Maddie, a imprensa e outras crianças
* Victor Nogueira
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Aparentemente um capítulo da história de Maddie estará encerrado. A criança teria sido morta pela mãe.
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Entretanto têm sido muitos os comentadores, uns de bancada, como os leitores do Correio da Manhã, jornal cada vez mais tablóide, que reflecte e condiciona a opinião das chamadas classes inferiores, outros de alguns jornalistas e advogados.
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Sempre me pareeceu que havia muitos investigadores de bancada e conversa de comadre ou de café ou taberna, sem menosprezo, para além de haver quem à conta de atacar o Governo abominável que a maioria elegeu, sempre enganada por falsas prommesas em alterne do PS/PSD, falou desbragadamente de cedência a ultimatos e a baixar de calças, quando é natural que a polícia britânica cooperasse com a portuguesa dado que os principais «implicados» são cidadãos ingleses que vieram a Portugal.
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À conta disso até houve leitores que opinaram lá de cima, ou porque a mãe não ria o que passou de desgosto a demonstração de culpa, quem atacasse e defendesse a PJ, umas vezes besta outras bestial, e até quem exija um castigo exemplar para a mãe já declarada culpada na Voz do Povo que de modo algum considero a Voz de «Deus».
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Se a justiça dos tribunais, de classe, comete erros, quantos mais erros irreparáveis não são ou seriam cometidos pela justiça popular que, em turba, mostra muitas vezes o que de mais horrendo por vezes existe na alma humana?
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Até li a opinião dum leitor que afirmava que os Mc Can vieram propositadamente a Portugal, conhecedores da «ineficácia» da PJ, para calmamente assassinarem a filha Maddie.
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Admito que Maddie teria morrido de acidente e que, transtornados, os pais engendraram um enredo para escaparrem. Enredo talvez infantil, mal cerzido, exagerado numa fuga para a frente que os enredou e de que perderam o controle. Kate podia andar com aquele ar apático ou por estar em estado de choque, ou por andar sedada devido a angústia, angústia que os paparazzi e abutres da imprensa «à venda» agravariam. Foi assim? Não foi? Desconheço !
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Agora, por causa dum eventual acidente, a segurança social inglesa acharia que os gémeos correriam perigo de vida continuando com os pais biológicos. E até há quem considere Kate má mãe porque «desabafava» num diário que a polícia terá apreendido, considerando-se stressada, que as crianças eram «histéricas» e que Gerry não a ajudava.
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E estes comentadores de bancada são nojentos quando não hipócritas. Quantos perante a irrequietude duma criança ou o stress diário usam palavras ásperas ou de rejeição? Quantos transportam as crianças de automóvel sem cinto ou cadeira apropriadas, desconhecendo o risco duma travagem brusca que faça a criança bater no passageiro da frente, quebrando-lhe o pescoço, ou mesmo morrendo ao serem projectadas contra o para-brisas dianteiro. Azar, homicídio involuntário ou por negligência. Isso é sintoma de menos amor pelas crianças ou pela esposa?
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Quantas crianças não levam um tabefe e caem mal e ficam feridas ou morrem? São maus pais por isso ou só depois disso?
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Quantas crianças são maltratadas e o povo assobia para o lado enquanto as assistentes sociais não se apercebem do risco que toda a vizinhança conhece ou só depois descobre para o seu minuto de glória num qualquer telejornal? É ver a populaça. sem ofensa, correr, insultar e se possível linchar o arguido.
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Ainda haverá crianças em Portugal a quem os pais metem na boca um trapo molhado em vinho, para que adormeçam e não chateiem, como era moda nas classes populares no tempo daquele senhor que foi considerado o maior português de todos os tempos, quando havia o slogan «beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses»? Atitude que provocava danos irreversíveis?E pimba, lá iam os homens para a taberna emborcarem zurrapa para esquecer a falta de dinheiro, o desemprego ou a repressão, indo para casa aos tombos para dar porrada de criar bicho à mulher e aos aterrorizados cachopos!
.Terá havido uma morte? Terá havido um responsável? Terá sido um acidente? Se for caso disso os tribunais decidirão !
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Mas que dizer daquele pai «ausente», por quem a filha chamava quando era «agredida» pela mãe? Que apoio lhe dava? Ia jogar já não me lembro que jogo ou ficava na conversa com os amigos. Afinal, os ingleses não serão menos machistas que os italianos. mesmo que educados, simpáticos e médicos?
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Quem nunca tentou ocultar um »acidente» que levante a mão! Desculpem, vejo muito poucas mãos levantadas. Não disse o vosso Cristo, que a Igreja Católica Portuguesa diz ser venerado pela maioria do Povo Português, embora eu creia que o suplantem as inúmeras Virgens Marias pagãs, «Não julgueis para não serdes julgados» ou, face às críticas a Madalena, respondeu «quem de vós nunca errou que atire a 1ª pedra», dispersando-se a multidão? Quem de vós faz parte da «raça de víboras» que Cristo condenava?
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Significa isto que os crimes não devam ser punidos? Talvez devam ser, mesmo com leis imperfeitas e que defendem sobretudo a classe dominante. Mas se não fosse assim talvez meio mundo já tivesse morto a outra metade.
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Possívelmente termina para mim a saga «Que sucedeu a Maddie?» Opiniões minhas pessoais foram espressas em :
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1 comentário:
Hello Nogueira! Finalmente consegui encontrar algumas linhas de bom senso assinadas por um portugues, a proposito de Maddie e do resto...
Tens toda a razao. Somos todos humanos e todos cometemos os nossos erros e tambem falhamos muitas vezes como pais. Nao somos, nao conseguimos ser, muitas vezes, pais ideais. Que fazer? Isso nao faz de nos assassinos, for God s sake!
Oxala a menina esteja bem.
Para ti, felicidades.
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