A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

terça-feira, abril 17, 2007


Já nem somos só nós a dizer



O Governo PS/Sócrates celebra o seu segundo ano de mandato com um conjunto de tristes medalhas no seu palmarés!

Atente-se no estudo da União Europeia, já tratado nas páginas do Avante, que afirma, preto no branco, que Portugal é o país com maior nível de desigualdades no quadro dos 27. (Foi a UE que fez e mandou publicar!)

Atente-se também nos números do desemprego, os maiores dos últimos 20 anos – 8,2% (isto é o INE que afirma), ou bastante mais, segundo um estudo de Eugénio Rosa.

Factos a dar razão às preocupações e denúncias do PCP perante o prosseguimento da política de direita em que, obstinadamente, obsessivamente, cegamente o PS insiste.

No passado domingo, o «Público», ainda que o não quisesse, veio atribuir mais uma triste medalha à governação do PS.

Titulava assim aquele jornal – «Portugueses vítimas de exploração na construção civil em Espanha» (a afirmação é do Público!).

Neste título estão contidas duas ideias. A primeira é a de que, em tempos de lucros milionários da Banca e das principais empresas cotadas em Bolsa, há milhares e milhares de portugueses forçados a ir vender a sua força de trabalho para o estrangeiro (e Espanha não é o único destino, como ficou bem provado na recente crise de gripe das aves numa herdade britânica, onde trabalhavam centenas de portugueses), desperdiçando-se assim, um capital de energia que tanta falta faz a Portugal.

A segunda é a de que estes portugueses, na ausência de perspectivas de futuro na sua terra, sujeitam-se à mais aviltante «exploração». E, não sendo nossa a expressão, ela tem o significado de uma relação de trabalho que pouco mais é que escravatura.

Num vai-vem diário ou semanal – correndo riscos que a vida vem demonstrando serem bem reais – andam, conforme sublinha outro título do periódico, «centenas ao engano».

Serão centenas ou mais de 70 mil, de acordo com os Sindicatos. Deixam famílias em busca de um salário que recompense jornadas de doze e mais horas diárias. Descansam em pardieiros arranjados à pressa por empresários sem escrúpulos. Quantas vezes para não trazer nada para casa.

São estas as medalhas que deviam envergonhar qualquer governo e, por maioria de razão, um Governo do PS.

Trinta e três anos após a Revolução de Abril, já não vai muito longe o tempo em que era preciso ir a salto para terras de França fugindo à Guerra e à miséria.

Agora já não é preciso ir a salto. E só não se foge à guerra.

in AVANTE 2007.03.15

IMAGEM:

Vincent van Gogh

Shoes, 1888, oil on canvas
Metropolitan Museum of Art, New York City
photograph courtesy Michael Weinberg Photography, Clarks Summit, Pennsylvania

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