A Internacional

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sexta-feira, julho 30, 2010

La Jornada: Por que contra a Venezuela?


América Latina

Vermelho - 29 de Julho de 2010 - 12h41


O que há, principalmente, por trás do conflito entre Colômbia e Venezuela, e sua recente escalada, é que a revolução bolivariana se choca frontalmente com o plano de dominação estadunidense sobre a América Latina.

Por Ángel Guerra Cabrera, em La Jornada

Que a Venezuela, um país com reservas de petróleo e gás entre as maiores do mundo, tenha um curso independente em busca do socialismo, promova a democracia participativa, a unidade e a integração da América Latina, a solidariedade, a paz e a cooperação entre os povos é intolerável para o império.

Impulsionado por sua sede insaciável de petróleo e recursos naturais que se tornam escassos, o império entrou em uma corrida armamentista permanente para o controle dos países que os possuem e as populações que nesses locais habitam. Tudo com o pretexto cínico de luta contra o terrorismo e o tráfico de drogas, uma bandeira içada por ninguém menos que o estado campeão do terrorismo e o primeiro mercado de drogas no mundo, cujos lucros constituem uma parte importante de seu sistema financeiro.

A elite dos Estados Unidos perde as estribeiras por causa da viceral amizade entre Venezuela e Cuba e do aprofundamento dos passos para sua união econômica, ao que parece, um preâmbulo de sua união política. Raúl Castro resumiu muito bem o significado desses passos em uma reunião de alto nível cubano-venezuelana, celebrada no simbólico 26 de julho: "apenas unidos venceremos".

O império não perdoa o importante papel da Venezuela na liquidação da Alca - projeto de recolonização continental - e o surgimento de Alba, que pratica relações mais fraternas e equitativas entre os países membros e as promove, ainda que não sejam membros, com todas as nações da América Latina e no Caribe.

Em resposta à Venezuela bolivariana, aos grandes movimentos populares e aos governos anti-neoliberais mais independentes gestado por eles, Washington restabeleceu a Quarta Frota e chegou até o extremo de instalar sete bases militares na Colômbia, o que, junto a outros fatores presentes neste país, constitui um perigosa ameaça de agressão a Caracas que já havia tensionado seriamente as relações bilaterais.

Neste contexto, ocorre a acusação precipitada do representante de Bogotá na OEA, de que Caracas mantém acampamentos de guerrilheiros colombianos em seu território, uma gravíssima provocação que pôs em perigo a paz entre os dois países irmãos, partindo do fanatismo ianque de Alvaro Uribe e seu desejo febril de protagonismo, desde que seu projeto de re-reeleição foi frustrado.

O presidente Hugo Chávez tem feito tudo que está ao seu alcance para harmonizar as relações com a Colômbia e evitar conflitos bilaterais. De fato, a pedido de Uribe, ele havia se convertido em um fator primordial de distensão da longa guerra de 60 anos no país vizinho e sempre insistiu na necessidade de uma solução política ao conflito.

Com justa razão, convocou as guerrilhas das FARC e do ELN a compreenderem que as novas realidades políticas exigem uma mudança de sua estratégia de tomada do poder pela força das armas por uma de negociação, sem que isso implique uma rendição. Chávez informou, com visível dor, o rompimento das relações com a Colômbia: o anunciou com uma lágrima no coração, disse ele.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou sua surpresa com a atitude de Uribe, quando lhe faltam poucos dias para deixar a Casa de Nariño e "o novo presidente (Juan Manuel Santos) tem dado sinais claros, inclusive com os ministros que indicou, de que quer construir a paz".

Lula -com o equatoriano Rafael Correa, presidente pro tempore da Unasul, e seu secretário-geral, Nestor Kirchner - agiu rapidamente para trazer o assunto para dentro do mecanismo sul-americano, um espaço, em contraste com a OEA, favorável para que, sem a persença de Washington, se expressem plenamente os interesses da América Latina e do Caribe.

A Unasul já demonstrou a sua capacidade de negociação política e esta é mais necessária que nunca para a região e para a Venezuela, em particular. A provocação de Uribe, a captura do terrorista Francisco Chávez Abarca - parceiro de Posada Carriles, que confessou aos planos desestabilizadores que o levaram à Venezuela -, os desmantelados ataques ao governo bolivariano por parte do Arcebispo de Caracas e os caminhões de dinheiro entregues por Washington à contrarrevolução configuram um quadro subversivo com o qual se pretende frustrar a vitória chavista nas estratégicas eleições de setembro próximo.

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