Guardas de férias ou de folga concentraram-se frente às cadeias em solidariedade com os colegas
Greve: Guardas estimam adesão de 96%. direcção fala em 90%
* Francisco Pedro com J.M.G./M.P.
A forte adesão à greve dos guardas prisionais provocou ontem a paralisação dos serviços e deixou os reclusos sem contacto com o exterior. Vários julgamentos tiveram que ser adiados, a correspondência ficou por distribuir e as visitas não foram autorizadas. A jornada de protesto só termina amanhã.
Quando se aperceberam que iam ficar fechados na cela durante 23 horas, os presos de pelo menos três estabelecimentos – Caxias, Custóias e Leiria – protestaram e registaram-se momentos de alguma tensão. A situação só foi ultrapassada depois de ter sido autorizado que os reclusos saíssem das celas e circulassem no pavilhão, apurou o CM junto de fonte prisional.
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Fora isto, não houve cedências. As portas das cadeias só abriram para casos de assistência médica ou para levar presos a tribunal, se a alteração das medidas de coacção estivesse em causa. Nem os advogados foram autorizados a entrar para visitar os clientes.
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"O corpo da guarda prisional mostrou claramente ao ministro da Justiça que está indignado com a política adoptada no sistema prisional", afirmou Jorge Alves, presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional .
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Hoje cumpre-se o segundo dia de greve, entre as 08h00 e as 20h00, e o dirigente sindical teme que o ambiente nas prisões possa complicar-se. É que, segundo Jorge Alves, a Direcção-geral dos Serviços Prisionais (DGSP) "mandou reduzir o efectivo" nos dias do protesto com o intuito de "intimidar os guardas" e não lhes pagar. Em resposta, o sindicato fez saber que vai "cobrir a perda de ordenado dos associados em greve".
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Jorge Alves aponta para uma adesão ao protesto a rondar os 96%, tendo atingido os 100% em 16 dos 48 estabelecimentos prisionais. A DGSP, por seu turno, contabilizou uma taxa de adesão de 90% e lamentou os "eventuais transtornos causados à população reclusa e familiares", por não ser possível assegurar as actividades habituais.
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APONTAMENTOS
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SOLIDARIEDADE
Muitos dos guardas de folga ou de férias concentraram-se em frente às cadeias, em solidariedade com os companheiros escalados para os serviços mínimos. Foi o caso da prisão de Beja, onde um grupo de guardas organizou um almoço a céu aberto.
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LUTA
A greve decretada pelo SNCGP visa reivindicar a criação de um estatuto profissional digno, a aposentação aos 60 anos e uma tabela remuneratória ajustada. Os guardas pedem ainda o reforço do efectivo, mais meios e melhores condições de trabalho.
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CASTIGO
O recluso que agrediu um guarda na cadeia de Silves foi colocado numa cela de segurança, informou ontem a DGSP. O caso, que seguiu para o Ministério Público para procedimento criminal, foi provocado por o guarda não lhe ter entregue o jornal.
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in Correio da Manhã - 07 Julho 2009 - 00h30
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