A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quinta-feira, maio 27, 2010

Cozido à portuguesa - Sair do euro



Quanto mais tempo irá alguém defender, sem corar de vergonha, que estar no euro foi bom para Portugal?
  • 26 Maio 2010 - Correio da Manhã
Por:Domingos Amaral, Director da 'GQ'
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Oito anos depois da entrada no euro, o que ganhou Portugal com isso? Por mais que nos esforcemos, não é fácil descobrir vantagens. O crescimento económico do país foi sempre próximo do valor de 1% ao ano, uma miséria. Sem a desvalorização do escudo, as nossas exportações foram alegremente perdendo quotas de mercado, uma tendência que a globalização e a abertura à China só agravaram. Por outro lado, a despesa do Estado não compensou esta quebra de crescimento, o que era esperado, pois o euro impunha grandes restrições à despesa pública. Ficámos pois nas mãos do consumo, essencialmente do privado, e esse de facto aumentou sempre, mas mal, pois a maioria das coisas que consumíamos era importada. A somar-se à quebra no crescimento, deu-se o desequilíbrio externo, cada vez mais pronunciado. 
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A economia atrofiava, e as recessões, ou quase recessões, sucederam-se. Sem surpresa, as receitas que o Estado conseguia através dos impostos caíram, provocando um crónico deficit orçamental. Por três vezes, em 2002, 2005 e 2009, o deficit cresceu para lá dos limites permitidos pela Europa, deitando abaixo Guterres, Santana, e retirando a maioria absoluta a Sócrates. Ao contrário do que é habitual dizer-se, estes deficits não foram apenas culpa dos governos, mas eram uma espécie de consequência automática da recessão. Mal a cobrança de impostos descia, o deficit crescia. E qual foi o correctivo decidido? Nos três casos, aumentaram-se mais os impostos. Barroso, em 2003; Sócrates, em 2005; e de novo Sócrates, em 2010, quebraram promessas eleitorais, e subiram as taxas. Ou seja, a carga fiscal sobre os portugueses subiu sempre, em mais um efeito terrível provocado pelo euro.
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Além disso, e ao mesmo tempo, a ilusão monetária da descida das taxas de juro lançou o país numa espiral de dívida. Banca, empresas e particulares endividaram-se até à estratosfera. Quando a recessão internacional chegou, a loucura tornou-se finalmente evidente e temeu-se a bancarrota.
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Oito anos depois do euro, é este o retrato do país. Crescimento nulo, desemprego elevado, carga fiscal pesadíssima, endividamento externo e interno insustentáveis. Quanto mais tempo irá alguém defender, sem corar de vergonha, que estar no euro foi bom para Portugal? Está é na altura de sair, e depressa...
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