Sinais inquietantes
* Jorge Cordeiro
Para os que, perante os casos recém ocorridos de saneamentos políticos, se inquietavam sobre o que significariam de limitações à liberdade de expressão, em sossego poderão ficar. Carmen Pignatelli, Secretária de Estado da Saúde, veio pôr em nome do Governo tranquilidade no que em matéria de liberdades diz respeito: de acordo com a criatura, e julga-se que em nome do governo e da sua doutrina, a liberdade de expressão é um direito acima de qualquer suspeita desde que «exercida em casa» ou, registe-se a generosidade democrática, «à mesa do café».
* Jorge Cordeiro
Para os que, perante os casos recém ocorridos de saneamentos políticos, se inquietavam sobre o que significariam de limitações à liberdade de expressão, em sossego poderão ficar. Carmen Pignatelli, Secretária de Estado da Saúde, veio pôr em nome do Governo tranquilidade no que em matéria de liberdades diz respeito: de acordo com a criatura, e julga-se que em nome do governo e da sua doutrina, a liberdade de expressão é um direito acima de qualquer suspeita desde que «exercida em casa» ou, registe-se a generosidade democrática, «à mesa do café».
Generosidade tão mais assinalável quanto não condicionada a um número máximo de pessoas por mesa de café, nem qualquer restrição ao tom de voz ou conteúdos em que o exercício critico ao governo é permitido, o que por si só responde a todas as malévolas acusações de intolerância democrática que por aí já se desenvolviam.
A polarização nos casos Charrua e do centro de saúde do Vieira do Minho, estão longe de ser a única, e mais inquietante, expressão em matéria de liberdades públicas. Graves sem dúvida, eles poderão ter tido uma visibilidade acrescida decorrente da disputa entre os partidos do bloco central pelo controlo da administração pública. Donde se deva dar o desconto devido à exuberância com que o PSD e Marques Mendes vieram pôr na defesa dos valores democráticos.
Os sinais de um real empobrecimento democrático e de limitação às liberdades estão perigosa e mais silenciosamente presentes em outros muitos outros campos da vida política e social do país. Sobretudo no clima de absoluta impunidade que nas empresas, com a conivência do governo, a liberdade sindical e os direitos individuais dos trabalhadores estão limitados ou banidos não apenas pela coacção sobre o emprego mas pela acção repressiva e intimidatória.
As liberdades e a afirmação do seu exercício são inseparáveis das opções políticas e económicas dominantes. O empobrecimento da democracia económica e social (e a sua expressão no ataque a direitos) tem nas limitações à democracia política (e em particular na limitação de liberdades) a sua consequência natural. Pelo que as liberdades se defendem exercendo-as e lutando contra as políticas de direita.
in Avante 2007.07.12
Profissão: bufo
* José Casanova
Estou em crer que Sócrates já cumpriu a promessa de criar 150 mil novos postos de trabalho. E se estou em crer bem, a não publicitação do êxito deve-se ao facto de estes novos profissionais pertencerem a uma categoria ainda não oficializada publicamente. Com efeito, a designação profissão: bufo não é, ainda, parte explícita do currículo dos muitos e muitas que à dita profissão se entregam de corpo e alma. Mas lá chegará: a política de direita, ao serviço da qual os bufos bufam, disso se encarregará.
* José Casanova
Estou em crer que Sócrates já cumpriu a promessa de criar 150 mil novos postos de trabalho. E se estou em crer bem, a não publicitação do êxito deve-se ao facto de estes novos profissionais pertencerem a uma categoria ainda não oficializada publicamente. Com efeito, a designação profissão: bufo não é, ainda, parte explícita do currículo dos muitos e muitas que à dita profissão se entregam de corpo e alma. Mas lá chegará: a política de direita, ao serviço da qual os bufos bufam, disso se encarregará.
Bufo, não é profissão agora nascida por efeito do sopro de modernidade que percorre Portugal. No tempo do fascismo, dezenas de milhares de bufos faziam chegar a quem de direito o relato pormenorizado de acções, palavras, ditos, intenções, pensamentos… de colegas de trabalho, de conhecidos de vista e de café, de vizinhos, até de familiares - por que não?: era a Pátria que estava em causa e o Chefe não se cansava de alertar para os mui perigosos perigos que sobre ela pesavam, de entre os quais avultava, como ele amiúde sibilava, «o sinistro evangelho marxista-leninista». E tão importante era essa prática, que o regime defendia a identidade dos bufos, atribuindo a cada um deles um nome de código.
Eram assim, então, os bufos do fascismo.
E como são os bufos de hoje, seus descendentes e continuadores? Esclareça-se, em primeiro lugar, que não nasceram com este Governo: são filhos da política de direita iniciada por Soares e prosseguida, de então para cá, por todos os governos - de Cavaco a Barroso, de Guterres a Sócrates. De resto, são bufos... e, como tal, bufam o que for necessário sobre quem for necessário. Igualmente devotados à Pátria, em tudo imitam a actuação dos seus antepassados e, como eles, estão disponíveis para: o que for preciso, V.Exa. manda. E esperam: pela recompensa.
A diferença entre os bufos do fascismo e os da política de direita é que estes, em muitos casos, ostentam a sua condição de bufos, vêm a público anunciar-se a bem da nação.
Da obra da política de direita, o bufo emerge como produto acabado. E é jóia da coroa e imagem de marca do Governo de Sócrates.
in Avante 2007.07.12
NOTA - Ele há coincidências ! Lembro-me de na altura, sendo Marcelo Caetano Presidente do Conselho de Ministros, Gonçalves Rapazote, feroz «inquisidor» então Ministro do Interior e responsável pela «censura» ou «visto prévio», afirmar que ninguém era preso pelo que dizia mas sim pelo que fazia ! Mas entretantro ia pondo escritores no Livro Negro e Livros «fora do mercado» e «cortando» as notícias nos órgãos de informação! Hoje, a CENSURA é mais «refinada», como daremos contas noutro post.
VN
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