A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quarta-feira, setembro 19, 2007

Impressão Digital - Truque da reforma


* Moita Flores,
docente universitário
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Nada melhor do que um caso Maddie, que agarra a atenção do Mundo, para colocar em prática leis ou decisões impopulares.
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Há quatro meses que as notícias são dominadas pelo caso da menina inglesa desaparecida. Quando a notícia começou a perder impacto, novo caso tem arrasado as primeiras páginas: o tabefe que Scolari deu, ou tentou dar, a um jogador sérvio. Pelo meio ainda vieram uns assaltos à mão armada e a mãe de Viseu que matou os filhos e se suicidou. Convenhamos que a violência e morte são bons combustíveis para as audiências e manchetes.
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No meio deste ruído, de repente, as instituições judiciárias descobrem que já está em vigor o novo Código de Processo Penal e desatam a atirar-se ao ministro da Justiça como gato a bofe. É tarde. A lei está na rua e é para cumprir.
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Porém, este ruído que agora se levanta fora de prazo não deixa de ser interessante. Revela como a política, naquilo que tem de mais perverso, percebe os movimentos noticiosos e, por outro lado, como as notícias há muito secundarizaram, quase sempre por desrespeito, a prática política.
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A expansão da Comunicação Social, dos jornais, das rádios, das televisões (nas quais se devem incluir as emissão por cabo) produziu alterações significativas na agenda e prioridades editoriais. A política, a agenda de ministros, reis e presidentes vulgarizou-se, perdeu importância e, diria mesmo, passou a ser olhada com desconfiança. A sucessiva manipulação e propaganda, as inaugurações, as rotinas transformadas em parangonas fizeram com que a Comunicação Social desvalorize a actividade pública e já não lhe reconheça a honra de primeira página que durante mais de um século marcou os noticiários.
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A fome de informação, a descoberta do mundo, da vida, para além dos rituais do poder, descentraram as atenções, provocaram em directores de informação a necessidade de decisões editoriais que sustentam a expectativa de quem lê, escuta ou vê.
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Por outro lado, a globalização da informação cruzou noticiários e não admira que um tsunami, uma bomba no Iraque, um acidente de avião, um crime hediondo, um caso estranho como o de Maddie, o mundo do desporto, com particular relevo para o futebol, tenham um poder de atracção maior do que mais uma de Sócrates ou de Marques Mendes.
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Cansados da manipulação política, e da evidência interesseira de notícias e favor, os jornais tendem a desvalorizar cada vez mais o papel dos políticos e, até, a tratá-los com desprezo. Porém, o poder compreende esta cada vez maior indiferença e também joga com ela. Nada melhor do que um caso Maddie, que agarra a atenção do Mundo, para colocar em prática leis ou decisões impopulares. Ninguém as discute. E se as discute não têm eco. O que importa é a agenda da comunicação. É certo que ninguém imaginava que a prevista publicação do Código de Processo Penal iria cair numa data em que os McCann são os heróis dos noticiários.
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Mas deu um jeito dos diabos. Umas vezes por acidente, outras por astúcia, a verdade é que este jogo de escondidas e descobertas se tornou num dos fenómenos mais interessantes da mediatização de factos. Uma verdade é certa. A política já não é o que era. Passou de rainha a banalidade noticiosa. Mais um sinal da mediocridade a que chegou. Pouco faltará para ser remetida para a página dos anúncios classificados.
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in Correio da Manhã 2007.09.16
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Nota -
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* Victor Nogueira
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A verdade não é bem esta. Os meios de comunicação de massa estão nas mãos de grandes interesses económicos. O Correio da Manhã gaba-se de ser de longe o líder das vendas. Jornais partidários de esquerda dão à política o devido relevo. Mas quem condiciona a consciência dos cidadãos são os meios de comunicação de massa, quer porque definem a agenda, quer porque deste modo tornam importante o que é secundário. No caso Maddie, ao contrário do caso Joana, os familiares daquela têem desde o 1º instante e ao seu lado assessores de imagem, assessores de imprensa, grandes escritótios de advogados... O que não impediu o grande espaço que lhes deram certos jornais e a Televisão. Tal como as horas quando da queda da ponte de Entre-os-Rios, onde nada havia para ver mas as TV lá estavam a enchouriçar o tempo.
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Mesmo no tempo do fascismo havia a noite de cinema e o Zip Zip, com grande audiência. E nos anos a seguir ao 25 de Abril houve programas que exigiam dos concorrentes competências em vários domínios, como a Cornélia e os primeiros Herman. Mas depois abriram as portas aos privados e o que temos não foi elevação da qualidade mas alinhamento pelo rasca, sempre mais para baixo. Porquê?
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Tem obrigação de saber issso, senhor autarca investigador policial ex PJ telenovelista e docente universitário. Tem obrigação e portanto terá a consciência plena de estar a vender gato por lebre? Será essa a sua função?

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