A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quarta-feira, julho 15, 2009

Os novos desafios do nacionalismo-revolucionário no Irão

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O complô da chamada “revolução de veludo verde” é evidente, e se baseia na falsa informação que surgiu de dentro do Ministério do Interior, antes do início da contagem de votos, de que Musavi teria vencido.

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Por Farrokh Bavar, articulista do Brasil de Fato


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O artigo abaixo foi escrito logo após a vitória eleitoral do presidente Ahmadinejad no Irã. A duas semanas das eleições, é contundente e revelador o que disse à BBC Newsnight, o ex-secretário de estado Henry Kissinger: “se o protesto fracassar e o governo baseado nas manifestações populares não se instalar, podemos concluir que nós devemos trabalhar para a mudança do regime no Irã desde fora”.

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Referindo-se a um governo popular não instalado, dialoga com John Bolton, o ex-representante de Bush na ONU, que dizia: “Em primeiro lugar, vamos tentar desestabilizar o regime. Se isso falhar, golpeamos militarmente.


“No desenrolar dessa estratégia, os iranianos pagarão em perda de independência ou em sangue, pela ingenuidade da sua secular juventude e pelos mullahs confiantes em Musavi”. O complot para derrubar o governo é evidente.

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O método escolhido foi o de “veludo”, e realizado por uma minoria perdedora contra uma maioria vencedora, apoiando-se nas suas características débeis. Mas, sendo socialmente uma minoria, ou vencem no primeiro round ou não vencem.

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A oposição proclamou a greve geral para terça-feira, dia 23 de junho, e a convocação caiu no vazio; fracassou. Ninguém parou: nem a grande indústria, nem as infra-estruturas ou o setor dos transportes; e nem sequer o comércio principal, o de Teerã.

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Também já foi demonstrado que as balas que mataram as pessoas não partirem das armas das forças de segurança iranianas. A situação tende a normalizar-se.

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Muitos eleitores de Musavi declararam de ter mudado de idéia, ao perceber as provocações e, 60% das pessoas detidas declaram de não terem participado nas eleições e de não se interessarem por política.

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A luta interna resulta a favor de Ahmadinejad e a sua política revolucionária pelas transformações sociais e econômicas segue com o Programa Qüinqüenal já em elaboração. A posse do governo em julho se dará com depurações em pleno curso.

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Leia abaixo a íntegra do artigo de 26 de junho de 2009:

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A reunião do Grupo de Xangai, em Iecaterimburgo, na Rússia, foi muito importante, entre outras, pelos planos de cooperação aprovados onde o presidente Ahmadinejad fez propostas como a do Banco Único, a moeda única, a troca direta em espécie, o estudo do programa comum político e econômico para o desenvolvimento e a integração, tendo sido acolhido pelos grandes do BRIC, a Rússia, a China, a Índia e o Brasil, como o grande vencedor das eleições.

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Isto elevará o papel deste país revolucionário no cenário mundial, de modo a não mais permitir que o campo imperialista insista na tentativa de derrubá-lo, pelo menos com a “revolução de veludo”. E é isto que a CNN, a BBC, ou Fox News e os governos do Reino Unido, França e Alemanha continuam a perseguir nestes dias, apoiando manifestações contra os resultados eleitorais que, na realidade, encobrem os provocadores e os atos de vândalos que estão destruindo parte do norte de Teerã, tentando desestabilizar o país.

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Os governos e organizações que até o momento se congratularam com a vitória esmagadora de Ahmadinejad confirmam o fato de que as eleições presidenciais no Irã são um indicador das forças internacionais entre revolução e contra-revolução, e nisso se encontra o perigo de uma provocação, e sobre tudo, de agressão imperialista se os protestos falirem.

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Para melhor analisar o confronto de sistemas antagônicos das potências mundiais nas eleições, vejamos quem saudou a vitória de Ahmadinejad e quem não. Chávez foi o primeiro, depois vieram: Qatar, isolado e pressionado pela Arábia Saudita, República Popular da China, Federação Russa, Nassralla pelo Hezbolá, Turquia, Síria, Paquistão, Afeganistão, Iraque, Oglú pela Organização dos países islâmicos, Amru Mussa pela Organização dos países árabes, Kuwait, Coréia do sul, Líbano, Gebril (secretário da Frente pela Libertação da Palestina), Armênia, Bielorussia, Tadjiquistão, Cuba, Omã, Iêmen, Coréia do Norte e outros tantos.

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Enquanto isso, Kuchner, francês, declarou solidariedade com a sociedade civil que protesta nas ruas de Teerã; o vice de Obama se preocupa com fraude e os governos britânico e alemão condenam a “repressão” aos manifestantes. Obama transfere à definição do mecanismo burocrático de recontagem de votos para que outros decidam.

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O complô da chamada “revolução de veludo verde” é evidente, e se baseia na falsa informação que surgiu de dentro do Ministério do Interior, antes do início da contagem de votos, de que Musavi teria vencido com 19 milhões de votos.


As fontes de informação da oposição disseram antecipadamente à mídia imperialista de que Musavi teria vencido criando um mecanismo e uma atmosfera como a da “revolução das rosas” na Geórgia, a “alaranjada” na Ucrânia e no Quirguistão, onde venceram os que haviam perdido.

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Quando as suas cifras foram desmentidas como falsas, os grupos de choque entraram em ação, buscando sangue entre os manifestantes, enquanto destruíam bancos, ônibus, metrôs, casas, lojas e coletores de lixo. Uma jovem bailarina mostrava o sutian, o anti-chador islâmico, com a escrita verde de Musavi; e a foto de um jovem com cueca de Kalvin Klein foi propositalmente transmitida ao mundo.

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Ahmadinejad denuncia o fato que logo depois da revolução islâmica, um grupo se apoderou da revolução como se fosse sua propriedade e se separou da população acumulando poder e dinheiro, infestando o país e a economia com corrupção e negócios impróprios; e acusa a família de Rafsanjani e outros; denuncia o governo de Khatami (1) como colaborador da OTAN no Afeganistão e no Iraque, entregando a atividade nuclear iraniana, fechando as centrais e oferecendo as chaves do país para qualquer controle, a qualquer hora e sem pré-aviso. Ahmadinejad, nestes 4 anos, iniciou a limpeza contra essa máfia.


As verdadeiras operações estão ainda por vir agora. Shahrudi, o chefe do poder judiciário, após 8 anos de resistência às pressões do líder supremo, Ali Khamenei, que chamava a denunciar os grandes usurpadores econômicos já condenados, declarou ontem que, de agora em diante, os processos serão abertos aos jornalistas e os nomes dos condenados serão publicados; e saudou a vitória do Presidente.

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Isto indica uma ameaça contra o poder judiciário e o próprio poder islâmico, dado que se este cair, aquele também cai. O fato que ele abandona a Rafsanjani pode ser muito significativo.

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O poder judiciário que não interveio contra os provocadores e a violência, se ligou imediatamente ao poder Executivo, sentindo o verdadeiro perigo da desestabilização e o perigo do golpe de uma revolução dentro da revolução, onde ele mesmo teria perdido o poder. Ao mesmo tempo, o faz para conter Ahmadinejad.


Estas eleições começaram na realidade já durante as 60 viagens do governo nas capitais das 28 regiões e em Teerã, em dois turnos, durante os quatro anos. Foram viagens de vários dias, com 30 visitas de ministros e do próprio Ahmadinejad às cidades e vilarejos remotos onde nenhum dos governos anteriores tinha jamais colocado os pés, aclamado por uma enorme massa de mulheres e homens, sobretudo jovens com propostas e os mais variados slogans e milhões de cartas.


Nestes anos, o governo desenvolveu todas as redes de infra-estrutura no país, gás, água potável, rede elétrica, academias de esporte, escolas, hospitais e outros serviços, concluindo centenas de obras incompletas que há anos estavam em estado de degradação, concertando as estradas onde morriam 30 mil mortos ao ano num país com 70 milhões de habitantes.

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O governo itinerante criou na realidade um segundo parlamento paralelo no país, provocando a ira de muitos parlamentares e dos apoiadores da minoria opositora que se sentiram superados pela planificação, investimentos e realizações em todos os lados, e começaram a sabotar os decretos, os programas sociais e o balanço anual do governo.

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As eleições tiveram como nunca o caráter de classe e revolucionário dado que o Irã, como cada país do mundo prisioneiro do apodrecido sistema capitalista, não vive tanto entre revolução e reforma, quanto entre revolução e contra-revolução; portanto, as forças capitalistas e os auto-proclamados reformistas, que nasceram já desde o início meio abortados, e com caráter e ações contra-revolucionárias, não podem pretender vencer sem a ajuda e a intervenção das forças imperialistas do mundo.

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Uma improvável vitória de Musavi não teria afastado uma provável agressão, mas, ao contrário teria incentivado uma intervenção, e a tal da “salvação à democracia” teria dado uma oxigenada e esperança ao moribundo sistema capitalista europeu e mundial; mas, de toda forma, como no caso do Paquistão, não teria podido mudar a rota do processo iraniano, criando, pelo contrário, desordem, guerras e tantas outras mortes.

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A consciência das massas populares já se consolidou e não volta atrás com os eletrochoques eleitorais. Isso requer do imperialismo, uma verdadeira provocação, como de fato fez com a explosão de nove vagões tanque “esquecidos” num túnel ferroviário; bem como as explosões nas grandes urnas de votação que foram descobertas a tempo.

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Uma delas, confessada pelos presos, ocorreu na sede onde a mulher de Rafsanjani votou e onde declarou de antemão que haveria irregularidades. Em caso de explosão que levaria à morte da Sra. Rafsanjani, o mecanismo seria semelhante ao sacrifício de Benazir Bhuto no Pakistão para fazer vencer o seu partido.


Votaram a favor de Musavi, toda a máfia; boa parte do grande aparato burocrático estatal; os extratos capitalistas não-produtivos; e os vira-casaca que, talvez graças ao irmão caído na guerra, tiveram proteção e maiores oportunidades que os transformou em milionários; os agiotas que, graças à política parcial dos bancos, a cobertura da magistratura e a ajuda das forças de segurança se apoderaram de fabulosas cifras; e parte da alta pequena-burguesia pró-ocidental que, até ontem andava disfarçada e agora, sob o luxo prefere, ao invés da expatriação ao ocidente, trazer o ocidente capitalista para o seu país.

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Os amantes de Kalvin Klein, Benetton, Gucci e Coca-Cola não chegariam aos consolidados 13 milhões de Musavi. Aqui há dois fatores. Um, os truques e a entrada em cena de última hora dos atores da “revolução verde”, que tiveram um certo efeito; o outro, é que numa guerra de classe se encontra politicamente ausente a classe proletária, que está com Ahmadinejad, bem como os aposentados, a classe operária de modo independente, com as próprias organizações sindicais e os próprios programas de apoio ao Presidente.

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A demonstração é que há 5 anos, 12.000 operários, ao festejar o primeiro de maio numa sala, organizaram a chamada Casa dos Operários; com a chegada de Rafsanjani, eles a abandonaram de uma só vez, criando a ira dos organizadores da tendência Tudeh (2) e dos sustentadores de Rafsanjani.

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A presença direta e organizada dos operários teria tido peso sobre a pequeno-burguesia isolando mais ainda os setores mais ricos e ligados diretamente à chamada burguesia pró-ocidental; aquela que insulta Ahmadinejad, Evo Morales e Chávez de feios como macacos.

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Análise do voto

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Resumidamente se analisa que houve um aumento da participação popular de 25% em 4 anos, entre o primeiro e segundo mandato de Ahmadinejad, passando dos 59,76% aos 85% (dos com direito a voto) agora, com 7 milhões de votos a mais; enquanto isso, os votos entre o primeiro e o segundo mandato de Khatami, passaram em 4 anos, dos 79,9% aos 67,77, com uma queda de 12,16%.

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Agora, dos quase 44 milhões com direito ao voto, 39.165.191, equivalente a 85%, participaram nas eleições.

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É o percentual mais elevado com relação a todas as votações realizadas até agora. Destes 24.527.516 para Ahmadinejad, ou seja, 62,63%, Musavi teve 13.216.411 (33,75%), e os outros dois, 2% e 1%, sendo 1% votos nulos.

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O Ministério do Interior anunciou os votos em número e percentual de todas as 28 regiões e da capital. Somente na cidade de Teerã e duas regiões – no Sistan Belucistan, na fronteira com o Afeganistão, Paquistão e o Mar de Omã e, no Azerbaijão Ocidental, na fronteira da Turquia – Musavi venceu com uma pequena maioria.

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Na cidade de Teerã, 2,166 milhões contra 1,809 milhões de Ahmadinejad. Em Sistan Belucistan, 507 mil contra 450 mil de Ahmadinejad. No Azerbaijão Ocidenta, 656 mil contra 623 mil de Ahmadinejad.

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Na região de Teerã, 3,819 milhões para Ahmadinejad e 3,371 milhões para Musavi, enquanto uma diferença notável pode ser vista em Kerman, Região de Rafsanjani, aliado de Musavi, com 1,160 milhões para Ahmadinejad e 0,318 milhões a Musavi.

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Em Mazandaran, região de Nateqnuri, aliado de Musavi, 1,289 milhões para Ahmadinejad e 585 mil a Musavi. Enquanto que na região natal de Ahmadinejad, ele teve 77% dos votos, com 295 mil contra 77 mil a Musavi.


Estas duas, Azerbaijão e Sistan Beluchistan são as regiões limítrofes onde o contrabando de gasolina de 0.6 centavos de euro/litro em Irã para a Turquia (de quase 2 dólares/litro) foi eliminado com o sistema eletrônico e de quotas pró-capita, golpeando a mafía e os seus ajudantes.

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Pode-se dizer a mesma coisa para Sistan Belucistan com o grande contrabando do Afeganistão, de ópio, através do porto livre de Chabahar no mar de Umã que havia se transformado em lugar de importação de açúcar, arroz, chá e objetos de luxo, contra os mesmos produtos nacionais e contra as importações oficiais com tarifas e taxações nacionais.

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Musavi instigava também os curdos e os beluci, enquanto minorias étnicas. Rezai, outro candidato de oposição, propunha criar uma federação econômica.

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Dois dados importantes: no Khuzistão petroleiro e industrial, foram 1,303 milhões para Ahmadinejad contra 552 mil a Musavi. Khorasan Central 2,214 milhões para Ahmadinejad e 884 mil a Musavi. Em Isfahan, 1,799 milhões contra 746 mil de Musavi. Em Fars, 1,7 milhões contra 706 mil de Musavi.

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Em Teerã, se entende o porquê da menor diferença, pois é onde a subdivisão do balanço estatal teve a parte do cérebro, onde fica o centro dos bancos, das finanças, das possibilidades e das relações e informações dos negócios, com as famílias dos carreiristas e prepotentes, inflados por um enriquecimento enorme improvisamente, com uma pequena-burguesia que já se sentia livre dos trajes e normas islâmicas.

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Um centro corrupto na moral, com comportamentos e relações no mercado do sexo. Um lugar onde estas famílias têm tido sempre acesso às TVs estrangeiras, VOA, BBC, CNN que são as que nestes dias colocam falsamente que a República Islâmica está à beira do desmanche; e onde foram publicados panfletos em formato A4 e A3, com papel grosso e brilhante, congratulando-se pela revolução verde antes que saíssem os resultados oficiais; onde se fez um centro, apoiado pelo imperialismo, para o controle das votações, colocando-as em dúvida já antes das eleições.

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As eleições estimularam o confronto de classe e agora, estamos caminhando para a guerra de classe com os personagens internacionais que já conhecemos.

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É preciso que todos tenham idéia e convicção para intervir onde estão. Na grande manifestação de Ahmadinejad com mais de um milhão de apoiadores no centro norte de Teerã, ele disse que é preciso ter paciência revolucionária e esperar que as coisas sigam pelas vias legais, e que o povo deve conter a própria raiva sem ceder às provocações.

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Ele está contendo o impulso e a raiva popular tratando de canalizá-los sem se afastar de Ali Khamenei, o guia supremo. Na manifestação estavam misturados jovens, mulheres e homens respeitosos entre si, sem divisões ou quaisquer obrigações.

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No fim do comício, ninguém queria ir-se, nem as pessoas, nem Ahmadinejad que ficou no palco por muito tempo, saudando e esperando que a multidão se movesse. Foi uma verdadeira simbiose, um diálogo contínuo entre o orador e a população onde ele parava, mas ouvindo os slogans e respondendo.

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1 Ex-presidente, reformista neo-liberal e apoiador do candidato da oposição burguesa.


2 Partido Comunista.

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Título do Vermelho

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Brasil de Fato
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in Vermelho - 14 DE JULHO DE 2009 - 18h07
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