Coisas do circoO equívoco das minorias* Emídio RangelTodos sabem o que acontece a um governo que não dispõe de maioria. Não concretiza o projecto que apresentou aos eleitores.
As duas sondagens publicadas ontem pelo “DN” e “Público” convergem no sentido de considerar que António Costa está muito perto de obter maioria absoluta mas não chega lá. As sondagens são realizadas por dois institutos credíveis, a Marktest e a Universidade Católica, e revelam que a oito dias das eleições falta a António Costa um vereador para poder governar a cidade de Lisboa, num cenário de estabilidade mas com a participação democrática de todas as forças políticas. A eventual eleição de mais um vereador fará toda a diferença – a diferença que separa a estabilidade da instabilidade. Claro que Costa já garantiu que mesmo em minoria aceitará governar a Câmara de Lisboa. É esse o seu dever. Se ganhar as eleições deverá honrar o seu mandato, com maioria ou minoria, no integral respeito pelo voto soberano dos lisboetas. Mas a população da cidade precisa de ter presente o que significa ser eleito por maioria ou ficar na Câmara sujeito aos caprichos e aos jogos dos interesses partidários.
Se Costa for eleito por maioria dispõe de um mandato claro para realizar o seu projecto para a cidade. Pode definir prazos, assumir todos os compromissos estabelecidos com o eleitorado, cumprir a sua palavra, sem nunca pôr em causa que o fará no âmbito de uma cooperação com todas as forças políticas presentes na Câmara Municipal de Lisboa e que estejam dispostas a solucionar as dificuldades da cidade.
Se Costa for eleito sem maioria, como as sondagens indicam, vai ser extraordinariamente difícil concretizar o seu plano e cada uma das medidas que fazem parte do necessário “pacote” de intervenção urgente para Lisboa. Todos sabem o que acontece a um governo que não dispõe de maioria. Não concretiza o projecto que apresentou aos eleitores, reinando na maior parte das vezes a irresponsabilidade e a incúria em relação às verdadeiras soluções que têm de ser adoptadas.
O desgaste, a perda de tempo, a discussão inútil, a chicana política, instalam-se definitivamente e o Governo transforma-se num refém que tem de cumprir os rituais da submissão em conformidade com as circunstâncias de cada momento. Eu não defendo soluções minoritárias. Defendo soluções de maioria, sempre. Em Democracia as boas soluções são as maioritárias. Sem margem para equívocos. Uma Democracia adulta gera, por regra, saídas maioritárias. Em favor do País, da transparência e da responsabilidade. A existência de uma maioria não significa, em lugar nenhum, a ausência de controlo das oposições nem quer dizer a ausência de diálogo entre eleitos e eleitores. O povo de Lisboa vai votar no próximo dia 15.
Está clarificada a indisponibilidade dos outros partidos para quaisquer coligações. Todos se afirmam numa posição autista e pouco consentânea com os interesses da cidade. Se nada mudar, Lisboa não terá uma maioria a seu favor. E vão ver como a uma situação difícil vai somar-se outra ainda mais difícil.
in Correio da Manhã 2007.07.07
NOTA - Reparem bem na foto de Emídio Rangel - bem vestido, bom ar, aspecto cuidado, possivelmente bem bem perfumado ! Olhando para nós «olhos nos 0lhos? Este senhor foi «capataz» bem pago pelo Balsemão na SIC, onde afirmou que poderia «vender» um Presidente da República como quem vende sabonetes. Este senhor saíu da SIC em rota de colisão com o PATRÃO/PSD. Agora vem defender maiorias absolutas/PS para permitir o cumprimento de programas.
Vejam de novo a foto: não está a rir, mas sim com ar sério e compenetrado. Todo de azul vestido, como manda a fotogenia televisiva !
Eu pensava que a democracia se baseava no respeito pelas minorias e não na imposição das maiorias. Eu pensava que a democracia se baseava na procura de consensos e não no «posso, quero e mando».
E já agora, uma pergunta: o que o PS está a fazer é o que consta do seu programa eleitoral? Ou pensam todos como Sóares, que defendia o socialismo porque era a expressão da vontade popular e, alcançada a maioria, arrumou o socialismo na gaveta e quando necessário se aliou, tal como o PPD/PSD, ao CDS/PP, que votou contra a Constituição em 1976?
Victor Nogueira
» Comentários CM on line
Sabado, 7 Julho
- Fernando José Teixeira A opinião de Emídio Rangel é um bom exemplo do "politicamente correcto". É certo que um partido naioritário pode e deve executar o projecto que apresentou a sufrágio. Mas raramente tal acontece, e o exemplo mais evidente é o do Governo que temos. Receio que em Lisboa o Ministro António Costa aí implante o mesmo detestável sistema. Guimarães
- Alby Vou a Lisboa votar para ver se com meu voto ajudo a NÃO maioria pois esta bem a vista a desgraça que esta o País, somos motivo de deboche, meus colegas gozam-me. A imprensa tem muita culpa por ter induzido o povo, comentários sem isenção como esses é que desgraçam-nos, destroi-nos mas, a nova lei de imprensa irá penalozar-vos. Maiorias SÃO A MAIOR DESGRAÇA POIS FAZER O QUE QUEREM. PS Jamais!
- Armindo Ferro Pois e quando se governa com a maioria o que acontece agora com o PS é o que se está a ver a perseguição à imprensa e a tudo que é funcionário publico e trabalhador em geral, as pessas serem reduzidas a numeros e ao despotismo e sobranceria com somos governados, só podermos falar em locais proprios eu estou a escrever em casa, e vivam as maiorias, estamos todos a sofrer na pele o seu efeito.
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