Terra em risco
Extinção ameaça um terço
* Sofia Rato / Miguel Azevedo
Milhões de animais podem desaparecer até 2050. Será a consequência das alterações climáticas, mas também da negligência humana na introdução de novas espécies que leva à destruição de habitats naturais.
Entre 15 a 37 por cento das espécies animais correm o risco de se extinguir até 2050. Estes dados foram revelados num estudo publicado na prestigiada revista científica ‘Nature’. As alterações climáticas constituem actualmente a maior ameaça à biodiversidade. Estas incontornáveis mudanças agravam os ecossistemas que, por si só, estão debilitados devido à poluição e, em muitos casos, à perda do habitat das espécies. Por outro lado, quando se introduzem animais nos habitats de espécies indígenas acelera-se o processo de extinção, na medida em que existem distúrbios.
Algumas espécies podem extinguir-se não apenas devido às alterações climáticas mas em consequência das acções do ser humano. Manuel Moutinho, presidente da associação ANIMAL, dá um exemplo: “A exploração pecuária dos animais tem um papel fortíssimo no aquecimento global, isto é, a emissão de gases nocivos decorrentes destas explorações são superiores e mais graves do que os gases produzidos pelos automóveis”.
DIREITO A EXISTIR
Também o relatório elaborado pela WFF (Fundo Mundial para a Natureza) aponta para uma queda das espécies entre 1970 e 1995. Segundo o documento, durante este período de tempo cerca de 35 por cento dos animais de água doce e 44 por cento dos animais marinhos extinguiram-se.Sensibilizar as populações para a urgente necessidade de preservação das espécies é uma tarefa complexa. “Há um argumento central a favor das espécies que é simplesmente o direito que os animais têm de existir, ou seja, os animais têm direitos. Esta mensagem não tem sido suficientemente trabalhada. Nós, seres humanos, não temos qualquer direito de fazer desaparecer as espécies”, diz Manuel Moutinho. O activista – que desde 1998 se dedica à defesa dos direitos dos animais – vai mais longe e aponta o dedo à Humanidade: “O ser humano tem a concepção antropocêntrica de que é superior e isso conduz irremediavelmente a fenómenos como o aquecimento global.”Para atenuar a queda das espécies, o dirigente da ANIMAL deixa algumas reflexões: “Devemos abolir a caça, uma vez que esta constitui uma das principais ameaças à conservação das espécies, e limitar ao máximo a pesca.”
ALGUMAS ESPÉCIES EM VIAS DE EXTINÇÃO
- Lagartixa-de-dedos denteados (Acanthodactylus erybrurus)- Águia de Bonelli (Hieraaetus fasciatus)- Lince Ibérico (Lynx pardinus)- Ouriço-Cacheiro (Caendau prehensilis)- Rã Rela (Hyla arbórea)- Cegonha-preta (Cicania nigra)- Arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus)- Cachalote (Physeter macrocephalus)
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DOS ANIMAIS
A Declaração Universal dos Direitos dos Animais foi adoptada pela Liga Internacional dos Direitos dos Animais em 1977. Em 1978 foi aprovada pela UNESCO.
ANO INTERNACIONAL DA BIODIVERSIDADE
2010 vai ser o Ano Internacional da Biodiversidade, mas há muito que as Nações Unidas e a Greenpeace, entre outras organizações, promovem campanhas de sensibilização.
"ÁGUA CUSTA MAIS QUE GASOLINA"
(Nelson, dos Anjos, é um dos cantores que estará presente no concerto Live Earth, marcado para o dia 7 de Julho, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa)
Correio da Manhã – Em que altura despertou para os problemas ambientais?
- Sempre fui uma pessoa preocupada com estas questões. Hoje, mais do que nunca, assusta-me a questão da água. É com grande preocupação que quando andamos em digressão e paramos numa área de serviço para comprar água, vejo que uma garrafa de litro é mais cara do que um litro de gasolina.
De que forma procura contribuir para o bem-estar do ambiente?
- Fui educado para não fazer lixo, mas só comecei a separá-lo há pouco tempo, até porque esta nova forma de viver, que tem a ver com a reciclagem, é uma coisa relativamente recente.
Como músico, que lugar ocupa a poluição sonora na sua lista de preocupações ambientais?
- Não consigo entender como é que é possível existirem automóveis que produzem ruído acima do permitido. Na nossa profissão, temos de cumprir limites de potência. Porque razão as entidades competentes não fazem actuar a fiscalização sobre os veículos?
Pode a música, efectivamente, sensibilizar as pessoas para a preservação do ambiente?
- Acredito no Live Earth porque a música é um veículo forte de comunicação com as pessoas. Há bandas que arrastam multidões e são autênticas fazedoras de opinião.
Durante a actuação no Pavilhão Atlântico, os Anjos vão passar algum tipo de mensagem? Têm discurso preparado?
- O tempo de actuação vai ser escasso, cerca de 20 minutos. Claro que terei umas palavras a dizer, mas a melhor delas surgirá seguramente no momento.
TRÊS MEDIDAS PARA SALVAR O PLANETA
(José Manuel Alho, Biólogo e ambientalista, membro da Liga para a Protecção da Natureza)
PRIMEIRA Sempre que possível devemos prescindir da viatura individual, sobretudo em percursos curtos e que se podem fazer perfeitamente a pé. O ideal era os cidadãos recorrerem à rede de transportes públicos.
SEGUNDA Quando utilizamos os nossos electrodomésticos, aparelhagens e computadores em casa, não os devemos deixar em stand-by mas sim desligá-los completamente. Com isso, estamos a poupar muita energia.
TERCEIRA Devíamos ser sensíveis aos cuidados preventivos no que toca aos fogos florestais. Os proprietários devem acautelar a limpeza dos seus terrenos e todos nós temos que estar atentos.
in Correio da Manhã, 2007.06. 30
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