A voz da razão
Metáforas assassinas
É a piada do momento: os procuradores do caso Freeport não tiveram tempo para questionar o primeiro-ministro.
- 0h30 2010 07 31 Correio da Manhã
Este lamentável lapso tem sido glosado por comentadores avulsos, nas televisões ou nos jornais. Em ano e meio não tiveram tempo? A risota é geral. Infelizmente, nada disto dá vontade de rir. Porque ‘falta de tempo’, no contexto do despacho, pode ser lida como uma metáfora assassina.
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Quando os responsáveis pelo processo afirmam que não tiveram tempo, é legítimo concluir duas coisas. Em primeiro lugar, que as suspeitas sobre o primeiro--ministro no caso permanecem intactas. E, tal mais grave, que essas suspeitas só não foram investigadas a fundo porque a cúpula do Ministério Público não deixou.
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Pior: o Ministério Público teria assim actuado para proteger indevidamente José Sócrates, amputando a investigação. Será isto verdade? Será isto mentira? Mistério. Mas, a ser verdade, não me lembro de uma acusação tão grave ao sistema judicial, vinda do interior desse sistema, desde o 25 de Abril. Cuidado, povo. Os regimes democráticos começam a ruir assim.
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fonte da imagem: www.cristallinks.com/puzzleworld.jpg
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