A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

domingo, julho 01, 2007


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Burricadas
* Informação da CM Almada
Hoje, até às 12h30, as ruas de Cacilhas, Almada e Cova da Piedade são palco das tradicionais Burricadas, onde se recriam os anos 30 do século XX, quando o largo de Cacilhas estava repleto de burros, esperando os turistas vindos de Lisboa.
in Correio da Manhã, 2007.06.30
NOTA - As Burricadas voltaram hoje a Cacilhas, numa festa organizada pelos Escuteiros Locais, com o objectivo de reviver alguns quadros da história da Freguesia.

Ainda que sem o encanto de outrora, foram disponibilizados meia dúzia de jumentos, que foram o encanto de muitas crianças, menos familiarizadas com estes animais, que de burro têm quase nada.

Desde o final do século XIX até ao princípio dos anos trinta do século XX, as "burricadas" eram um dos grandes atractivos dos turistas que visitavam a Margem Sul, maioritariamente da Capital. Os lisboetas aproveitavam o facto de o comércio estar aberto ao domingo em Cacilhas (nessa época a quinta feira era o dia de descanso dos cacilhenses), para se deliciarem com o passeio de barco pelo Tejo, o almoço de marisco ou peixe, nas tascas e restaurantes ribeirinhas, e, finalmente, para ajudar a digestão, o célebre passeio de burro pelas redondezas...
Uma das mais antigas referências históricas da margem sul do Tejo, Cacilhas constitui-se como polo de atracção para o desenvolvimento económico de toda a região. Foi, noutros tempos, local para o escoamento de produtos, vindos do Alentejo como: Trigo, Carne, Cortiça e outros oriundos de zonas mais próximas, como os Vinhos do Termo de Almada e do Seixal e as Madeiras dos pinhais da Costa da Caparica, Trafaria e Sesimbra. Popularmente apelidada de "Terra de Burros", Cacilhas era, em tempos idos, muito frequentada por gentes de outras paragens, que aqui se vinham disfrutar de passeios de burro pelas redondezas. Diz-se que este pitoresco divertimento teve como seu principal impulsionador o rei D. Fernando. Ficando indelevelmente marcado na vida da localidade. Segundo a tradição, o nome por que é hoje conhecida é consequência da frequência com que se ouvia - no largo principal - os donos dos burros pedirem aos seus ajudantes pelas Cilhas usando a expressão: "Rapaz, dá cá cilhas", necessárias à preparação dos jumentos para as passeatas. Segundo Sousa Bastos no seu livro, "Lisboa Velha - Setenta Anos de Recordações - 1850 a 1910", quando a atmosfera do Paço se carregava com a política D. Fernando rumava à Outra Banda, tomando um catraio e juntamente com alguns membros da Corte, ia divertir-se para a Cova da Piedade ou para Almada, utilizando o burro como meio de transporte. Esta preferência régia, daria origem a um costume primeiramente elegante, mas que depois, com o decorrer dos tempos, degenerou em divertimento popular e numa atracção turística. Regulamentada pelo Município de Almada, determinava-se que os burros de aluguer não poderiam conservar-se em Cacilhas, senão recolhidos e salvo depois de pago o respectivo aluguer. Os burriqueiros, estacionavam os seus animais próximo do Chafariz de Cacilhas e ali esperavam pelos clientes que vinham de Lisboa, com o intuito de andarem de jerico ou passear nos trens e carruagens pelos arredores e termo da então Vila de Almada. As burricadas, atracção turística de Cacilhas do passado, tinham três percursos obrigatórios: Um denominado por "Volta das Terras", que compreendia a Rua Direita (actual Rua Cândido dos Reis), parte da Calçada da Pedreira (actual Rua Carvalho Freirinha), e Largo de Cacilhas, hoje designado por Largo Alfredo Diniz (Alex). Outro percurso era o que ia de Cacilhas a Almada e vice-versa e um terceiro dito "de luxo", dada a sua maior extensão, que era de Cacilhas, Almada e Alfeite e vice-versa. Segundo a tradição, conta-se que os burriqueiros ou tocadores de burros, como eram popularmente chamados, estavam combinados com os taberneiros, ensinando os seus animais a entrar "pelas tabernas adentro", afocinhando-se no balcão por forma a que se servissem copos de vinho ao cavaleiro. As burricadas eram de facto algo de tão fascinante e pitoresco, que segundo a tradição popular, denominou Cacilhas como a "Universidade dos burros", sendo muito célebres nessa época, as cocheiras do "Zé Ribeiro" do "Pouca-Tripa" e do "Narciso". Hoje, Cacilhas já não tem o seu chafariz, nem os seus pachorrentos burros. Hoje, por força do progresso, esta pitoresca localidade é um dos maiores terminais rodoviários para as localidades periféricas da margem esquerda e Sul do Tejo. Contudo, mesmo nos tempos modernos, não se apagam da memória das gentes as célebres e populares burricadas. As casas de pasto e tabernas, outrora lugar para a venda da sardinha assada e das ostras abertas nos fogareiros, hoje são recordações de uma época que, embora distante, não deixam de ser quadros vivos na memória dos que nos retiros do "Universo", da "Marraca" e da "Parreirinha", ouviam o fado em tertúlias que duravam até altas horas da noite...

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