A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sábado, maio 01, 2010

SALAZAR NÃO ERA LADRÃO? - Armando Manjamanga

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SALAZAR NÃO ERA LADRÃO?

"[Há quem diga que] Salazar não era ladrão. É verdade, ou julgo que é verdade - mas no plano individual. Em política, é diferente: Salazar era "ladrão", mas um ladrão ideológico e conceptual, pois roubou (com o apoio duma camarilha fascizante) a Portugal o desenvolvimento, o livre exame e a liberdade. É dessa acção que ainda agora estamos a sofrer os efeitos negativos. Vejamos: um homem público, um dirigente, não é comparável a uma governanta ou um mordomo - honestinhos e de boas maneiras. Um dirigente, um governante, tem de ter outros requisitos: capacidade de gestão, de previsão do futuro, de bom manejo do presente. Não basta que um governante não ande a roubar carteiras publicamente. Não basta que um governante seja casto ou delicadinho com os porteiros dos ministérios. O cargo tem outro nível e outro patamar de exigencia conceptual: Churchill era um gastrónomo, ao contrário do frugal Salazar; um mulherengo, ao contrário do decentíssimo e familiar Cavaco; um amante do copo e do fumo, ao invés do contido e respeitável Marques Mendes - mas era um grande estadista, enquanto estes decentes cidadãos não passam de medíocres enquanto homens públicos. O que se exige de um político bom é que seja positivo para o progresso da nação e do povo. Não se julga um político pelos mesmos critérios com que se julgaria um desejável genro nosso ou um vizinho num condomínio ou num prédio. Disraeli era um beberrão, Pompidou era um gastador na sua vida privada - mas foram grandes homens. Salazar era um padreca de bons modos - mas fez o povo sofrer com a sua mentalidade de capataz de quinta beirão. Foi devido à herança mental de Salazar que Portugal se atrasou. Torga bem o disse: "O pior mal que Salazar fez aos portugueses não foi tanto tirar-lhes o pão mas, sobretudo, tirar-lhes a coragem de viver autonomamente e a imaginação de existir". Podia ser honesto na sua domesticidade, mas pública e politicamente foi, de facto, um salafrário. Que ainda nos está, mediante a sua memória inscrita na mente de ingénuos ou mal-intencionados, a prejudicar e muito."

Armando Manjamanga (in Portugal Diário)



Estrada do Alicerce

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