-            Manuel Gouveia           
 
No caminho
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Querem colocar o País  em campanha eleitoral para as presidenciais e para umas hipotéticas  legislativas antecipadas. Sentem a necessidade e a urgência de afastar o  debate político das opções concretas que estão a ser executados  conjuntamente por PS, PSD e CDS.
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É certo que é assim há 34 anos. Mas não se  trata mais de reconstruir o capitalismo monopolista de Estado, trata-se  agora de lidar com as consequências do processo num quadro de brutal  crise do sistema capitalista, e quando a tarefa que lhes encomendaram é  passar à acelerada espoliação das massas, mesmo que à custa da hipoteca  da soberania nacional, do arrasar da economia e da pauperização das  massas. Convenhamos que é tarefa árdua concretizá-lo, contendo a  indignação popular e ainda mantendo o apoio eleitoral suficiente. Para  mais, num país como Portugal, onde ao lado das massas e na vanguarda da  luta está um partido como o PCP.
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É certo que os meios de que dispõem são  esmagadores. Que, nas empresas, os instrumentos que acumularam nos  últimos anos, como o Código do Trabalho, são usados para criar medo e  desmobilização num proletariado que depende da possibilidade de vender a  sua força de trabalho para sobreviver. Que um exército de  «jornalistas», «comentadores», «analistas» e «professores» travam a  guerra ideológica pela inevitabilidade das políticas anti-populares. Mas  a realidade brutal das consequências dessas políticas rasga rombos  permanentes nesta construção.
O precoce lançamento da campanha procura  afastar a atenção do concreto, descentrar as massas da resistência a  estas políticas para o marco eleitoral, e reduzir esse marco eleitoral à  opção entre dois pólos alimentados numa retórica sem conexão com o  real, criando num mesmo lado da luta de classes duas opções  artificialmente opostas, Cavaco e Alegre, PSD e PS. Procura impor a  alternância no que tende para a construção da alternativa, impor a  cosmética mudança no que tende para uma ruptura.
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Os próximos meses serão de intensas e duras  batalhas – incluindo eleitorais. Mas a luta é a mesma. E em todas o que  é decisivo é resistir e alargar a resistência, afirmar a alternativa  patriótica e de esquerda, construir a ruptura.
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Avante 2010.07.23
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