A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

segunda-feira, setembro 24, 2007

Urumqi, terra do fim do mundo



* Francisco Silva
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Mão amiga - de momento não me ocorre outra expressão, senão esta que vou repetindo e tem todo o ar de lugar comum, mas nem por isso falha o alvo do seu real sentido -, portanto, mão amiga clicou na tecla e distribuiu mais uma preciosa informação, entre as muitas que, com persistência, ao longo dos anos nos vai enviando; e eu tendo privilégio de ser um dos «nos» contemplados pela mão amiga do Rui(1). O que foi que enviou desta vez?
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Um artigo acerca de Urumqi(2). A capital do Sinquião, a região no noroeste da China. Conhecida como terra do fim de mundo, e o Sinquião, de que é capital, como um deserto, porventura ainda mais deserto que o Portugal ao sul do Tejo, como talvez estivesse aberto para aceitar tal qualificação o ministro Mário Lino. Ainda parte do deserto de Gobi? A Mongólia, a Sibéria, os países da Ásia Central, a desolação propriamente dita. Urumqi é mesmo conhecida como a cidade mais interior, mais longe de qualquer litoral, em todo o Mundo. É, como tantos pensarão, o interior dos interiores de uma China cuja transformação actual mal se estende para o interior a partir do Pacífico litoral - interior onde várias centenas de milhões de camponeses vivem a sua imutável existência.
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Ora, esta visão foi de repente contraditada pelo artigo enviado pelo Rui, cujo título rezava: «Urumqi: China’s economic hub in Central Ásia», em português qualquer coisa como «Urumqi, centro económico da China para a Ásia central». Hmmm! Afinal é o fim do mundo ou é um centro do mundo? - no entanto, ainda sem entender bem, o choque da novidade a acirrar-me. Entretanto, consultando a Internet, li que Urumqi é uma cidade que já vai em mais de dois milhões de habitantes, pequena em comparação com as grandes cidades chinesas, mas, por exemplo na Península Ibérica, depois de Madrid e talvez Barcelona, seria a maior cidade. E já terá ultrapassado o tamanho de Bruxelas - outro exemplo. Por outro lado - a informar-me de questões básicas -, no Sinquião, região do povo Uigur, metade dos habitantes são de «etnia» Han, a maior da China. Bem, era tempo, fui relendo o artigo após a incursão por números da geografia humana local.
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Do terceiro parágrafo: «Um boom comercial uniu a China ocidental com os seus antigos vizinhos soviéticos, partes mantidas separadas durante décadas pela frieza das relações entre Moscovo e Pequim. Se bem que constituam apenas ainda uma muito pequena fracção das exportações totais da China, os laços comerciais cresceram em exponencial desde a implosão soviética. De acordo com as estatísticas do Ministério do Comércio da China, o comércio do Cazaquistão com a China no primeiro trimestre de 2007 cresceu mais do que 55% em comparação com o primeiro trimestre de 2006. A televisão local informava um salto similar para a província do Sinquião, que domina o comércio chinês com a Ásia central». Além disso, «Situada a uma distância da fronteira do Cazaquistão de uma viagem longa de autocarro, Urumqi tornou-se num ponto-chave no transporte de bens da China para a Ásia Central e para a Rússia. Para alguns, a cidade volveu às suas raízes, enquanto ponto de paragem na antiga Estrada da Seda, ainda que os rugidos dos camiões de 18 rodas, chineses e russos, substituissem as caravanas de camelos do passado».
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Curiosa é a referência feita pelo articulista ao facto de, visível através da cidade, o comércio publicitar os seus artigos em russo, com os seus caracteres cirílicos, e em chinês - um estranho «par», como ele diz, e, como eu digo, uma estranheza para os olhos de um ocidental, mas não em função das relações económicas que se desenvolvem naquela área.
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Afinal Urumqi não é o fim do mundo mas um dos muitos centros deste novo mundo «global» - neste caso, o centro do Centro da Ásia. Além disso, pelos vistos, o processo que ocorre na China estará longe de se confinar à faixa litoral.
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Pois é, a globalização, que de início parecia um instrumento da tríada «ocidental» - EUA, EU e Japão -, tríada que tinha instalado a sua «fábrica» fora de portas, em particular na China, a globalização está sair dos carris de controlo do Ocidente.
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Neste caso, é a própria Ásia Central, tão desprezada nas mentes ocidentais, pivotada pela China, pela língua russa, etc, a começar a constituir-se como uma grande região económica. Esperemos por mais notícias, que não se farão esperar.
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(1) Rui Namorado Rosa - Professor Universitário, Presidente do Conselho Português para a Paz e Cooperação.

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in Avante 2007.08.23

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