Nota do Gabinete de Imprensa do PCP
Segunda 26 de Julho de 2010.             
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O anúncio dos lucros de três dos quatro maiores bancos  privados portugueses confirma, mais uma vez, a situação de escandaloso  benefício que continua a ter o sector bancário em Portugal. Num quadro  de profunda crise económica e social, com o agravamento sistemático do  desemprego e da precariedade, o ataque aos salários e às reformas, o  corte das prestações sociais e (ou) degradação do investimento público, o  aumento anunciado dos lucros do BPI e BES, respectivamente em 11,8% e  14,6% e a perspectiva de um aumento de lucros do BCP de 12,5% constituem  um  verdadeiro escândalo nacional.
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De facto, ao mesmo tempo que penaliza os trabalhadores, suas famílias  e a economia - em particular as micro, pequenas e médias empresas – o  sector bancário continua a ser beneficiado com apoios públicos vultuosos  que se mantêm em vigor, como acontece com o prolongamento da  disponibilidade de apoio até 20 mil milhões de euros recentemente  aprovado. 
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Não deixa de ser sintomático que, num momento em que os chamados  testes de stress bancário concluem pela solidez das instituições  financeiras, independentemente do papel que esses testes assumem no  processo de rapina de recursos públicos, a banca mantenha uma atitude  marcada pela usura e a forçada extorsão dos rendimentos familiares e das  pequenas e médias empresas por via do preço do crédito e das comissões  cobradas. Comissões estas com um aumento crescente no conjunto das  receitas das instituições financeiras, que se cifram em mais de 4800  milhões de euros em 2008 e 2009.
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Os lucros agora anunciados confirmam a gravidade dos dados  recentemente anunciados pela Associação Portuguesa de Bancos em relação  ao ano de 2009, em que se confirma uma taxa efectiva de IRC na melhor  das hipóteses abaixo dos 15% e que pode ser, a confirmarem-se as  perspectivas mais optimistas da banca, na ordem dos 5%. 
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Num quadro em que o Governo, com o apoio do PSD, aplica restrições  draconianas aos salários e às prestações sociais, e determina o aumento  dos bens essenciais, seja através do aumento do IVA, seja da aceitação  dos aumentos da energia e dos combustíveis, é gritante o contraste com  os benefícios fiscais que se atribuem à banca e que permitem uma tão  baixa tributação dos seus lucros.
Os dados agora anunciados confirmam a indispensabilidade de medidas  que introduzam critérios de justiça fiscal na tributação da banca, tal  como o PCP tem vindo a propor, designadamente e entre outras medidas, a  aplicação de uma taxa efectiva de 25% (a taxa que está inscrita na lei),  eliminando os amplos benefícios fiscais que hoje estão atribuídos a  este sector. Trata-se de uma medida que teria permitido em 2009 um  encaixe de mais cerca de 160 milhões de euros (157,4) e que garantiria  que o aumento dos lucros agora anunciado fosse pelo menos tributado a  níveis idênticos aos aplicados à generalidade das empresas.
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