Contestação : Trabalhadores do Estado contra Governo

Chefes identificam manifestantes

* Ana Rita Estrompa /P.H.G.

Milhares de funcionários públicos percorreram ontem as ruas da capital, entre a rotunda do Marquês de Pombal e a Assembleia da República, numa manifestação contra as reformas no sector.

De acordo com as contas da PSP, o número de manifestantes terá rondado os três a quatro mil, abaixo das expectativas da Frente Comum que atribuiu este esvaziamento ao clima de “medo” na Função Pública. Antes do início do desfile, a coordenadora da estrutura sindical, Ana Avoila, denunciou que os dirigentes dos serviços interrogaram os funcionários para saberem quem iria participar na manifestação.

“Existem muitos trabalhadores que não aderiram à manifestação porque tiveram medo de serem penalizados na sua avaliação e, assim, irem parar à lei da mobilidade especial”, disse Ana Avoila. Às 15h15, os trabalhadores da Função Pública, na sua maioria com mais de 40 anos de idade, iniciaram o protesto rumo ao Parlamento, empunhando bandeiras e gritando palavras de ordem contra a política governamental para o sector. Vindos de todos os pontos do País, os manifestantes, mobilizados pela Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública (CGTP), reclamaram os “direitos adquiridos no pós-25 de Abril”, que consideraram “estarem cada vez mais comprometidos”, e pela “estabilidade laboral”. Os funcionários lutam contra a lei da mobilidade especial, que consideram ser um primeiro passo para o despedimento, a alteração da lei sindical e do estatuto de aposentação, contra o diploma de vínculos, carreiras e remunerações e o projecto de diploma para o novo sistema de avaliação de desempenho.

INSTRUÇÕES

Contactado pelo CM, fonte oficial do Ministério das Finanças disse que o Executivo “estava apenas a aferir o grau de adesão ao protesto”, remetendo para o despacho de Teixeira dos Santos, datado de 15 de Maio, que obriga os serviços públicos a contabilizarem o número de grevistas, o mesmo acontecendo nos dias de manifestações. Em relação ao novo sistema de avaliação, a mesma fonte garantiu que a adesão à manifestação não penalizará o funcionário no futuro.

GOVERNO QUER TRAMAR-NOS

‘Militares exercendo direitos’, lia-se nos bonés dos que ontem se reuniram em vigília à porta da residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, para reclamarem direitos na saúde, reforma e no regime de disciplina.

Os duzentos ‘camaradas’ que a Associação Nacional de Sargentos contava contrastam com os 80 que a polícia avançou. Alguns já reformados, outros no activo, todos contra o que consideram ser o desrespeito pelos militares por parte do Executivo. “Este Governo quer tramar-nos com estas leis que nos levam para o século XIX”, refere indignado o reformado Sargento-Mor Manuel Jesus. Os homens e ainda algumas mulheres que mesmo no activo participaram admitem ter medo. “ Há receio de dar a cara e são óbvias as razões desse medo”, refere um militar que pediu anonimato. Nos quartéis, os militares que não puderam estar presentes, assinalaram a vigília permanecendo no serviço até às 20:00, momento em que em São Bento se cantou o hino nacional que marcou o fim da concentração.

SAIBA MAIS

- 19 de Julho é o dia em que será apresentado, na Assembleia da República, o novo diploma de vínculos, carreiras e remunerações, que recebeu o acordo da FESAP.

- 2008 ano em que entra em vigor o novo Sistema Integrado de Avaliação e Gestão do Desempenho da Administração Pública.

RESOLUÇÃO

A Frente Comum entregou ontem ao Governo e à Assembleia da República uma resolução contra as políticas do actual Governo na Função Pública.

MENOS SEIS MIL

O Governo espera reduzir seis mil funcionários até ao final do ano e já foram apresentadas as listas para a mobilidade no ministério da Agricultura.

MARÇO

A última manifestação da Função Pública realizou-se no passado mês de Março e contou com a participação de cerca de 30 mil funcionários públicos.

in Correio da Manhã 2007.07.13

» Comentários no CM on line
Sexta-feira, 13 Julho

- lica(Inglaterra) Chefes indentificam manifestantes,trabalhadores com medo de se manifestarem,e chamam a isto DEMOCRACIA, se isto é democracia, vai lá vai.
- Ana Em vez de criticarem os FP,porque não começam é por retirar as regalias dos FP governantes? Esses sim, é que vivem à custa de todos os trabalhadores: um salário de AAM no valor de 480 euros, que dizem? Para irem de férias ao Brasil.
- Ana Não entendo essa má vontade que alguns do sector privado têm contra os FP, será pelas nossas "famosas regalias"? como FP gostaria de saber quais são, é que aos fim de 23 anos de serviço hospitaliar, com turnos muitas vezes para além das 35h por conveniência de serviço, com promessa de gozar mais tarde essas horas, quando for possivel!, quais são as outras regalias? Não faço descontos?
- Cláudio Silva (Lx) É bom não esquecer que quando o PS é oposição, arma-se em vítima, diz que é perseguido. Quando está no governo, faz o quer, não respeita as mais elementares regras da democracia. Não admira para quem está habituado a fazer alianças com a direita ou fascistas do antigo regime (ex. Mário Soares e Sócrates com Freitas do Amaral, Guterres "elevou" a ministro um ministro do fascismo).
- PAULO JORGE BRAS Esta vontade de calar todos já se faz sentir no dia a dia dos trabalhadores sejam da FP tradicional seja das IPSS que atrás da politica de contenção e da caridadezinha, já são espezinhados, ameaçados com processos fictícios, obrigados a fazer trabalhos abaixo da sua categoria, trocam de turnos á vontade dos dirigintes e , depois ainda são considerados privilegiados com a cumplicidade do Governo.
- PAULO JORGE BRAS Pode ser muito popular atacar os funcionários publicos, mas quem o faz está a colaborar com uma politica de repressão, perca de direitos, intimidação, ameaças de processos, e, os outros trabalhadores que pensem bem, porque depois tambem vai chegar a sua vez. Os FP são as cobaias do que se aproxima, com os patrões a transformar os trabalhadores em escravos com o acenar das renovações dos contratos
- vma Na função pública, como em todas as áreas de actividade, há-de tudo. Bons, razoáveis e maus funcionários. O problema começa quando todos são perseguidos, por delito de opinião ou de manifestação.
- F.Ferreira E os deveres perante a sociedade que lhe paga os salários? Ou cabe só a sociedade pagar os dinheiros mal aplicados pelos políticos com a cooperação dos funcionários públicos. Que por alguma razão se mantinham calados (comprados com bons salários). Não se desculpem com os baixos salários de alguns que são uma minoria na FP. Nós que pagamos os salários dos FP somos sempre quem paga a crise.
- Graça Afonso Quem tem medo de participar nas manifestações está a colaborar com o fascismo! E para além do mais está a prejudicar os colegas que muito justamente lutam pelos seus direitos!
- mr Agora digam se isto tem lógica? É só mesmo para poderem despedir pessoas por "mau desempenho" e se calhar sem direito a indmenização. Fica o estado contente, o sr. directo contente porque mostrou trabalho! e como sempre o mexilhão é que se lixa. E esta hem???
- greve de pfrofessores o ano passado ENTAO NAO SE LEMBRAM DA GREVE QUE OS PROFESSORES FIZERAM O ANO PASSADO NA ALTURA DOS EXAMES... ENTAO ESSES PROFESSORES NAO MERECIAM IR PARA A RUA????????
- mr Para quem não sabe: numa certa repartição pública os objectivos dados para os trabalhadores foram superados nesse mês. Reunião para advertir os ditos que assim punham em causa!!o desempenho do director. Não convinha trabalharem demais senão o sr.direct. naõ tinha a quem chamar atenção e por decerto a quem penalizar, ou seja, o sr.direct. deve ter de apresentar relatórios com os nomes dos trab. "preguiçosos"!
- mafalda Continuando: se isto é tão bom porque é que falta gente na func publica? As câmaras precisam de gente para varrer as ruas, apanhar o lixo dos contentores e enterrar pessoas!!! Não tenho mais direitos (e não regalias) que os outros. Este governo nivela por baixo: vamos ficar todos mais iguais mas todos pobres! Informem-se melhor sobre os func publicos.
- mafalda Sou fp. Eu pago os meus descontos e o meu vencimento. Estou farta de ler e de ouvir dizer que outros trabalham e descontam para me pagarem. Que regalias tenho eu a mais? Procurem saber quanto ganham os func publicos, não fiquem à espera de ouvir na tv. Sabem que o salário mínimo na fp é inferior ao salário mínimo nacional? Sabem que um varredor do lixo ou coveiro não têm subsídio de risco?
- Pinto ...e mais uma vez lá vêm os trabalhadores privados vestir o papel de vítimas. A resposta a mesma que nos dão: candidatem-se ao público. Eu também pago impostos para conseguirem escolas para os vossos filhos.
- Pinto Não sei se há mais regalias no público ou no privado. Ainda há pouco os trabalhadores de uma fábrica no norte (privada) protestavam por terem de começar a fazer turnos. Sou FP e sempre trabalhei por turnos. Ainda estou vivo.
- José de Valcarcel Acho que as generalizações são VERGONHOSAS. Há bons e maus profissionais, quer no sector Público quer no Privado. Fui gerente de um Banco privado e um dia tive que mandar apresentar um empregado nos recursos humanos porque tratava mal os clientes. Não gostava dos clientes que tinham dinheiro!!! Vergonhoso este controlo. Se, como chefe, fosse forçado a cotrolar, pedia a demissão.
- Carla Quando ao "farobadó", com em todas as empresa existem os que trabalham e os vêm os outros a trabalhar. Se os F.P. forem para desemprego, mal está o pais. Porque quem vive à conta do estado são os do particular que têm direito às baixas e subsidio de desemprego. Afinal quem é que abusa? Pagamos os ordenados uns dos outros e dos politicos, que nada fazem. (Queluz)
- funcao publica FORCA SOCRATES, SE NAO ESTAO BEM NA FUNCAO PUBLICA QUE SE MUDEM PARA O PRIVADO... ESTAMOS FARTOS DE SER MAL ATENDIDOS E DE LHES PAGARMOS OS SALARIOS...
- Luisa Baião Se não estou em erro ouvi o sr PM dizer na TV: não está em causa a democracia e liberdade de expressão. Identificar os manifestantes? porquê e para quê? Somos ou não livres de nos manifestarmos, desde que não se ofenda ninguem?
mais comentários

» Comentários
Sexta-feira, 13 Julho

- Chico ines Realmente faz falta uma revolução mas de maneira nenhuma igual ao 25 de Abril. As consequências desse tipo revolucionário estão bem patentes e não vamos repetir a asneira. Terá de ser uma mais bem feita e muito diferente.
- Paulo Tanta manifestação e greve!... por isso a baixa produtividade que temos no país. se trabalhassem mais e falassem menos, se calhar, não era necessário as reformas na função pública que o governo vai fazendo.
- Rui N. Trabalho há vinte e anos e nunca fizemos greve na nossa empresa. Estivemos durante cinco anos sem aumentos e sem os previlégios que existem na função publica e continuamos a trabalhar para bem da empresa e para nosso bem.São sempre os mesmos na mama das greves. Não sou sensivel aos vossos protestos.
- Esclarecedora Querem pôr na rua 75 000 trabalhadores do estado para meterem os boys and girls a receber milhares por mês que não sabem e não fazem nada. Para além disso têm meter também empresas de outsorcing de amigos que recebem milhares em troco de quase nada que fazem. Gostaria de ver o programa dos prós e contra debater este tema!
- Farofino Durante anos vivemos uma verdadeira farra. Nós achamos ricos, que o estado podia dar bons empregos e bons salários. O dinheiro nunca ia faltar, que a sociedade ia ter sempre dinheiro para pagar mais e mais. Infelizmente a realidade é outra e pior, quando tivemos oportunidade de criar condições de melhorar, fomos farrear. Agora está aí a conta para pagar e muito juízo, pois ainda pode piorar mais.
- carla Por mais protestos e manifestações que se faça este governo é inflexivel. Além disso com os magros salários que os f.p.(menores) têm ninguém se atreve a faltar. Fora as perseguições que já estão a ser feitas, por não se concordar com algumas "vigarices" que as administrações exigem que sejam feitas. (Queluz)
- Rui Pedro Amigos, há muito que vos aviso, apenas uma revolução igual ao 25 de Abril nos poderá salvar a todos, juntos seremos a maior força daqueles que lutam pela vida e cada vez perdem mais em Portugal, Sócrates copia todos os modelos dos outros Países menos os ordenados. Juntai-vos todos de uma vez por todas. Pombal
- Tudo em paz celestial Com o silenciar progressivo da verdadeira oposição e com cada vez menos pessoas a lutar pelos legítimos direitos, estão criadas as condições exigidas pelos "Patrões" para sermos todos nivelados pela mediocridade e vivermos na precariedade como semi-escravos, pelo menos até aparecer um verdadeiro líder ou começarem motins nas ruas como em França.

.

.