Deslumbramento
O deslumbramento cega, ensandece os políticos da nação.
O deslumbramento cega, ensandece os políticos da nação.
* Manuel Miranda - Lisboa
Os governantes andam deslumbrados. Tão deslumbrados que não cabem em si. Ávidos de visibilidade, de prestígio.
Os jornalistas e os comentadores de serviço andam ocupados. Não querem perder uma pitada da importância que é a presidência.
É espantoso. Os nossos políticos que tropeçam em mediocridades, que governam tão mal um país tão pequeno, que trazem o país a importar quase tudo o que come, quase tudo o que consome, um país que tem uma agricultura destruída, uma indústria pobre, que carrega um défice persistente, um PIB miserável, que tem uma economia em falência, que usa a prepotência para quem critica e faz humor, que presta um miserável apoio aos idosos, com pensões que ficam nas farmácias enquanto um pequeno grupo de privilegiados somam três e quatro pensões chorudas, um país que fecha maternidades, escolas, urgências hospitalares, consulados, que tolera um milhão de trabalhadores em situação precária, quinhentos mil desempregados, que tem péssima assistência na doença, que continua a manter doentes em lista de espera, mesmo em situações de doenças graves, que tem uma escolaridade com baixos níveis de aproveitamento, um analfabetismo vergonhoso, que tem níveis de sinistralidade no trabalho ao nível dos países mais atrasados, que tem uma pesada carga de impostos sem a correspondente contrapartida em benefícios sociais, que tem trabalho infantil, que tem uma classe política das mais bem pagas entre países europeus, que tem o maior fosso entre riqueza e pobreza, os políticos da governação sentem-se importantes, deslumbrados, vaidosos por uns rótulos de poder que vão exibir durante seis meses.
Tornou-se proibido durante estes meses de presidência criticar a desgovernação deste governo.
Os jornalistas e comentadores puseram-se em sentido com loas á presidência, desejando sucesso aos políticos que trazem a nação há anos em insucesso, em atraso permanente, tecendo prestígio a políticos sem prestígio.
Passou a ser pecado, pecado de lesa pátria dar a conhecer a desgovernação destes governantes que durante meses se julgam aptos para governarem a Europa. Tornou-se um dever despertar brios, esquecendo a realidade do país.
Os comentadores insinuam que é pecado sem absolvição não contribuir para o prestígio da nação durante os meses da presidência.
Os políticos que fazem a presidência estão já a sonhar com a fama que a presidência possa dar, e esquecem os deveres que assumiram com promessas a quem, em boa fé, os elegeu.
Não nos vão faltar comentadores e jornalistas a comentarem ditos de brilhantismo.
Estamos a ser governados, há anos, por políticos cheios de ambição, ávidos de prestígio, ciosos do currículo, espertos na gestão da carreira. Políticos que deixam deveres assumidos a meio para voarem alto, para palcos europeus, para administradores de empresas, tudo muito bem pago e a dar prestígio.
O deslumbramento é tão elevado que levantou barreiras à crítica.
Não é a Europa que está em causa. É esta Europa para onde nos estão a levar. Estão a deixar cair a Europa que cresceu e progrediu com políticas sociais consistentes, e coerentes, acolhedora de emigrantes, para sermos levados para uma Europa centrada no lucro, na concentração da riqueza produzida, retirando direitos, numa filosofia neoliberal, de capitalismo selvagem, desumano, escravizante, demolidor dos direitos adquiridos durante séculos. Não é a Europa que está em causa, mas é a Europa neoliberal. Não interessa uma Europa qualquer. Interessa uma Europa com valores sociais.
Os políticos da Europa deixaram de ouvir os gritos que invadiram a rua, são políticos surdos, preocupados com a imagem, dados a favores aos senhores do poder do dinheiro, doutrinadores da competitividade, da concorrência, da flexissegurança, destruidores de direitos sociais construídos durante séculos.
Há políticos que, levados pela imagem, esquecem valores e promessas, tornando-se servidores, submissos a outros poderes. O deslumbramento cega, ensandece os políticos da nação.
in PortugalClub
1 comentário:
OLÁ MANO
entao, tens um blog novo?
passei de fugida no meu e-mail e li qualquer coisa, mas nao tenho tido tempo para nada. aparece no kalinka, convido-te. diz alguma coisa sobre o teu blog novo e a razao porque o fizeste?
Ja agora, podes dar a tua opiniao neste assunto:
Oliven�a � daqueles nomes que j� todos ouvimos falar. Sabe-se que � uma terra que fica em Espanha, mas que j� foi portuguesa e que alguns dizem ainda ser portuguesa. Em tra�os gerais, isto deve ser tudo o que a maior parte dos portugueses sabe a respeito de Oliven�a. Poucos a visitaram ou se deram ao trabalho de consultar um livro sobre a hist�ria desta vila.
Oliven�a situa-se no Alto Alentejo, na margem esquerda do Rio Guadiana, pr�xima de Elvas. Mais de 80% dos oliventinos ignoram os factos e acreditam que Oliven�a foi trocada por Campo Maior.
E TU...QUE ACHAS?
Que sabes sobre Oliven�a?
Beijitos.
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