A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quinta-feira, junho 04, 2009

Tempos bicudos para o sindicalismo


Nivaldo Santana:


Em artigo publicado em seu blog, Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), analisa o papel do movimento sindical em meio à crise do capitalismo. Como ponto de partida, recorre ao exemplo do Sindicato de Trabalhadores Automotivos dos Estados Unidos — o UAW —, que se tornou proprietário de 17,5% da GM, mas concordou em não fazer greves até 2015.


Para Nivaldo, “a crise impõe pesadas derrotas aos assalariados, mas abre uma janela de oportunidades: nessa situação, os campos ficam mais claros, os interesses antagônicos das classes sociais mais nítidos e a luta pelo socialismo ganha um reforço no plano das ideias”. Confira abaixo a íntegra do artigo.

Tempos bicudos

Por Nivaldo Santana, em seu blog

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Vejam as notícias abaixo:

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O novo papel do sindicato (The New York Times, 02/06/2009)

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Durante décadas, o Sindicato de Trabalhadores Automotivos (UAW, na sigla em inglês) dos Estados Unidos tinha uma estratégia simples para conseguir o que queria das montadoras — ir à greve. A tática revelou-se tão bem sucedida que a mera ameaça de uma greve de trabalhadores freqüentemente garantia melhores salários, benefícios e segurança no trabalho.

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Agora, com a General Motors e a Chrysler em falência, e o sindicato se tornando acionista majoritário tanto dos fundos de assistência à saúde como de aposentadoria, a vida ficou muito mais complicada para o UAW. O sindicato, que nasceu dos conflitos trabalhistas, se comprometeu a não entrar em greve contra as duas empresas antes de 2015, como parte do plano de salvamento martelado pela administração Obama.

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O acordo de paz mediado pode ajudar a terminar a relação antagônica entre o sindicato e a gerência das montadoras, e determinar o futuro não só da GM e Chrysler, mas também do próprio UAW. (...)

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Trabalhadores da GM fazem concessões para tentar salvar empregos nos EUA (BBC Brasil, 29/05/2009)

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Três quartos dos trabalhadores da montadora americana GM concordaram, nesta sexta-feira, com uma série de concessões para tentar manter o maior número possível de empregos na empresa. O sindicato UAW (United Auto Workers) disse que 74% dos 54 mil filiados votaram a favor do acordo.

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Entre as concessões, está o compromisso de não entrar em greve até 2015. A maioria dos trabalhadores concordou também em congelar seus salários e bônus e cortar benefícios de saúde para aposentados. O sindicato diz que as concessões devem gerar uma economia anual entre US$ 1,2 bilhão e US$ 1,3 bilhão. Em troca, os sindicatos devem receber 17,5% da GM quando a montadora ressurgir da concordata como uma nova e menor empresa.

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Apesar do acordo desta sexta-feira, a GM deve anunciar o fechamento de 21 mil vagas de trabalho e 14 fábricas. A empresa ainda deve anunciar onde serão os cortes. O plano é que a empresa se reestruture com menos custos de produção, dívidas muito menores e menos fábricas, modelos, marcas e concessionárias. O processo de concordata, supervisionado judicialmente, deve começar na segunda-feira.

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Comentário: o capitalismo vive provavelmente a maior crise de sua história. O furacão começou nos EUA, se propagou pela Europa Ocidental e Japão e atingiu todo o mundo. A duração, amplitude e profundidade da crise ainda não podem ser mensuradas, mas o certo é que ela deixará pesadas consequências políticas, econômicas e sociais.

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A crise, pelas suas características e particularidades, atinge de forma desigual cada um dos países. À primeira vista, a situação é mais dramática nos países capitalistas centrais, principalmente nos EUA.

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Nesse país, ícones do capitalismo estão quebrando: bancos, seguradoras, indústrias automobilísticas. O Tesouro americano torra trilhões de dólares para evitar a bancarrota total do sistema. Se a situação é dura para boa parte da burguesia, para os trabalhadores ela é dramática.

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Para quem vive da venda da força de trabalho a crise atende pelo nome de desemprego. Privado do salário, o trabalhador fica pendurado na brocha, não tem meios de subsistir e fica refém de acordos leoninos como os que ocorrem nas montadoras dos EUA.

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Essa situação-limite não tem nada a ver com um alegado novo papel do sindicato. É uma etapa específica, de crise profunda, onde a correlação de forças impõe severas concessões por parte dos assalariados. Essas concessões serão maiores para sindicatos mais propensos à conciliação do que à luta.

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Tudo isso, no entanto, são as vicissitudes da luta de classes no capitalismo. Enquanto houver esse imbricamento entre trabalho assalariado e capital, as relações serão de exploração crescente, sempre em prejuízo do elo mais fraco dessa corrente, que é o trabalho.

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Do ponto de vista histórico, só nos marcos de uma nova sociedade, socialista, que dê fim ao trabalho assalariado, é que os trabalhadores se emanciparão dessa sina cruel. No futuro, homens e mulheres trabalharão para viver melhor, diferentemente de hoje, onde vivem apenas para trabalhar, quando conseguem trabalhar.

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A crise impõe pesadas derrotas aos assalariados, mas abre uma janela de oportunidades: nessa situação, os campos ficam mais claros, os interesses antagônicos das classes sociais mais nítidos e a luta pelo socialismo ganha um reforço no plano das ideias. Não é tudo, mas é muito!


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in Vermelho - 4 DE JUNHO DE 2009 - 17h08
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