Dia a dia
Negócios à portuguesa
Nos mesmos dias em que os portugueses de baixa e média condição têm de apertar o cinto, ficámos a saber que as vendas de automóveis de topo de gama não abrandam. Como não abrandam os negócios imobiliários que resplandecem a partir de dois ou três dígitos nem o consumo de uma super-elite blindada em relação a qualquer espécie de crise. E que mal tem isso, podemos sempre perguntar!?
- 0h30 - 2010.05.18 - Correio da Manhã
Na verdade, nenhum se tudo isso resultasse de uma economia saudável, competitiva, internacionalizada e reprodutora do investimento e da inteligência nos negócios. Se tudo isso resultasse de um sector privado forte, com igual capacidade de iniciativa na indústria como no sector financeiro. Não haveria mal nenhum em ter uma elite muito rica se não fossem apenas os bancos quase exclusivamente o motor de uma economia dependente da vontade do imperador de serviço em S. Bento. O problema é que a realidade é outra. Grande parte da riqueza que por aí anda tem uma proveniência totalmente desconhecida. Os níveis de cifras negras no branqueamento de capitais são muito elevados. A especulação financeira a partir da classificação de solos é galopante. O poder de fiscalização do Estado, seja na justiça ou em outros órgãos, é quase nula. O que poderíamos, afinal, esperar de tanto negócio à portuguesa?
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Dia a dia
O Mundo mudou...
Afinal o mundo mudou nos últimos 15 dias, também para o nosso primeiro-ministro. O homem cheio de certezas inabaláveis que demolia qualquer crítica com uma gritaria de fé foi ontem obrigado a reconhecer o óbvio, que há meses lhe andavam a dizer: as contas públicas abanam numa perigosa corda bamba e o financiamento da economia está longe de estar garantido.
- 14 Maio 2010 - Correio da Manhã
Portugal não é a Grécia, mas o que dizer das imagens penosas de dois políticos (Sócrates e Passos Coelho) que ontem se apresentaram com o ar mais humilde que lhes era possível a pedir desculpas aos portugueses!? Estes dois políticos são o rosto de hoje de políticas que há 30 anos fazem o mesmo: gerem a economia como instrumento eleitoral da política ou, melhor dizendo, da manutenção dos seus próprios benefícios e interesses.
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Quando a coisa corre mal são sempre os mesmos trabalhadores por conta de outrem, funcionários públicos e pensionistas a fazer furos no cinto. Este indecoroso Bloco Central vai tributar rendimentos de 500 e poucos euros. Vai encarecer medicamentos a quem já não os pode comprar. Vai aumentar bens de primeira necessidade. Vai asfixiar as famílias e a economia. Tudo porque o mundo mudou nos últimos 15 dias, como diz Sócrates. E Portugal quando muda e varre estes políticos para bem longe!?
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Dia a dia
Os erros deste PS
Um dos erros habituais neste PS é transformar um erro, um disparate, um dislate, num ataque a alguém. Foi assim com os juízes, com os professores, com os jornalistas.
- 08 Maio 2010 . Correio da Manhã
Em todos os casos, o Governo foi obrigado, muito tempo e muito desgaste depois, a recuar para uma barricada já muito apertada. Ou mudando leis, ou mudando ministros, ou reagindo acossado. É o que se passa agora com o caso dos gravadores subtraídos a jornalistas pelo deputado Ricardo Rodrigues. Como se o episódio não fosse, por si, lamentável e um sinal – mais um – do pouco respeito que este PS tem pela liberdade de imprensa, alguns apaniguados do deputado Rodrigues têm-se esfalfado por levantar um debate sobre o jornalismo. Está na hora de dizer que estes senhores estão, no mínimo, equivocados.
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O essencial do episódio está no comportamento do deputado e não no dos jornalistas. Os senhores deputados, ministros e quejandos do PS têm de habituar-se, de vez, à ideia de que o escrutínio sobre o exercício dos cargos públicos é o oxigénio da democracia. Têm de perceber que todas as perguntas são possíveis e que podem reagir como quiserem menos subtraindo gravadores, batendo em jornalistas ou ameaçando que fazem queixa aos respectivos patrões. Como disse um influente militante socialista assim que Sócrates chegou ao poder: habituem-se!
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