Ministro das Finanças quer que as garantias de empréstimos a países mais frágeis sejam previamente aprovadas pelo parlamento alemão
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- Portugal e Espanha de novo sob pressão europeia
- O protagonista
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- Euro no valor mais baixo de há quatro anos
- Governos apenas têm resolvido problemas de curto prazo
- ? ??? ???? ????? sobre as novas regras de governação do euro
A Alemanha lançou ontem a confusão entre os países da zona euro ao reabrir a discussão sobre o mega pacote de 750 mil milhões de euros aprovado na semana passada para ajudar os países em dificuldades financeiras e evitar a propagação da crise da dívida grega ao resto da eurolândia.
A discussão foi relançada durante uma reunião dos ministros das finanças da zona euro que tinha entre os pontos em agenda um primeiro debate sobre as medidas de austeridade anunciadas por Portugal e Espanha para reduzir os respectivos défices orçamentais e dívidas públicas.
Até à hora do fecho desta edição, às primeiras horas de hoje, Teixeira dos Santos e Elena Salgado, ministros das Finanças de Portugal e Espanha, ainda não tinham tido a oportunidade de apresentar as medidas que lhes foram pedidas há dez dias pelos parceiros europeus para reforçar a credibilidade da zona euro perante os mercados financeiros, que continuam a especular sobre o risco de falência dos países mais vulneráveis.
Os dois ministros voltarão hoje a ter a oportunidade de explicar as opções assumidas em termos de austeridade durante uma outra reunião com os seus pares da União Europeia (UE) (ver texto nestas páginas). De acordo com um diplomata europeu, no entanto, a ministra espanhola recusa adiantar muitos detalhes, lembrando que os Vinte e Sete só terão o direito de se pronunciar formalmente sobre as medidas em Junho (ver texto nestas páginas).
De acordo com diplomatas europeus, os 16 ministros do euro dedicaram o essencial da reunião de ontem (que arrancou às 16 horas de Lisboa), a tentar ultrapassar a dificuldade de última hora levantada pela Alemanha sobre o fundo de protecção do euro.
Este mecanismo foi aprovado a muito custo durante uma cimeira de lideres da zona euro, complementada por uma longa maratona dos ministros das Finanças da UE em duas reuniões convocadas de emergência e em ambiente de quase pânico face aos riscos de implosão da zona euro. A ideia subjacente passa pela sua utilização em garantias sobre empréstimos contraídos no mercado financeiro e disponibilizados aos países que enfrentem problemas de liquidez enquanto consolidam as finanças públicas. Em troca, os países eventualmente beneficiários terão de apresentar rigorosos planos de austeridade destinados a credibilizar as respectivas estratégias orçamentais. O montante de 750 mil milhões de euros será repartido em 500 mil milhões a cargo da zona euro e FMI (250 mil milhões).
O factor Schäuble
A Alemanha, que aceitou contrafeita a criação deste fundo voltou ontem à carga para endurecer as condições da sua utilização: Wolfgang Schäuble, o seu ministro das finanças, exigiu que o mecanismo fosse construído de forma a permitir que o parlamento alemão se pudesse pronunciar sobre cada decisão de activação das garantias. "A Alemanha é o único país com esta exigência", afirmou um diplomata europeu.
A França, que, pelo contrário, defende há muito a instituição de um mecanismo de gestão de crises na zona euro, opôs-se a esta exigência, defendendo que o fundo foi criado precisamente para garantir um activação rápida, de modo a evitar os atrasos que marcaram a definição de uma ajuda semelhante (de 110 mil milhões de euros) que foi concedida há duas semanas à Grécia. De acordo com a generalidade dos analistas, incluindo do FMI e da OCDE, estes atrasos contribuíram muito para o agravamento da crise.
Christine Lagarde, ministra francesa das Finanças, reuniu-se aliás durante várias horas em sessão bilateral com Schäuble e Jean-Claude Juncker, primeiro ministro do Luxemburgo e presidente do eurogrupo, para tentar encontrar um compromisso, mas as negociações prometiam transformar-se numa nova maratona.
Angela Merkel, chanceler alemã, já tinha causado alguma consternação entre os outros países com as afirmações que fez durante o fim de semana num congresso sindical, em que deu a impressão de deitar achas para a fogueira dos especuladores contra o euro. O plano de 750 mil milhões não permitiu à zona euro fazer mais do que "ganhar tempo", e não resolver nenhum problema de fundo, afirmou. Aliás, prosseguiu, "é um facto que a especulação só tem sido possível e só é possível porque há enormes disparidades na solidez económica e no endividamento dos estados da zona euro". O que significa que é preciso resolver os problemas de "disparidades em termos de competitividade e de desvios orçamentais", defendeu.
A discussão foi relançada durante uma reunião dos ministros das finanças da zona euro que tinha entre os pontos em agenda um primeiro debate sobre as medidas de austeridade anunciadas por Portugal e Espanha para reduzir os respectivos défices orçamentais e dívidas públicas.
Até à hora do fecho desta edição, às primeiras horas de hoje, Teixeira dos Santos e Elena Salgado, ministros das Finanças de Portugal e Espanha, ainda não tinham tido a oportunidade de apresentar as medidas que lhes foram pedidas há dez dias pelos parceiros europeus para reforçar a credibilidade da zona euro perante os mercados financeiros, que continuam a especular sobre o risco de falência dos países mais vulneráveis.
Os dois ministros voltarão hoje a ter a oportunidade de explicar as opções assumidas em termos de austeridade durante uma outra reunião com os seus pares da União Europeia (UE) (ver texto nestas páginas). De acordo com um diplomata europeu, no entanto, a ministra espanhola recusa adiantar muitos detalhes, lembrando que os Vinte e Sete só terão o direito de se pronunciar formalmente sobre as medidas em Junho (ver texto nestas páginas).
De acordo com diplomatas europeus, os 16 ministros do euro dedicaram o essencial da reunião de ontem (que arrancou às 16 horas de Lisboa), a tentar ultrapassar a dificuldade de última hora levantada pela Alemanha sobre o fundo de protecção do euro.
Este mecanismo foi aprovado a muito custo durante uma cimeira de lideres da zona euro, complementada por uma longa maratona dos ministros das Finanças da UE em duas reuniões convocadas de emergência e em ambiente de quase pânico face aos riscos de implosão da zona euro. A ideia subjacente passa pela sua utilização em garantias sobre empréstimos contraídos no mercado financeiro e disponibilizados aos países que enfrentem problemas de liquidez enquanto consolidam as finanças públicas. Em troca, os países eventualmente beneficiários terão de apresentar rigorosos planos de austeridade destinados a credibilizar as respectivas estratégias orçamentais. O montante de 750 mil milhões de euros será repartido em 500 mil milhões a cargo da zona euro e FMI (250 mil milhões).
O factor Schäuble
A Alemanha, que aceitou contrafeita a criação deste fundo voltou ontem à carga para endurecer as condições da sua utilização: Wolfgang Schäuble, o seu ministro das finanças, exigiu que o mecanismo fosse construído de forma a permitir que o parlamento alemão se pudesse pronunciar sobre cada decisão de activação das garantias. "A Alemanha é o único país com esta exigência", afirmou um diplomata europeu.
A França, que, pelo contrário, defende há muito a instituição de um mecanismo de gestão de crises na zona euro, opôs-se a esta exigência, defendendo que o fundo foi criado precisamente para garantir um activação rápida, de modo a evitar os atrasos que marcaram a definição de uma ajuda semelhante (de 110 mil milhões de euros) que foi concedida há duas semanas à Grécia. De acordo com a generalidade dos analistas, incluindo do FMI e da OCDE, estes atrasos contribuíram muito para o agravamento da crise.
Christine Lagarde, ministra francesa das Finanças, reuniu-se aliás durante várias horas em sessão bilateral com Schäuble e Jean-Claude Juncker, primeiro ministro do Luxemburgo e presidente do eurogrupo, para tentar encontrar um compromisso, mas as negociações prometiam transformar-se numa nova maratona.
Angela Merkel, chanceler alemã, já tinha causado alguma consternação entre os outros países com as afirmações que fez durante o fim de semana num congresso sindical, em que deu a impressão de deitar achas para a fogueira dos especuladores contra o euro. O plano de 750 mil milhões não permitiu à zona euro fazer mais do que "ganhar tempo", e não resolver nenhum problema de fundo, afirmou. Aliás, prosseguiu, "é um facto que a especulação só tem sido possível e só é possível porque há enormes disparidades na solidez económica e no endividamento dos estados da zona euro". O que significa que é preciso resolver os problemas de "disparidades em termos de competitividade e de desvios orçamentais", defendeu.
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