Adeus a Alda Nogueira
(...)
Natural de Lisboa e licenciada em Ciências Físico-Químicas, Maria Alda Nogueira era membro do PCP desde 1942, tendo passado à clandestinidade em 1949 e sido presa em 1959, ocorrendo a sua libertação após 9 anos de prisão nas cadeias fascistas. A camarada foi membro do Comité Central do Partido de 1957 a 1988 e foi deputada à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República. Após o 25 de Abril integrou a Direcção da Organização Regional de Lisboa do PCP e a Comissão junto do Comité Central para os problemas e as lutas das mulheres.
Em telegrama enviado à família no dia 6, e assinado por Octávio Pato, o Secretariado do Comité Central manifestou a «profunda tristeza» pelo falecimento da «Camarada Maria Alda Nogueira, mulher notável, grande lutadora comunista, que consagrou muito da sua vida à causa da Emancipação da Mulher, à luta da classe operária e dos trabalhadores, aos ideais da Liberdade, da Democracia e do Socialismo».
O reconhecimento do papel de Alda Nogueira como militante comunista foi patente pelos numerosos camaradas que estiveram presentes durante o domingo passado, quando o corpo da falecida esteve em câmara ardente no cemitério do Alto de S. João e durante o funeral. Mas esse reconhecimento trancendeu sempre o âmbito partidário da Mulher que consagrou a sua vida, desde a juventude, a esses ideais. Em 1988, Alda Nogueira foi condecorada com a Ordem da Liberdade e recebeu, em 1987, a Distinção de Honra do Movimento Democrático de Mulheres. Entre as numerosas personalidades que estiveram presentes nas cerimónias fúnebres, destaque para o Presidente da República, Jorge Sampaio, que esteve no cemitério do Alto de S. João, ao fim da tarde de domingo.
No funeral, realizado na segunda-feira, a Direcção do Partido fez-se representar por uma delegação composta pelo secretário-geral, Carlos Carvalhas, e pelos camaradas Luísa Araújo, Fernanda Mateus, Rosa Rabiais, Octávio Pato e Carlos Brito.
Em breve discurso, o Director do «Avante!», interpretou o sentir de muitos dos que, ali presentes, prestavam uma derradeira homenagem:
Em telegrama enviado à família no dia 6, e assinado por Octávio Pato, o Secretariado do Comité Central manifestou a «profunda tristeza» pelo falecimento da «Camarada Maria Alda Nogueira, mulher notável, grande lutadora comunista, que consagrou muito da sua vida à causa da Emancipação da Mulher, à luta da classe operária e dos trabalhadores, aos ideais da Liberdade, da Democracia e do Socialismo».
O reconhecimento do papel de Alda Nogueira como militante comunista foi patente pelos numerosos camaradas que estiveram presentes durante o domingo passado, quando o corpo da falecida esteve em câmara ardente no cemitério do Alto de S. João e durante o funeral. Mas esse reconhecimento trancendeu sempre o âmbito partidário da Mulher que consagrou a sua vida, desde a juventude, a esses ideais. Em 1988, Alda Nogueira foi condecorada com a Ordem da Liberdade e recebeu, em 1987, a Distinção de Honra do Movimento Democrático de Mulheres. Entre as numerosas personalidades que estiveram presentes nas cerimónias fúnebres, destaque para o Presidente da República, Jorge Sampaio, que esteve no cemitério do Alto de S. João, ao fim da tarde de domingo.
No funeral, realizado na segunda-feira, a Direcção do Partido fez-se representar por uma delegação composta pelo secretário-geral, Carlos Carvalhas, e pelos camaradas Luísa Araújo, Fernanda Mateus, Rosa Rabiais, Octávio Pato e Carlos Brito.
Em breve discurso, o Director do «Avante!», interpretou o sentir de muitos dos que, ali presentes, prestavam uma derradeira homenagem:
«Viemos aqui para dizer o último adeus a Maria Alda Nogueira. Creio, no entanto, que já sentimos todos, nestes dias que passaram desde o seu falecimento, que não se trata afinal de uma despedida.
«Como acontece frequentemente com aqueles que se entregaram aos outros e dedicaram a vida à luta pela liberdade, a justiça e um mundo melhor, a Alda vai continuar entre nós. É aquele privilégio de fugir à lei da morte de que já falava Camões.
«Os que fruímos a sua amizade calorosa vamos encontrá-la sempre no percurso das nossas reflexões e recordações e nas encruzilhadas da saudade. Mas todos nós, mais ou menos próximos, vamos encontrar o seu alto exemplo de mulher combatente e militante comunista abnegada na gesta da emancipação feminina e nas páginas da história do PCP.
«Foi logo nos bancos do liceu que Maria Alda abraçou os grandes ideais da justiça social e do socialismo a que havia de dedicar a vida inteira, até ser prostrada pela doença.
«Esteve ao lado de Maria Lamas, já com destaque, na Associação Portuguesa Feminina para a Paz e no Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas.
«Aos 26 anos, depois de uma licenciatura em Físico-Químicas e quando se lhe abria uma carreira de investigadora científica, Alda Nogueira optou por se dedicar por inteiro à luta do nosso povo ingressando nos quadros clandestinos do PCP, de que foi depois, e durante muitos anos, destacada dirigente como membro do Comité Central. Enfrentou a tortura e a prisão nas cadeias fascistas, onde passou 9 anos, com a mesma firmeza, determinação e convicção contagiantes que lhe conhecemos mais tarde, após o 25 de Abril, nesse renascer da liberdade, nas tarefas de organização e fortalecimento do Partido e no relançamento do Movimento Democrático de Mulheres.
«Convivi com ela de perto neste período, como mais tarde na bancada comunista da Assembleia da República. Pude assim conhecer melhor a sua rica e fortíssima personalidade que combinava a polemista apaixonada, de palavra vigorosa e por vezes áspera, com o coração terno e sensível, de uma infinita compreensão para os problemas dos outros, como uma grande mãe que ela foi para tantos camaradas.
«É esta Maria Alda Nogueira, inteira, que hoje guardamos na memória, como uma grande amiga e fraternal camarada, a quem dizemos adeus porque é preciso dizer alguma coisa neste momento de tanto desgosto para a sua família do sangue e das ideias.»
«Avante!» Nº 1267 - 12.Março.1998«Como acontece frequentemente com aqueles que se entregaram aos outros e dedicaram a vida à luta pela liberdade, a justiça e um mundo melhor, a Alda vai continuar entre nós. É aquele privilégio de fugir à lei da morte de que já falava Camões.
«Os que fruímos a sua amizade calorosa vamos encontrá-la sempre no percurso das nossas reflexões e recordações e nas encruzilhadas da saudade. Mas todos nós, mais ou menos próximos, vamos encontrar o seu alto exemplo de mulher combatente e militante comunista abnegada na gesta da emancipação feminina e nas páginas da história do PCP.
«Foi logo nos bancos do liceu que Maria Alda abraçou os grandes ideais da justiça social e do socialismo a que havia de dedicar a vida inteira, até ser prostrada pela doença.
«Esteve ao lado de Maria Lamas, já com destaque, na Associação Portuguesa Feminina para a Paz e no Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas.
«Aos 26 anos, depois de uma licenciatura em Físico-Químicas e quando se lhe abria uma carreira de investigadora científica, Alda Nogueira optou por se dedicar por inteiro à luta do nosso povo ingressando nos quadros clandestinos do PCP, de que foi depois, e durante muitos anos, destacada dirigente como membro do Comité Central. Enfrentou a tortura e a prisão nas cadeias fascistas, onde passou 9 anos, com a mesma firmeza, determinação e convicção contagiantes que lhe conhecemos mais tarde, após o 25 de Abril, nesse renascer da liberdade, nas tarefas de organização e fortalecimento do Partido e no relançamento do Movimento Democrático de Mulheres.
«Convivi com ela de perto neste período, como mais tarde na bancada comunista da Assembleia da República. Pude assim conhecer melhor a sua rica e fortíssima personalidade que combinava a polemista apaixonada, de palavra vigorosa e por vezes áspera, com o coração terno e sensível, de uma infinita compreensão para os problemas dos outros, como uma grande mãe que ela foi para tantos camaradas.
«É esta Maria Alda Nogueira, inteira, que hoje guardamos na memória, como uma grande amiga e fraternal camarada, a quem dizemos adeus porque é preciso dizer alguma coisa neste momento de tanto desgosto para a sua família do sangue e das ideias.»
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