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quarta-feira, julho 14, 2010

Ministro da Saúde britânico critica escolhas para cantinas escolares do chef Jamie Oliver

03.07.2010 - 08:11 Por Francisca Gorjão Henriques
Folhados de salsichas e hambúrgueres com batatas fritas são substituídos por peixe com molho de coco e empada de borrego e legumes. Parece um avanço. Mas o projecto do chef Jamie Oliver para melhorar a alimentação nas escolas britânicas fez mais mal que bem, acusou na quarta-feira o novo ministro da Saúde, Andrew Lansley.
Jamie Oliver diz que o problema está na falta de fundos estatais 
Jamie Oliver diz que o problema está na falta de fundos estatais (Corbis)



O ministro afirmou que "Jamie Oliver, muito correctamente, falou em melhorar a dieta das crianças nas escolas e melhorar as refeições escolares. Qual foi o efeito real? Na verdade, o número de crianças a comer a comida da escola em muitos destes sítios não aumentou, desceu".

Estas palavras foram ditas numa conferência da British Medical Association. As crianças, adiantou, estão a comer fora das cantinas, comprando snacks em lojas próximas, com valores nutricionais muito baixos e muitas calorias. "Alguém vai dizer que a próxima coisa que temos de fazer é proibir as lojas perto das escolas. Onde vamos parar?"

As palavras de Lansley geraram polémica. E apontam para uma mudança de direcção por parte da coligação liderada pelos conservadores, realça a Reuters. O jornal Guardian adianta que o novo Executivo já está a ser criticado por querer acabar com um projecto dos antecessores trabalhistas de garantir refeições grátis a mais 500 mil crianças de famílias pobres, como parte do plano de restrição orçamental.

As mudanças nos menus escolares foram introduzidas pelo Governo Labour depois de muita pressão do mais popular chef britânico e do seu programa Jamie"s School Dinners.

Ao novo ministro não agrada que os seus antecessores tenham lançado a luta contra a obesidade colando-se a um programa de televisão. "Há um risco quando estamos sempre a dar lições às pessoas e a dizer-lhes o que fazer. Acabamos por estar a comprometer os resultados que queremos atingir", justificou. "Temos de entender que este é um programa de mudanças de comportamento, e que se o comportamento não mudar, então o mais provável é falharmos."

Lansley não avançou com números nem estudos para sustentar as suas declarações. E pelo contrário, o School Food Trust, a agência do Governo criada para melhorar as refeições dos estudantes, diz que desde há dois anos há mais alunos a comer as refeições nas escolas, depois de décadas de declínio - uma das razões, adianta, poderá ser a má publicidade que Jamie lançou sobre os menus que se serviam nas cantinas, atulhadas de alimentos processados. Uma em cada seis crianças de Inglaterra era obesa em 2008, e apenas 20 por cento comiam as cinco peças de frutas e legumes por dia recomendadas pela Organização Mundial de Saúde.

Para além disso, um estudo independente apresentado recentemente pelo Institute for Social and Economic Research (ISER) da Universidade de Essex mostra que Oliver até tem razão. Nas escolas de Greenwich (Sudeste de Londres), onde o chef lançou a sua campanha com a ajuda do Channel 4, em 2004, os resultados dos alunos a Ciências e Inglês melhoraram (oito e seis por cento, respectivamente), registaram-se pequenas subidas a Matemática e as faltas por problemas de saúde caíram em 15 por cento.

Os 13 mil estudantes que foram objecto desta investigação estiveram pelo menos 12 meses a comer a nova dieta, que foi aplicada em 81 das 88 escolas primárias e secundárias de Greenwich.

Faltam verbas

"Uma vez que os alunos não estão a ingerir alimentos com aditivos, estão muito menos hiperactivos durante a tarde", comentou ao Telegraph Trisha Jaffe, professora da escola secundária Kidbrooke, a primeira a receber os menus de Oliver.

A intervenção do governante levou o Departamento da Educação a declarar que os padrões nutricionais exigidos por lei nas escolas não estão em risco, escreveu o Guardian. O diário refere que fontes daquele Departamento ficaram irritadas com as declarações do ministro e garantem que estas não reflectem a posição do seu colega da Educação, Michael Gove.

O presidente da Faculdade de Saúde Pública, Alan Maryon-Davis, considerou os comentários de Lansley injustos, um desapontamento. "Acho que aquilo que o Jamie Oliver fez é excelente. Conseguiu melhorar as refeições nas escolas e levar o Governo a investir dinheiro nelas", cita o Guardian.

Jamie Oliver respondeu às críticas. Acusou o ministro de apresentar dados errados e estar apenas à procura de uma atenção mediática - que realmente recebeu.

"Dizer que as cantinas escolares não resultaram não é apenas errado mas também um insulto ao trabalho árduo de centenas de milhares de cozinheiros, professores e pais que lutaram para dar às crianças uma refeição nutritiva e quente 190 dias por ano", declarou.

O célebre chef negou que tenha estado a dar lições durante o seu programa e adiantou que o problema não são os novos menus, mas a falta de fundos estatais. O duro plano de austeridade apresentado recentemente pelo Governo não deixa antever uma receita para o fim das barreiras económicas.
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