Economia
O euro atingiu nesta segunda-feira (17) sua mais baixa cotação diante do dólar em quatro anos. A moeda europeia foi negociada a US$ 1,22 em Tóquio, seu menor valor desde abril de 2006. Em Wall Street, encerrou o pregão valendo US$ 1,24. Tal desempenho reflete a renitente preocupação dos investidores com a crise da dívida que abala as economias do velho continente, afetando com mais força a Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda e Itália.
Por Umberto Martins
Somente neste mês, o euro caiu mais de 7% em relação ao dólar, segundo informações da agência Reuters. No ano, a queda é de 14%, o pior resultado entre as principais moedas negociadas no mundo. Os recursos inéditos prometidos pelo FMI e União Europeia para contornar a crise e “blindar” o euro na semana passada, no valor de 1 trilhão de dólares, induziram uma breve recuperação da moeda comum, quer revelou-se, porém, um suspiro passageiro.
A velha luta de classes
A contrapartida que as duas instituições estão exigindo dos países “socorridos” é amarga para a classe trabalhadora e compromete a recuperação da economia. As medidas anunciadas pelos governos (da Grécia, Portugal e Espanha, entre outros), consideradas como um contrassenso pelos críticos e condenadas pelas forças de esquerda, sofrem forte oposição dos povos.
Na Grécia, trabalhadores e trabalhadoras já realizaram cinco greves gerais neste ano. Os sindicatos lideraram grandes manifestações em Portugal, França e Espanha, onde uma greve geral foi convocada pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) para 2 de junho contra o corte de salários do funcionalismo e outras medidas de arrocho que o governo social-democrata de José Luiz Rodríguez Zapatero pretende impor.
Remédio ou veneno?
Além de acirrar a luta de classe, os pacotes ditados pelo FMI, destinados a salvar os grandes bancos, têm caráter recessivo e tendem a funcionar como veneno em vez de remédio na medida em que enfraquecem as economias da região, obstruindo a recuperação, derrubando os PIBs e aumentando o desemprego, que já é um problema social gravíssimo por lá. Na Espanha, o índice de desocupados involuntários chega a 20% da População Economicamente Ativa (PEA).
A perspectiva de recaída na recessão está deixando os investidores ainda mais apreensivos e estimula a corrida contra o euro. Este movimento alterou notavelmente a conjuntura nos mercados de câmbio. Aparentemente, o dólar, que vinha em queda depois de uma breve recuperação no segundo semestre de 2008, reforçou sua posição hegemônica entre as principais moedas do mundo.
Moeda e produção
Tal aparência, contudo, pode ser enganosa, pois não está em correspondência com os fundamentos da economia norte-americana. Os EUA são donos do maior passivo externo do mundo, estão às voltas com dívidas e déficits monumentais e dependem a cada dia mais de capital alheio para manter a supremacia do dinheiro que emitem. É isto que debilita o padrão dólar.
De qualquer modo, é inegável que o euro parece a caminho do precipício e não são poucos os analistas que temem pela sua sobrevivência. A crise da dívida pode resultar no afastamento de alguns países da zona do euro e exacerbar a crescente desconfiança dos investidores com os destinos da União Europeia e sua moeda comum.
Em última instância, a força relativa de uma moeda nacional (ou multinacional, como é o caso do euro) reflete o poderio econômico da nação ou do conjunto de nações que representa. Afinal, o dinheiro, conforme notou Karl Marx, nada mais é que um símbolo de valor ou, em outras palavras, de trabalho abstrato. Reflete, portanto, a produção e a produtividade das nações, como assinalou o economista norte-americano Stephen Roach.
Prosperidade e decadência
A crise mundial do capitalismo aprofundou a decadência relativa da Europa, cuja anemia econômica antecede em alguns bons anos a recessão iniciada no final de 2007 nos Estados Unidos. O dinamismo e a prosperidade do pós-guerra, que forneceu a base material para o Estado de Bem Estar Social, durou até os anos 1970 e parece ter ficado definitivamente para trás. Sobreveio a progressiva redução das taxas de crescimento dos PIBs e o “pleno emprego” cedeu lugar ao desemprego estrutural e massivo. O euro, que despontou como um forte concorrente do dólar, não poderia permanecer indiferente ao declínio.
Hoje, a moeda comum europeia já não parece um desafio para o dólar e provavelmente não é mesmo. O perigo à hegemonia monetária dos EUA, que se projeta em médio prazo, procede mais da Ásia. Vem do iuane chinês, embora ele ainda não seja uma moeda plenamente conversível. Afinal, o poder da moeda reflete a força produtiva e não o contrário, ou seja, tem origem na indústria e não na capacidade bélica. Restam poucas dúvidas quanto à crescente superioridade da chamada economia socialista de mercado da China sobre as decadentes potências capitalistas ditas do Ocidente (EUA, Europa e o oriental Japão).
Somente neste mês, o euro caiu mais de 7% em relação ao dólar, segundo informações da agência Reuters. No ano, a queda é de 14%, o pior resultado entre as principais moedas negociadas no mundo. Os recursos inéditos prometidos pelo FMI e União Europeia para contornar a crise e “blindar” o euro na semana passada, no valor de 1 trilhão de dólares, induziram uma breve recuperação da moeda comum, quer revelou-se, porém, um suspiro passageiro.
A velha luta de classes
A contrapartida que as duas instituições estão exigindo dos países “socorridos” é amarga para a classe trabalhadora e compromete a recuperação da economia. As medidas anunciadas pelos governos (da Grécia, Portugal e Espanha, entre outros), consideradas como um contrassenso pelos críticos e condenadas pelas forças de esquerda, sofrem forte oposição dos povos.
Na Grécia, trabalhadores e trabalhadoras já realizaram cinco greves gerais neste ano. Os sindicatos lideraram grandes manifestações em Portugal, França e Espanha, onde uma greve geral foi convocada pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) para 2 de junho contra o corte de salários do funcionalismo e outras medidas de arrocho que o governo social-democrata de José Luiz Rodríguez Zapatero pretende impor.
Remédio ou veneno?
Além de acirrar a luta de classe, os pacotes ditados pelo FMI, destinados a salvar os grandes bancos, têm caráter recessivo e tendem a funcionar como veneno em vez de remédio na medida em que enfraquecem as economias da região, obstruindo a recuperação, derrubando os PIBs e aumentando o desemprego, que já é um problema social gravíssimo por lá. Na Espanha, o índice de desocupados involuntários chega a 20% da População Economicamente Ativa (PEA).
A perspectiva de recaída na recessão está deixando os investidores ainda mais apreensivos e estimula a corrida contra o euro. Este movimento alterou notavelmente a conjuntura nos mercados de câmbio. Aparentemente, o dólar, que vinha em queda depois de uma breve recuperação no segundo semestre de 2008, reforçou sua posição hegemônica entre as principais moedas do mundo.
Moeda e produção
Tal aparência, contudo, pode ser enganosa, pois não está em correspondência com os fundamentos da economia norte-americana. Os EUA são donos do maior passivo externo do mundo, estão às voltas com dívidas e déficits monumentais e dependem a cada dia mais de capital alheio para manter a supremacia do dinheiro que emitem. É isto que debilita o padrão dólar.
De qualquer modo, é inegável que o euro parece a caminho do precipício e não são poucos os analistas que temem pela sua sobrevivência. A crise da dívida pode resultar no afastamento de alguns países da zona do euro e exacerbar a crescente desconfiança dos investidores com os destinos da União Europeia e sua moeda comum.
Em última instância, a força relativa de uma moeda nacional (ou multinacional, como é o caso do euro) reflete o poderio econômico da nação ou do conjunto de nações que representa. Afinal, o dinheiro, conforme notou Karl Marx, nada mais é que um símbolo de valor ou, em outras palavras, de trabalho abstrato. Reflete, portanto, a produção e a produtividade das nações, como assinalou o economista norte-americano Stephen Roach.
Prosperidade e decadência
A crise mundial do capitalismo aprofundou a decadência relativa da Europa, cuja anemia econômica antecede em alguns bons anos a recessão iniciada no final de 2007 nos Estados Unidos. O dinamismo e a prosperidade do pós-guerra, que forneceu a base material para o Estado de Bem Estar Social, durou até os anos 1970 e parece ter ficado definitivamente para trás. Sobreveio a progressiva redução das taxas de crescimento dos PIBs e o “pleno emprego” cedeu lugar ao desemprego estrutural e massivo. O euro, que despontou como um forte concorrente do dólar, não poderia permanecer indiferente ao declínio.
Hoje, a moeda comum europeia já não parece um desafio para o dólar e provavelmente não é mesmo. O perigo à hegemonia monetária dos EUA, que se projeta em médio prazo, procede mais da Ásia. Vem do iuane chinês, embora ele ainda não seja uma moeda plenamente conversível. Afinal, o poder da moeda reflete a força produtiva e não o contrário, ou seja, tem origem na indústria e não na capacidade bélica. Restam poucas dúvidas quanto à crescente superioridade da chamada economia socialista de mercado da China sobre as decadentes potências capitalistas ditas do Ocidente (EUA, Europa e o oriental Japão).
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