A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

terça-feira, maio 15, 2007


Provocação anti-comunista no Conselho da Europa

* Mikis Theodorakis [*]

No projecto do Calendário da primeira parte da Sessão ordinária de 2006 (23-27 Janeiro) da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, consta o seguinte ponto:

Quarta-feira, 25 de Janeiro 2006: Necessidade de condenar os crimes do comunismo ao nível internacional (Doc.) Relatório da comissão das questões políticas: M. Göran Lindblad (Suécia, PPE/DC)

A esta provocação, Mikis Theodorakis reagiu publicando a seguinte:

DECLARAÇÃO

O Conselho da Europa decidiu alterar a História. Para a distorcer, coloca em pé de igualdade as vítimas e os agressores, os heróis e os criminosos, os libertadores e os conquistadores, os comunistas e os nazis.

Considera que os maiores inimigos do nazismo, ou seja, os comunistas, são criminosos e, com efeito, iguais aos nazis! Inquieta-se mesmo e protesta, porque, ainda que os hitlerianos tenham sido condenados pela comunidade internacional, nada de parecido se passou com os comunistas.

Por esta razão, ele sugere que esta condenação tenha lugar agora em plena sessão plenária da Assembleia parlamentar do Conselho da Europa no próximo dia 24 a 27 Janeiro.

Na verdade, ele inquieta-se, porque a "consciência pública dos crimes cometidos pelos regimes comunistas totalitários é muito pobre", e igualmente porque os "partidos comunistas estão sempre legais e em actividade em qualquer país, mesmo se em certos casos, eles não estão dissociados dos crimes".

Em outras palavras, o Conselho da Europa anuncia doravante a perseguição futura dos comunistas europeus que não se tenham ainda retractado, como é exigido, no passado pelos esbirros da Gestapo e os torturadores do campo de Macronissos.

Talvez porque amanhã vão decidir proibir os partidos comunistas, abrindo dessa forma a porta aos fantasmas de Hitler e Himmler, que, como se sabe, começaram a sua carreira proibindo os partidos comunistas e colocando os comunistas nos campos da morte.

Entretanto, no fim de contas, eles estão manchados pelo mesmo sangue das suas vítimas, dos seus 20 milhões de mortos da União Soviética comunista e de tantas outras centenas de milhares de comunistas que deram a sua vida, colocando-se à cabeça dos movimentos de resistência nacionais por toda a Europa, como esta que nasceu na Grécia.

Portanto, estes senhores do Conselho da Europa, no seu desejo de fazer ressuscitar os métodos condenados pela consciência da história e dos povos, chegam em segundo lugar, porquanto foram já ultrapassados pelo grande irmão – pelos Estados Unidos –, que extermina povos inteiros, utilizando métodos à Hitler, como no caso do Iraque que está em ruínas: ruínas cheias de prisões americanas, onde milhares de vítimas inocentes são torturadas diariamente de uma maneira horrível e inegável.

Sobre este grande crime contra a Humanidade, como sobre o campo contemporâneo de tortura hitleriano de Guantánamo, o Conselho da Europa não disse absolutamente nada.

Assim, como qualquer que possa acreditar que estes senhores estejam honestamente preocupados com os direitos do homem, ainda que na sua própria casa, a Europa, autorizem os aviões da CIA cheios de pessoas espoliadas de todos os seus direitos a serem transportadas para prisões especiais a fim de serem aí torturadas?

Tais cidadãos não podem ser procuradores. Perante a Aula de História que, um dia se pronunciará sobre os inumeráveis crimes cometidos pelo grande irmão, do Vietname ao Chile e da América do Sul ao Iraque, o seu processo será tido igualmente em conta da tolerância, se não colaborar nestes crimes.

Infelizmente, hoje sou obrigado a falar antes em nome dos mortos do que em nome dos vivos. Por conseguinte, em nome dos meus camaradas comunistas mortos, aqueles que passaram pela Gestapo, os campos de concentração e os locais de execução, a fim de assegurar a derrotar do nazismo e celebrar a liberdade, não tenho senão uma palavra a dizer a estes gentlemen: TENHAM VERGONHA!

Atenas, 22/Dezembro/2005
Mikis Theodorakis


O original encontra-se em
http://fr.mikis-theodorakis.net/index.pho/article/articleview/460/1/93/

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