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segunda-feira, maio 03, 2010

Delegações viram costas a discurso de Ahmadinejad na ONU Presidente do Irão pede expulsão dos EUA da AIEA 03.05.2010 - 17:47 Por Agências



Delegações viram costas a discurso de Ahmadinejad na ONU

Público - 03.05.2010 - 17:47 Por Agências
Várias delegações ocidentais, incluindo dos Estados Unidos, França e Reino Unido, deixaram a sala da conferência contra a proliferação nuclear, da ONU, durante o discurso do Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
O Presidente iraniano acusou os EUA de ameaçar usar o arsenal 
atómico 
O Presidente iraniano acusou os EUA de ameaçar usar o arsenal atómico (Chip East/Reuters)

Os delegados e diplomatas retiraram-se depois do responsável iraniano ter acusado os países com arsenal nuclear, nomeadamente os EUA, de “ameaçar” com armas atómicas os Estados que não as possuem. E apelou a que estes países sejam castigados. Trata-se de uma referência à nova estratégia nuclear apresentada no mês passado por Washington, refere a Reuters.

Na reunião que junta os 189 signatários do TNP, adoptado em 1970, o Presidente apelou para que “se considere qualquer ameaça de usar uma arma nuclear ou ataque contra instalações nucleares com uso pacífico como uma violação à paz e segurança internacional”. Ahmadinejad pediu ainda que os EUA sejam suspensos da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o organismo da ONU para o nuclear.

A conferência procura fortalecer o Tratado de Não Proliferação (TNP), que leva já 40 anos. O encontro foi aberto pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que apelou ao Irão que colabore com os esforços da comunidade internacional para deter o seu programa.

Hoje, a AIEA declarou não ter dados para confirmar ou desmentir o carácter pacífico do programa iraniano, que Teerão assegura ter fins exclusivamente civis. O seu director, Yukiya Amano, disse no encontro de Nova Iorque que “no caso do Irão, a agência continua a proceder a controles para se assegurar que os materiais declarados não são desviados”, cita a AFP. Mas a AIEA “continua incapaz de confirmar que todos os materiais nucleares são usados de forma pacífica, porque o Irão não colabora como devia”.

Em Outubro, a AIEA propôs a Teerão que entregue 70 por cento do seu urânio fracamente enriquecido para o transformar, primeiro na Rússia e depois em França, em combustível enriquecido a 20 por cento – que o regime diz necessitar para um reactor de investigação médica.

“Falta de confiança”

Invocando uma “falta de confiança”, o Governo iraniano rejeitou a proposta e sugeriu uma troca de combustível no seu território e em mais pequenas quantidades, o que foi rejeitado pelos países Ocidentais.

Está previsto que hoje os EUA revelem a composição detalhada do seu arsenal nuclear, uma informação que tem permanecido até agora confidencial, avança a AFP. A tarefa deverá caber à secretária de Estado, Hillary Clinton, também na sede da ONU. “Desclassificar as informações tidas até aqui como secretas é um passo significativo”, comentou o porta-voz da Defesa, coronel Dave Lapan, sem adiantar mais detalhes.

O diário "Washington Post", que no sábado revelou os planos de Washington, comentava que este será um passo para evitar que Ahmadinejad repita as suas exigências de mais controlo sobre os arsenais das nações nucleares.

A decisão segue-se, explica ainda o diário, a meses de debate sobre as vantagens e inconvenientes da divulgação dos números. A favor está o fortalecimento da posição de Washington nestas negociações do Tratado de Não Proliferação, mostrando quanto é que os EUA fizeram diminuir o seu arsenal desde a Guerra Fria. As objecções vêm sobretudo dos serviços secretos, que temem que a divulgação dos números dê dados a organizações terroristas para saberem quanto plutónio é necessário para fazer uma bomba.

Grupos de controlo de armas estimam que o arsenal norte-americano tenha 9 mil armas, com cerca de 5 mil activas e o restante em espera para desmantelamento.

Na última conferência de revisão do Tratado de Não Proliferação – segundo o qual os países signatários com armas se comprometem a reduzi-las e os que têm programas civis prometem não construir uma bomba – terminou em falhanço: muitos acusaram a Administração Bush de diminuir as suas obrigações de desarmamento.

Notícia actualizada às 18h16
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