podem fazer a sua parte. Poderiam, por exemplo, fazer compras de forma planejada, decidindo o que vão comprar antes de ir ao supermercado, ou adotar métodos de armazenagem de comida mais eficientes.
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Autor: Nick Amies (as)
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