A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sexta-feira, julho 27, 2007


Paredes de Coura: Subal tem apenas um residente
Alfaiate é o último habitante da aldeia
* Carla Alexandra Vieira,
Paredes de Coura


Artur Fernandes Breia é o último alfaiate de Paredes de Coura e curiosamente o único habitante do lugar de Subal. Vive quase isolado e não fossem os clientes, que nunca o abandonaram, a sua vida seria de uma profunda solidão.
Num local que antes fervilhava de vida e movimento, resta agora o “alfaiate de Subal”. Com 70 anos de idade, Artur Breia, natural de Monção, lembra que começou a aprender a arte com apenas dez anos: “Depois da escola ia para uma pequena oficina dar os primeiros pontos e cortes. Com 14 anos já trabalhava por conta própria.
”A aventura por terras de África, sempre acompanhado da máquina de costura, surgiu pouco depois. “Em Angola vivia-se muito bem, com bom clima, sempre com dinheiro no bolso e muitos amigos”, relembra.
Em 1976 regressou a Portugal. Casado e com filhos, estabeleceu-se num lugar onde, “infelizmente”, só ele resiste. “Apenas resto eu e a minha loja. Os moradores foram morrendo, as casas foram-se fechando e até a carpintaria que dava tanto movimento ao local acabou por encerrar”, lamenta.
Na pequena alfaiataria o barulho da velha máquina de costura insiste em quebrar o silêncio. Clientes é que nunca faltaram a Artur Breia. “Não consegui enriquecer, mas fiz sempre uma vida digna e criei os filhos. Tenho clientes certos que já cá vêm há mais de 20 anos”, garante, enquanto afirma que, pelo menos naquelas paragens, a crise não se faz sentir. “Ainda tenho muitos clientes, mas o problema é que eu sozinho não consigo dar resposta a tanto trabalho. Por isso, já não aceito fazer certos serviços e prefiro dedicar-me aos arranjos”, explica ao CM, sem nunca parar de trabalhar, apesar de as visitas serem um bem escasso.
Largar a costura não está nos planos de Artur Breia. “O que é que eu vou fazer depois?”, interroga-se, entre dois pontos numa bainha.
in Correio da Manhã 2007.07.26
Imagem - Artur Breia - Foto Carla A Vieira

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