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Relatório divulgado recentemente pelo congresso dos Estados Unidos revela que a propalada "guerra ao terrorismo", eufemismo ditado pelo governo do país à mídia para referir-se à política de agressão e ocupação militar, criou um monstro no sistema de informações e espionagem do Estado. Esse "monstro" já sugou mais de US$ 1 trilhão dos cofres americanos.
Cerca de 850 mil pessoas trabalham hoje para um sistema de espionagem e informação que foi ampliado a partir de 2001, em seguida aos ataques que destruiram três das sete torres do World Trade Center, em 11 de setembro daquele ano e parte do edifíco do Pentágono, em Washington.
O relatório "Custo das Principais Guerras dos EUA", feito pelo Serviço de Pesquisas do Congresso, tenta comparar os custos das guerras ao longo de mais de 230 anos, desde a Revolução Americana até a atualidade.
Com valores ajustados pela inflação, os gastos na ocupação do Iraque e do Afeganistão e de outros lugares faz da "guerra ao terrorismo" a mais cara desde a Segunda Guerra Mundial. O relatório ressalta, no entanto, que é problemático comparar as guerras de diferentes períodos.
Mas os custos da "guerra ao terror" podem ser ainda maiores. Uma estimativa do Escritório de Orçamento do Congresso, de 2007, calcula em US$ 2,4 trilhões o custo das guerras de Afeganistão e Iraque até aquela data.
Rede de espionagem
Segundo o jornal americano The Washington Post, as operações de coleta de dados de inteligência nos Estados Unidos aumentaram tanto depois do 11 de Setembro que hoje não é mais possível determinar a eficácia delas para proteger o país.
Segundo o jornal, hoje ninguém tem ao certo a noção do custo ou de quantas pessoas estariam envolvidas na coleta de inteligência, nem quantas agências fazem o mesmo trabalho no país.
O jornal investigou o tema por dois anos e afirma que quase mil empresas privadas e 1.270 agências governamentais estão envolvidas em operações em cerca de 10 mil locais, empregando cerca de 850 mil pessoas.
A publicação diz que esse crescimento da indústria de inteligência, com bilhões de dólares injetados em empresas privadas e agências governamentais, resultou em um sistema que carece de supervisão e tem um alto grau de desperdício.
Segundo Patrick C. Doherty, especialista em questões de inteligência da New America Foundation, ouvido pelo jornal, o governo americano está perdendo o controle de uma estrutura de defesa que avalia de forma exagerada os perigos iminentes ao país.
Segundo Doherty, uma grande quantidade de informação pode levar à desinformação e ao desvio de rumos estratégicos.
"Fomos além do limite. Há uma diferença entre a escala dos recursos utilizados e a escala da ameaça. A informação da área de contraterrorismo é desproporcional às demais informações. Quando você constrói um aparelho de inteligência tão vasto, que coleta uma enorme quantidade de dados e relatórios, isso reforça o mundo que gera todo esse material. O real problema, na minha opinião, é esse: há um serviço de inteligência lutando contra um mundo tal qual ele o percebe, e isso tem um efeito de confundir a natureza deste mundo, e nos afasta da estratégia política de fazer os EUA um país mais seguro e próspero a longo prazo", opina.
"O Iraque não estava relacionado à ameaça por parte da al-Qaeda. O Afeganistão já é outro caso. Estamos concentrados na questão talibã e perdendo o contexto político mais amplo. Eu separo a al-Qaeda, mais global, do Talibã, que é um fenômeno local e regional. Mas estamos aplicando basicamente a mesma inteligência para os dois. Isso nos afasta principal questão: da política do Paquistão de se aproximar dos talibãs ao se ver ameaçado pela Índia", destaca Doherty.
Perda de controle
Doherty também alerta sobre o risco de o governo americano já ter perdido o controle sobre a gigantesca estrutura criada em 9 anos.
"Quando você tem um sistema tão grande, é difícil no gabinete presidencial saber quem realmente está fazendo o quê. Não temos hoje uma noção clara sobre a autoridade, e em geral os presidentes perdem controle sobre a estratégia política. Isso nos leva a uma questão mais ampla sobre a natureza do serviço de inteligência, projetado para uma ameaça desmesurada", avalia.
"Não demos condições ao Congresso para ter controle sobre isso. O governo Bush tentava dizer que podia usar a arquitetura de segurança nacional da Guerra Fria para enfrentar os desafios do século 21. Agora estamos perdendo o controle", considera.
Invadir Iraque elevou risco de terrorismo
A invasão do Iraque, em 2003, aumentou "substancialmente" o risco de ataques contra o Reino Unido, disse nesta terça-feira a ex-chefe do serviço secreto doméstico britânico, conhecido como MI5, Eliza Manningham-Buller.
"Nosso envolvimento no Iraque radicalizou toda uma geração de jovens, alguns deles britânicos, que viram nosso envolvimento no país, assim como no Afeganistão, como um ataque ao Islã", disse ela em depoimento ao inquérito Chilcot, que investiga as decisões tomadas antes e depois do início das operações militares britânicas no Iraque.
Informações não justificavam invasão
Manningham-Buller chefiou o MI5, responsável pela inteligência dentro do Reino Unido, entre 2002 e 2007. Durante o depoimento desta terça-feira, ela disse que as informações coletadas antes do início da invasão ao Iraque não seriam "fortes o suficiente" para justificar a ação militar.
Um ano antes da guerra, ela disse ter alertado membros do governo britânico de que a ameaça representada pelo Iraque seria "muito limitada" e que as informações sobre as armas de destruição em massa que alegadamente estavam em poder dos iraquianos eram "fragmentadas".
Da redação, com agências
O relatório "Custo das Principais Guerras dos EUA", feito pelo Serviço de Pesquisas do Congresso, tenta comparar os custos das guerras ao longo de mais de 230 anos, desde a Revolução Americana até a atualidade.
Com valores ajustados pela inflação, os gastos na ocupação do Iraque e do Afeganistão e de outros lugares faz da "guerra ao terrorismo" a mais cara desde a Segunda Guerra Mundial. O relatório ressalta, no entanto, que é problemático comparar as guerras de diferentes períodos.
Mas os custos da "guerra ao terror" podem ser ainda maiores. Uma estimativa do Escritório de Orçamento do Congresso, de 2007, calcula em US$ 2,4 trilhões o custo das guerras de Afeganistão e Iraque até aquela data.
Rede de espionagem
Segundo o jornal americano The Washington Post, as operações de coleta de dados de inteligência nos Estados Unidos aumentaram tanto depois do 11 de Setembro que hoje não é mais possível determinar a eficácia delas para proteger o país.
Segundo o jornal, hoje ninguém tem ao certo a noção do custo ou de quantas pessoas estariam envolvidas na coleta de inteligência, nem quantas agências fazem o mesmo trabalho no país.
O jornal investigou o tema por dois anos e afirma que quase mil empresas privadas e 1.270 agências governamentais estão envolvidas em operações em cerca de 10 mil locais, empregando cerca de 850 mil pessoas.
A publicação diz que esse crescimento da indústria de inteligência, com bilhões de dólares injetados em empresas privadas e agências governamentais, resultou em um sistema que carece de supervisão e tem um alto grau de desperdício.
Segundo Patrick C. Doherty, especialista em questões de inteligência da New America Foundation, ouvido pelo jornal, o governo americano está perdendo o controle de uma estrutura de defesa que avalia de forma exagerada os perigos iminentes ao país.
Segundo Doherty, uma grande quantidade de informação pode levar à desinformação e ao desvio de rumos estratégicos.
"Fomos além do limite. Há uma diferença entre a escala dos recursos utilizados e a escala da ameaça. A informação da área de contraterrorismo é desproporcional às demais informações. Quando você constrói um aparelho de inteligência tão vasto, que coleta uma enorme quantidade de dados e relatórios, isso reforça o mundo que gera todo esse material. O real problema, na minha opinião, é esse: há um serviço de inteligência lutando contra um mundo tal qual ele o percebe, e isso tem um efeito de confundir a natureza deste mundo, e nos afasta da estratégia política de fazer os EUA um país mais seguro e próspero a longo prazo", opina.
"O Iraque não estava relacionado à ameaça por parte da al-Qaeda. O Afeganistão já é outro caso. Estamos concentrados na questão talibã e perdendo o contexto político mais amplo. Eu separo a al-Qaeda, mais global, do Talibã, que é um fenômeno local e regional. Mas estamos aplicando basicamente a mesma inteligência para os dois. Isso nos afasta principal questão: da política do Paquistão de se aproximar dos talibãs ao se ver ameaçado pela Índia", destaca Doherty.
Perda de controle
Doherty também alerta sobre o risco de o governo americano já ter perdido o controle sobre a gigantesca estrutura criada em 9 anos.
"Quando você tem um sistema tão grande, é difícil no gabinete presidencial saber quem realmente está fazendo o quê. Não temos hoje uma noção clara sobre a autoridade, e em geral os presidentes perdem controle sobre a estratégia política. Isso nos leva a uma questão mais ampla sobre a natureza do serviço de inteligência, projetado para uma ameaça desmesurada", avalia.
"Não demos condições ao Congresso para ter controle sobre isso. O governo Bush tentava dizer que podia usar a arquitetura de segurança nacional da Guerra Fria para enfrentar os desafios do século 21. Agora estamos perdendo o controle", considera.
Invadir Iraque elevou risco de terrorismo
A invasão do Iraque, em 2003, aumentou "substancialmente" o risco de ataques contra o Reino Unido, disse nesta terça-feira a ex-chefe do serviço secreto doméstico britânico, conhecido como MI5, Eliza Manningham-Buller.
"Nosso envolvimento no Iraque radicalizou toda uma geração de jovens, alguns deles britânicos, que viram nosso envolvimento no país, assim como no Afeganistão, como um ataque ao Islã", disse ela em depoimento ao inquérito Chilcot, que investiga as decisões tomadas antes e depois do início das operações militares britânicas no Iraque.
Informações não justificavam invasão
Manningham-Buller chefiou o MI5, responsável pela inteligência dentro do Reino Unido, entre 2002 e 2007. Durante o depoimento desta terça-feira, ela disse que as informações coletadas antes do início da invasão ao Iraque não seriam "fortes o suficiente" para justificar a ação militar.
Um ano antes da guerra, ela disse ter alertado membros do governo britânico de que a ameaça representada pelo Iraque seria "muito limitada" e que as informações sobre as armas de destruição em massa que alegadamente estavam em poder dos iraquianos eram "fragmentadas".
Da redação, com agências
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