A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sábado, maio 05, 2007



As voltas que o Mundo dá

* Victor Nogueira

«Como nação, começamos declarando que todos os homens nascem iguais. Agora, lemos que todos os homens nascem iguais, excepto os negros. Quando os ignorantes assumirem o controle, leremos: todos os homens nascem iguais, excepto os negros, estrangeiros e católicos. Quando chegarmos a isso, emigrarei para algum país onde ninguém finja amar a liberdade – para a Rússia, por exemplo, onde o despotismo é claro, sem hipocrisia» Abraham Lincoln (1809 – 1865)

Começo a pensar se vale a pena ou tem algum interesse escrever para o PortugalClub. Sei que estudar, pesquisar e escrever fazem parte da minha profissão. E isso dá trabalho , que pode ser mais ou menos gostoso ou custoso!

Agora me digam, quem lê o PortugalClub? Um milhão? Dois milhões? Ou é um Club de «amigos»? Intervenientes ou maioria silenciosa? O que escrevo dá trabalho e pode ser objecto de contraditório. Mas onde estão a reflexão, ponderação ou abertura ao contraditório de quem escreve «parasitas inuteis que nada fazem para sobrevivermos como NACAO» e acrescenta «Concluindo temos que ser radicais e determinados a acabar com a MERDA que nos cerca»?

Onde está a razoabilidade e como interpretar escritos do estilo: «ONDE ESTA/ESTAO AQUELES QUE DIZEM QUE TEM OS C@Lh@@S NO LUGAR PARA LEVAR TODOS OS IMPOSTORES A CADDDDEIRA ELECTRICA (CREIO QUE UM PANTANO INFESTADO DE JACARES OU CROCODILOS) SERIA UM CASTIGO MUITO SUAVE PARA ELES»? Ou será isto fina ironia que massa bruta como eu não alcança?

Onde está o trabalho de quem despeja uma caterva de frases de Salazar, incluindo «a graça de ter nascido pobre», sem mais? Que custa escrever em estilo definitivo e categórico «os Comunistas portugueses sempre lutaram por uma coisa só!.... Subjugar os Povos do Mundo, tornando-os escravos de Titadores tiranos e demoniacos. Recebem ordens directo dos Infernos. por isso usam a Cor Vermelha do Fogo do Inferno»?

E se a esta última se responder com ironia, dizendo que «vermelho» é também a cor da bandeira portuguesa republicana, do tempo em que não havia «comunistas» ou que é uma cor querida da Santa Sé ou a do Sport Lisboa e Benfica? Estarão estes todos usando «a Cor Vermelha do Fogo do Inferno» e recebendo .«ordens directo dos Infernos»? E que dizer da Cruz Vermelha? Estará também PortugalClub, onde predomina o encarnado, recebendo ordens de Lúcifer ou de Belzebu? E voltando aos sinais de trânsito, vamos ou não abolir o vermelho pelas suas conotações em mentes abertas que aqui se pronunciam e PortugalClub «livre» e «democraticamente» espalha aos quatro ventos?

Vermelho «não é também a cor do Nascer do Sol (que todos os dias vejo da varandas da casa onde moro) ou do Sol Poente (que todos os dias via da varanda da casa onde os meus pais moravam em Luanda, espelhada no oceano atlântico rumo ao Brasil)? Se usar de ironia. lá virá o rótulo e não o «contraditório» sobre o que escrevo, lá virão as estafadas conversas sobre a URSS que nunca aparece nos meus escritos, tal como os EUA ou o Reino Unido, a não ser de raspão? Eu escrevo sobre Portugal. E depois o amigo de quem agora toda a gente fala deu uma lição de civismo com sua abertura e espírito tolerante? Francamente! As diatribes e bocejos do amigo de quem toda a gente fala são incentivo para que eu ou alguém como eu escreva? É de cavalheiro de espírito aberto alguém escrever: «Não é sem uma ponta de comiseração que verifico a sua crescente falta de imaginação e a sua lancinante tentativa para ter alguma pontinha de graça nas sua manifestações cada vez mais prolixas e desconexas. Mas continue, por favor.»

Se eu tivesse ficado calado depois disto, estaria agora todo o mundo cortejando o amigo de quem se fala ou escrevendo «Parabéns … por nos ter enriquecido com o exemplo do seu gesto dignificante», considerado «como adversário que usa as armas da lealdade, da decência, da frontalidade e da honestidade»? Mas menos duma centena de quilómetros me separam do amigo de quem se fala, que deve ter uma biblioteca tão grande como a minha, que dará matéria para civilizado e ameno bate-papo se assim quiser. E quando alguém escreve e bisa em letras garrafais «Aquela gente de Lisboa não tem limites. (…) Só tem safado» não reparou que está escrevendo coisa sem jeito e podendo até ofender «amigos» de Lisboa?. Ou estou vendo mal e isto é fina ironia, humor diamantífero?

Querem falar da repressão e da democracia ou falta dela? Falem da repressão e da democracia ou falta dela, seja na Grécia Antiga, na Roma Imperial, nos EUA, no Reino Unido, no Brasil, na China, na URSS ou no Canadá, Indonésia ou Nova Zelândia, de hoje ou de ontem. Agora temos de pôr algumas questões que são: porque se organizam as sociedades, porque surgiu o Estado, que é isso de democracia, quem beneficia da democracia e que mecanismos ela utiliza para se defender.

Como disse Abraham Lincoln “Pode enganar-se parte do povo todo o tempo; pode enganar-se todo o povo algumas vezes; mas não se consegue enganar todo o povo todo o tempo”.

A Revolução Francesa (1789) foi uma revolução burguesa que permitiu o desenvolvimento do capitalismo (economia de mercado é outra coisa) sob o lema da «Liberdade, Igualdade e Fraternidade» e que os exércitos napoleónicos espalharam pela Europa Monárquica e Absolutista e pelos territórios de Além Mar. Foi sua inspiradora a Revolução Americana (1777), pela qual uma colónia separou-se violentamente da poderosa potência colonizadora – o Reino Unido – proclamando que «todos os homens nascem livres e iguais em direitos». Mas foi preciso uma sangrenta Guerra Civil para que a escravatura fosse abolida mas não restabelecida a igualdade. Foi Abraham Lincoln, Presidente da República dos EUA (1861-1865) e um herói americano assassinado a mando dos derrotados esclavagistas que afirmou em Gettysburg (1863) «que todos nós aqui presentes solenemente admitamos que esses homens não morreram em vão, que esta Nação com a graça de Deus venha gerar uma nova Liberdade, e que o governo do povo, pelo povo e para o povo jamais desaparecerá da face da terra»

(http://www.arqnet.pt/portal/discursos/novembro01.html).

A Revolução Francesa foi precedida de outras revoluções na Europa que lograram impor o poder da burguesia nascente: Revolução Inglesa, ocorrida no século XVII, com a efémera implantação da República chefiada por Cromwell (http://www.algosobre.com.br/ler.asp?conteudo=455), a Revolução dos Países Baixos, que possibilitou o aparecimento da primeira nação européia a assumir uma forma de governo republicana (Tratado de Münster – 1648).

Há quem pretenda que a 1ª revolução burguesa se verificou em Portugal, em 1383, mas essa foi abafada com a perseguição aos judeus/capitalistas e a instauração da Inquisição, resultante do conluio entre os monarcas de Portugal e Castela que assim procuravam condições para fortalecer o poder da monarquia e a unificação das duas coroas.

E dá que pensar porque o capitalismo e a burguesia só conseguiram começar a impor-se depois de quebradas as amarras com a Igreja de Roma! O século XIX viu triunfar na Europa ainda monárquica e absolutista os valores «liberais da «igualdade» e da abolição dos privilégios, hoje consubstanciada na Declaração Universal dos Direitos do Homem, publicada no PortugalNotícias em 2006.Maio.06, conjuntamente com a Declaração Sobre a Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais (1960) Ora a caminhada da humanidade é no sentido da democracia e do governo do Povo, donde estão excluídos privilégios de «sangue», como aquele que as monarquias e nobreza reclamam.(http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/textos/historia.htm) Por isso me causa alguma perplexidade que se venha pôr em causa o carácter republicano do regime português e um hipotético regresso da monarquia entronizada no senhor Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael de Bragança. Os nobres já não têm feudos, o dinheiro e o poder já não estão nas mãos da nobreza, cujos reclamantes vestem como todo o mundo pois já não há leis que permitam distingui-los do comum dos mortais pela rouparia! E depois, serão nobres os barões, duques e viscondes «nobilitados» no século XIX, a troco de quê ou porquê?

Ou será que algum Encoberto, em nome da Grande Castela, a Monárquica que Franco não pôs em causa, prepara caminho para integrar um ressuscitado Reino de Portugal, que António de Oliveira Salazar não permitiu ou admitiu?

2006.Maio.23 Victor Nogueira

Em tempo – não vale ficarem esquentados e só lerem uma palavra e, a partir daí, com ironia ou seriedade, ficarem batendo furiosamente nas teclas, vendo tudo vermelho ou negro à sua frente. Como alguém aqui escreveu, prefiro o conjunto das cores do arco-íris com seus infinitos matizes.

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