Estudo: Especialistas propõem novo método de detecção
Diagnóstico da doença de Alzheimer está obsoleto
* Diana Ramos
Os métodos e critérios usados para detectar a doença de Alzheimer estão obsoletos e deviam ser renovados. A ideia é defendida num artigo publicado na ‘The Lancet Neurology’ pelos neurologistas Bruno Dubois e Philip Scheltens, que defendem o cruzamento de novos métodos de avaliação para que a doença possa ser detectada entre três e quatro anos mais cedo, antes das fases mais avançadas.
Os critérios de diagnóstico da doença foram determinados em 1984 e de então para cá vários progressos têm sido feitos ao nível da detecção e desenvolvimento de novos fármacos. O que Dubois e Scheltens propõem é combinar os testes de memória com dados de imagens do cérebro e marcadores biológicos até porque, escrevem os autores , “as explicações sobre as bases biológicas do Alzheimer avançaram muito, permitindo uma compreensão sem precedentes da evolução da doença”.
Em termos práticos, tudo passa por coordenar as técnicas que são já usadas. Na base do diagnóstico, sustentam os neurologistas, devem manter-se os sintomas clínicos. Os primeiros sinais de alarme são as falhas de memória, sendo acompanhadas de mudanças graduais que ocorrem durante mais de seis meses. A par desta avaliação, devem também ser tidas em conta as falhas nos testes específicos de memória e a menor fluidez verbal.
Mais do que estes sinais, os investigadores entendem que, para traçar um diagnóstico positivo, é necessário avaliar os marcadores biológicos da doença, que podem encontrar-se no líquido encefaloraquidiano. A ressonância magnética pode mostrar a atrofia numa zona cerebral, mas são os níveis anómalos de proteínas associadas à demência no fluido cérebro-espinal ou as mudanças moleculares em certos exames com imagens neurológicas ou até certas mutações genéticas que melhor podem ajudar a desvendar o desenvolvimento do Alzheimer.
Bruno Dubois acredita que “nos próximos anos, talvez meses, vamos ter medicamentos que podem abrandar o processo da doença”, pelo que é fundamental “estar pronto” para identificar o mais cedo possível os sintomas da doença e “curar o mais depressa possível os doentes”.
Os neurologistas admitem, contudo, que o uso destes novos critérios requer ainda confirmação e levanta problemas técnicos. A Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer não esteve disponível para comentar a proposta dos dois neurologistas.
HÁ ALIMENTOS MAIS BENÉFICOS
A frutas e os legumes frescos estão na lista dos alimentos saudáveis que mais podem contribuir para controlar e minimizar a morte das células cerebrais, característica das doenças neurológicas, onde se inclui o Alzheimer. Os benefícios estão associados ao facto de se tratar de alimentos ricos em antioxidantes, mostra um estudo da Universidade de Harvard. O trabalho revela que o stress oxidativo, resultante da oxidação de radicais livres, agrava a neurodegenerescência.
HERPES LIGADA ÀS ORIGENS
Em Abril uma equipa de investigadores espanhóis anunciou ter descoberto que o vírus da herpes labial (VHS-1) pode estar ligado ao aparecimento da doença de Alzheimer. Apesar de estranho, os cientistas da Universidade Autónoma de Madrid encontraram o vírus no cérebro dos doentes. Fernando Valdivieso, líder da investigação, diz que o gene usado pelo vírus para enganar o sistema imunitário “está geneticamente associado ao risco de Alzheimer”.
NOTASCOMO SE DEFINE
A doença de Alzheimer é uma forma de demência causada pela morte de células cerebrais. É confundida com a arteriosclerose
ATENÇÃO AOS SINAIS
Entre os sinais de alerta estão a perda de memória, a dificuldade nas tarefas domésticas e os problemas de linguagem
NÚMEROS
- 70 mil portugueses sofrem da doença de Alzheimer. Nos Estados Unidos o número sobe para 500 mil pessoas afectadas.
- 2000 euros é quanto a família do doente de Alzheimer pode gastar mensalmente, na fase mais avançada da doença.
- 182 euros mensais é o valor mínimo gasto pelas famílias com o doente, por mês, quando este ainda está numa fase inicial.
- 500 euros é quanto pode custar um lar comparticipado pelo Estado. Se for privado o valor oscila entre mil e 1500 euros/mês.
- 24 milhões de pessoas são afectadas actualmente pela doença de Alzheimer em todo o Mundo.
- 42 milhões é o número de doentes que pode vir a existir em 2020, segundo mostram estudos.
in Correio da Manhã 2007.07.22
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