A Internacional

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segunda-feira, julho 26, 2010

Casas alugadas já são 20 por cento dos 5,7 milhões de fogos em Portugal

  
Nos últimos quatro anos, a oferta de fogos para alugar quadruplicou na área metropolitana de Lisboa RUI GAUDÊNCIO
Por Luísa Pinto e Rosa Soares

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O mercado de arrendamento está a ganhar expressão a nível nacional. Dos 5,7 milhões de fogos que existem em Portugal, cerca de 20 por cento estão ocupados por via do arrendamento. Apesar de ainda estar muito longe das médias europeias (pior do que Portugal, só está a Espanha, com cerca de 14 por cento dos fogos ocupados por via do arrendamento, segundo dados da Confederação da Construção e do Imobiliário), a verdade é que este segmento começa a surgir com maior relevância na forma de habitação em Portugal.

Não foi sempre assim, e os operadores (mediadoras, construtores, proprietários) notam que a procura tem vindo a aumentar. Cerca de 20 por cento das intenções de pesquisa realizadas no portal CasaYes - propriedade da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, APEMIP, que representa os profissionais da mediação - destinam-se ao arrendamento residencial. O que está a levar as pessoas a procurar casas para alugar? Vários agentes contactados pelo PÚBLICO explicam que o arrendamento não é só uma opção de recurso face às dificuldades de financiamento - há até quem diga, como o director-geral da Era Imobiliária em Portugal, Miguel Poisson, que "o aumento do segmento do arrendamento é um bom barómetro da dificuldade no acesso ao crédito para muitas famílias". Mas também há argumentos, como os do presidente da Confederação da Construção e do Imobiliário, Manuel Reis Campos, dizendo que se foi tornando na opção principal de algumas famílias, que valorizam ora o receio, face à conjuntura, de assumir compromissos financeiros a longo prazo, ora dão maior valor ao aumento da mobilidade que essa solução lhes permite.

Neste novo paradigma é, aliás, a procura que está a "forçar" os proprietários e promotores imobiliários a encararem esta possibilidade numa conjuntura em que também não conseguem escoar os fogos que têm em carteira. A oferta de fogos colocados no mercado de arrendamento tem vindo a crescer de forma evidente: em quatro anos, a oferta de fogos para alugar quadruplicou na área metropolitana de Lisboa e passou de 3200 fogos em 2005 para quase 13 mil no final de 2009. No Porto, o volume de fogos aumento 50 por cento, entre o início de 2008 e o final de 2009, e oferta permanece agora estabilizada em torno dos 4500 fogos.

Alugar e depois comprar

Estes dados, apurados pelo Confidencial Imobiliário (CI), empresa que se dedica a fazer estatísticas no sector, ajudam a perceber a dimensão deste novo paradigma de mercado: o arrendamento começa a ser a opção de muitos consumidores, e a um aumento de procura corresponde um aumento de oferta. A CI desenvolveu um índice de valorização das rendas para estas duas áreas metropolitanas, e esse índice começa a dar sinais de que oferta e procura se estão a ajustar.

Mesmo assim, Luís Lima, presidente da APEMIP, recusa a possibilidade de se falar de um boom no mercado de arrendamento, até porque, "se a procura aumentou significativamente, o mesmo não aconteceu à oferta, pelo menos na mesma percentagem". "Isto explica-se pelo facto de os portugueses, mesmo em tempos de aperto, não sonharem ser inquilinos, enquanto os proprietários estão longe de confiar na legislação que rege o mercado de arrendamento urbano", afirmou.

Alguns desses proprietários, mesmo não confiando na legislação, têm apostado nos contratos de arrendamento com opção de compra para rentabilizar as casas que têm prontas. Na esperança que os arrendatários mais tarde comprem o imóvel, nota-se, inclusive, alguma criatividade ao nível das soluções encontradas, como, por exemplo, o facto de as rendas já pagas poderem representar uma espécie de entrada na concretização da compra. Nestes contratos, os inquilinos têm opção de comprar a casa no final do contrato. Este tipo de contratos está a ser muito utilizado não só por promotores que têm tido dificuldade em vender os seus imóveis, mas também por consumidores que esbarram nos apertados critérios que a banca está a aplicar (ver texto ao lado).

23.497 jovens beneficiários

A subida das taxas de juro, desde finais de 2006 até Outubro de 2008 gerou um sentimento de imprevisibilidade, originando uma quebra na procura de crédito, que, no entanto, já começa a recuperar. A Era Imobiliária até conseguiu, neste primeiro semestre, ter um crescimento homólogo de 50 por cento no seu volume de transacções.

A assumir uma fatia importante dos imóveis disponíveis para arrendamento estão também os muitos proprietários que compraram uma segunda casa (porque mudaram de emprego ou porque a família aumentou, entre outras razões) sem conseguir vender a primeira. A incapacidade em assumir dois empréstimos e a dificuldade em concretizar a venda levam esses "duplos" proprietários a optar pelo arrendamento.

Também a ganhar algum peso está a colocação no mercado de arrendamento de imóveis das carteiras dos fundos imobiliários criados por alguns bancos, com especial destaque para o primeiro, e, seguramente o maior, da Caixa Geral de Depósitos. Com um peso ainda incipiente, surgem investidores particulares que começam a aproveitar as oportunidades do mercado (designadamente através de leilões) para adquirirem imóveis que colocam no mercado de arrendamento.

Em vigor há pouco mais de dois anos, o programa público de apoio ao arrendamento jovem - o Porta 65 Arrendamento Jovem - tinha contabilizado, até agora, 23.497 beneficiários, tendo sido investido um total de 33,5 milhões de euros.
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