* Jorge Messias
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O Concílio de Trento decidiu assim e a orientação permanece válida. Em Trento, a Igreja condenou o racionalismo e robusteceu o dogma. Mas como a Escolástica tradicional não podia opor-se já ao enorme surto do novo conhecimento e do avanço das ciências laicas, os bispos e cardeais optaram pelo controlo indirecto das descobertas e inovações que o homem renascentista ia alcançando. A escola católica seria no futuro o ponto crítico das novas posições canónica em relação às ciências. O Ensino como extensão da Teologia iria ser a chave de uma mudança prudente.
O Concílio de Trento decidiu assim e a orientação permanece válida. Em Trento, a Igreja condenou o racionalismo e robusteceu o dogma. Mas como a Escolástica tradicional não podia opor-se já ao enorme surto do novo conhecimento e do avanço das ciências laicas, os bispos e cardeais optaram pelo controlo indirecto das descobertas e inovações que o homem renascentista ia alcançando. A escola católica seria no futuro o ponto crítico das novas posições canónica em relação às ciências. O Ensino como extensão da Teologia iria ser a chave de uma mudança prudente.
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Tratava-se de uma gigantesca operação, delicada e ambiciosa. A observação da Natureza, a prática dos novos métodos científicos e a aceleração da História, impunham ao mundo eclesiástico rapidez e precisão nas suas reformas. Porque os problemas que se impunha resolver não resultavam apenas da qualidade do ensino ou da renovação dos ângulos de visão. A Reforma dividia o universo religioso, os Descobrimentos ampliavam as dimensões do mundo conhecido e a observação experimental fortalecia o pensamento laico.
Tratava-se de uma gigantesca operação, delicada e ambiciosa. A observação da Natureza, a prática dos novos métodos científicos e a aceleração da História, impunham ao mundo eclesiástico rapidez e precisão nas suas reformas. Porque os problemas que se impunha resolver não resultavam apenas da qualidade do ensino ou da renovação dos ângulos de visão. A Reforma dividia o universo religioso, os Descobrimentos ampliavam as dimensões do mundo conhecido e a observação experimental fortalecia o pensamento laico.
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Este quadro continua válido. Se é certo que a Igreja não conseguiu recuperar todo o espaço perdido, mostrou todavia possuir capacidade de adaptação às novas circunstâncias. Lançou a figura da formação integral da pessoa humana (plena realização pessoal e bom uso das liberdades); investiu em grandes centros de ensino católico; e definiu critérios pedagógicos inovadores. Distinguiu aprendizagem e educação. «Aprendiz», é qualquer estudante de matérias básicas. «Educando», o aluno que se distingue e alcança a excelência. É para este que se orienta toda a atenção da Igreja. Apoiado por bons professores, será incluído numa pequena turma. A formação respeitará a visão capitalista do mundo e no jovem será estimulada a ambição pessoal e o sentido de competição. Os laços de camaradagem terão um cunho elitista. Educar-se-á no respeito pelo dogma e no culto da obediência incondicional ao papa.
Este quadro continua válido. Se é certo que a Igreja não conseguiu recuperar todo o espaço perdido, mostrou todavia possuir capacidade de adaptação às novas circunstâncias. Lançou a figura da formação integral da pessoa humana (plena realização pessoal e bom uso das liberdades); investiu em grandes centros de ensino católico; e definiu critérios pedagógicos inovadores. Distinguiu aprendizagem e educação. «Aprendiz», é qualquer estudante de matérias básicas. «Educando», o aluno que se distingue e alcança a excelência. É para este que se orienta toda a atenção da Igreja. Apoiado por bons professores, será incluído numa pequena turma. A formação respeitará a visão capitalista do mundo e no jovem será estimulada a ambição pessoal e o sentido de competição. Os laços de camaradagem terão um cunho elitista. Educar-se-á no respeito pelo dogma e no culto da obediência incondicional ao papa.
Portugal 2007
Em Portugal, a linha-mestra da escola católica passa pelos colégios do Opus Dei e pelos institutos da Universidade Católica. É evidente que não pode subestimar-se a importância que têm, na área do Ensino, outros centros pedagógicos mantidos por ordens religiosas, como a Companhia de Jesus, os Dominicanos, os Salesianos, os Franciscanos, etc., ou pelas Misericórdias e IPSS da sociedade civil. Mas a ponta final, a nata da solução é sempre preenchida a nível da gestão dos recursos do Opus Dei e do topo da Pastoral do Ensino. Há um caminho clássico que serve a longa distância que separa o pré-escolar da licenciatura e da colocação do jovem quadro na área mais conveniente da sociedade civil. O OD garantirá o êxito aos seus eleitos. Por isso, os caminhos de Escrivá de Balaguer estão pontilhados por estrelas. Que o digam Roberto Carneiro, Veríssimo Serrão, Jardim Gonçalves, Paulo Teixeira Pinto, António Borges, Teixeira Duarte e tantos outros. Que o declarem, também, Campos Correia, João Seabra, Miguel Relvas, Líbano Monteiro e a vasta legião católica que tem ocupado em gerações sucessivas os centros de decisão políticos e económicos.
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No plano da aprendizagem e do ensino, a Igreja continua a infiltrar-se e a consolidar a sua expansão, ainda que a oculte com falsas querelas com o Poder. O pré-escolar é seu. O Ministério da Educação seu é, por interposta pessoa. Meteu no bolso os MBA e está a comprar, em série, as editoras de livros escolares. Tem os colégios do Planalto e da Beira-Rio, de S. Tomás e S. João de Brito, do Horizonte e dos Cedros, a Cooperativa de Centros de Ensino «Fomento». Domina a Direcção-Geral da Família, a AESE que forma os empresários, os cursos profissionais, os lares universitários, os jardins de infância e dezenas de clubes juvenis, como o Xenon, a Rampa ou a Darca. Para dominar a área do ensino, num país tão pequeno como o nosso, a Igreja não precisa de obrigar estudantes e professores a irem à missa. É a grande fornecedora que preenche os altos cargos do capitalismo.
No plano da aprendizagem e do ensino, a Igreja continua a infiltrar-se e a consolidar a sua expansão, ainda que a oculte com falsas querelas com o Poder. O pré-escolar é seu. O Ministério da Educação seu é, por interposta pessoa. Meteu no bolso os MBA e está a comprar, em série, as editoras de livros escolares. Tem os colégios do Planalto e da Beira-Rio, de S. Tomás e S. João de Brito, do Horizonte e dos Cedros, a Cooperativa de Centros de Ensino «Fomento». Domina a Direcção-Geral da Família, a AESE que forma os empresários, os cursos profissionais, os lares universitários, os jardins de infância e dezenas de clubes juvenis, como o Xenon, a Rampa ou a Darca. Para dominar a área do ensino, num país tão pequeno como o nosso, a Igreja não precisa de obrigar estudantes e professores a irem à missa. É a grande fornecedora que preenche os altos cargos do capitalismo.
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Na área do Ensino, sabe-se que o grande sócio estratégico do OD português é a Universidade de Navarra que pertence à Obra e onde se doutoraram, entre outros, o cardeal Ratzinger e o general Eanes. A Universidade de Navarra é agora um importante centro de decisão, quer para Espanha quer para Portugal. Basta ver-se que grandes êxitos a Igreja somou desde que Navarra se estabeleceu no plano escolar ibérico de qualquer nível de ensino. Aproxima-se a hora em que na Ibéria se cumpram os sonhos de Trento: uma só Igreja, uma só Educadora.
Na área do Ensino, sabe-se que o grande sócio estratégico do OD português é a Universidade de Navarra que pertence à Obra e onde se doutoraram, entre outros, o cardeal Ratzinger e o general Eanes. A Universidade de Navarra é agora um importante centro de decisão, quer para Espanha quer para Portugal. Basta ver-se que grandes êxitos a Igreja somou desde que Navarra se estabeleceu no plano escolar ibérico de qualquer nível de ensino. Aproxima-se a hora em que na Ibéria se cumpram os sonhos de Trento: uma só Igreja, uma só Educadora.
in Avante 2007.08.23
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Iluminura - Ensino Medieval
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